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A falácia midiática: contratempos da sociedade de consumo – por Vitor Hugo do Amaral Ferreira e Diego Bastos Braga

O ser humano sempre necessitou de uma posição, um lugar, uma identificação em meio a um campo simbólico, tornando-se estes lugares uma referência para este sujeito. Este pertencimento pode ser interligado quando o campo da psicologia nomeia o fenômeno da temporalização.

Quando há certo desenvolvimento psíquico, o indivíduo lida com suas experiências por meio de símbolos e linguagem, tendo condições de relacionar-se com as formas estéticas e não só reagir a elas.

Por certo, o direito do consumidor depara-se com uma nova e complexa sociedade de consumo, contextualizada à sociedade em rede, que amplia a vulnerabilidade. Em que pese, avança-se em direção ao consumismo e diversifica-se a fragilidade dos consumidores, eis que já se fala em vulnerabilidade psíquica.

Logo, no momento em que a sociedade se depara com o desenvolvimento de uma grande massa de produção, a mesma necessita dar conta de produtos. A informação e a mídia entram em cena tomando um espaço além do que lhe caberia, fosse este um meio de comunicação.

Desta forma, a mídia tomou a função de motivar a sociedade de consumo, facilitando e ultrapassando restrições, tornando a publicidade um grande sistema na era contemporânea, capaz de criar cenas, expectativas e utilizar de um poder mágico para uma satisfação do imaginário na relação que institui o ser humano.

Neste contexto, o indivíduo que recebe essas informações é levado a acreditar que se ele consumir também será tal qual o produto. Então, a sedução toma o lugar do dever e o bem-estar tornou-se Deus, enquanto a publicidade passou a ser seu profeta. Eis as falácias da mídia que seduzem, corroboram ao discurso consumista, patrocinam a desconfiguração dos papeis e constroem uma nova sociedade de consumo.

Logo, são os sujeitos consumidores que fundam a sociedade de consumo e acabam sendo determinados como atores sociais de uma economia que move este sistema, transformando uma sociedade mediada por novas relações em torno de novos interesses. Consumir traz como reflexo um estigma social, popularidade, prazer, o sujeito consumidor busca constantemente ser feliz. Consumir, estar (in)satisfeito são os resultados que o sistema objetiva, sendo este o grande fundamento da era da propaganda.

Este mercado centra-se em uma ilusão, na promessa de um ideal de igualdade e liberdade, em um discurso de que todos são iguais, em contrapartida a mercadoria tem de ser nova e da moda, mas, uma vez adquirida à mercadoria perde sua alma, no ciclo do descarte.

Por certo, o consumo se perde no consumismo e a vulnerabilidade toma novas frentes. Eis que se vai além da vulnerabilidade técnica, passa-se a considerar a vulnerabilidade psíquica, e esta, certamente agravada, quando contextualizada aos avanços tecnológicos, em especial, a mídia, que transforma o desejo em necessidade. Instaurado mais um desafio à sociedade de consumo, que evidentemente está sujeita às novas tecnologias, em especial, à sociedade de informação.

Vitor Hugo do Amaral Ferreira

* Artigo em co-autoria com Diego Bastos Braga, Pós-graduando em Direito do Consumidor, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

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