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Choram por ti, Argentina! – por Carlos Costabeber

Estive na semana passada em Buenos Aires, três meses após ter ido lá, para proferir uma palestra (para a Rede Ford da América do Sul).

E, para minha tristeza, o pais vizinho continua afundando cada vez mais.

Na viagem de ida encontrei no avião um amigo empresário que lá tem negócios, e que para tanto, semanalmente, vai para Buenos Aires. Só que dessa vez estava indo para encerrar a participação da sua empresa, numa sociedade com um parceiro local. Disse-me ele que estava impossível conviver com a inflação e com a interferência dos sindicatos nos negócios.

Realmente, a inflação está corroendo a economia argentina, pois enquanto o Governo diz que ela está sob controle (9% ao ano), a realidade é bem outra: se estima que a inflação hoje, varia entre 25% a 30% ao ano.

Outro fato assustador é o câmbio ! Uma coisa é o câmbio oficial, e outro é o paralelo! O câmbio negro mostra uma defasagem de 30% a 40% (mostrando a presença real da inflação)!

Senão vejam: oficialmente o Real vale 1,90/2,00 pesos. Já qualquer cambista na Calle Florida te oferece 2,80/2,90 pesos por 1 Real.

Para piorar a minha avaliação, em agosto se trocava 1 Real por 2,40 pesos, com os (poucos) cambistas que se encontrava.

Assim, imagino o que tem de gente ganhando dinheiro no câmbio paralelo (talvez o próprio Governo).

Nesse ritmo, a inflação tende a se tornar uma hiperinflação, se o Governo não mudar as regras do jogo. Por manter uma politica com forte cunho populista, o dinheiro público sudsidia fortemente o consumo de energia elétrica, de gas e das passagens do transporte público.

Com isso, gera um desequilíbrio nas contas públicas, inflação e medidas impopulares para aumentar a arrecadação.

Outra sangria nos cofres públicos foram as reestatizações, principalmente da Aerolineas Argentinas e da YPF (a Petrobras deles). Não só aumentaram o endividamento público, como transformaram essas empresas em fonte de empreguismo, e de … prejuízos constantes.

Desde o calote com os credores externos em 2001, a Argentina  não consegue financiamentos externos, pois nunca demonstrou intenção em pagar o que deve lá fora.

Assim, a própria YPF, que tanto precisa de recursos, está recorrendo aos pequenos poupadores, prometendo pagar juros anuais de 19%.

E o “cinto vai apertar ainda mais”, porque bens argentinos estão sendo arrestados no exterior, pois credores ganharam na justiça americana o direito de receber os seus créditos, sem o deságio oferecido pelos argentinos.

Uma “sinuca de bico”!

Não bastasse isso tudo, a Presidente Cristina Kichner decidiu criar a polêmica “Lei de Medios”. Na realidade, o seu desejo é amordaçar a imprensa, de maneira a que as informações passem a ser manipuladas unicamente pelo Governo. Só que por enquanto, a “Grupo Clarín” e o jornal “La Nacion” estão conseguindo na Justiça tornar essa lei inconstitucional.

Sinto um descontentamento geral, principalmente junto às pessoas com quem conversei.

Segundo pude ouvir, o Peronismo não tem qualquer oposição, e é a única força politica que sabe manipular as massas populares e os sindicatos.

Então, infelizmente, só vejo nuvens negras no horizonte da Argentina. Há décadas o país vem sendo muito mal administrado pelos peronistas, após um período (década de 50), em que o país chegou a ter a 5ª maior renda por capita do Mundo.

Para nós, brasileiros isso é muito ruim, pois um parceiro problemático “só te puxa prá baixo”.

“Choro por ti Argentina, porque sou apaixonado por ti”.

Amo a Argentina, Buenos Aires e a sua gente.

Tomara que um raio de luz venha a iluminar as mentes dos seus dirigentes, antes que seja muito tarde para reagir.

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