As pessoas se separam. Ou não – por Daiani Ferrari

Num dado ponto da vida, frequentávamos muito um bar em Santa Maria. A cada ida ao local, sempre víamos um casal, muito apaixonado, romântico, do tipo que no final da noite dançava de rosto colado no meio do estabelecimento, quando as mesas já estavam desarrumadas e sobrava um bom espaço para a bailanta.

Por mais de ano foi assim, o casal esbanjando afeição, no melhor estilo “o amor está no ar”. Até o dia em que acabou. Tamanha foi minha surpresa ao ver aquele mesmo homem entrando no bar com outra mulher. Depois de comentar, à mesa, sobre o amor de outrora, meio espantada, como alerta, apenas ouvi:

–   Dai, as pessoas se separam.

E foi um aviso de alguém que estava na mesma situação daquele homem. Separado e já com outra namorada.

–   O amor acaba.

Finalizou.

***

Essa semana, no cartório, chegou uma moça dizendo que queria “fazer uma pergunta meio estranha, mas nada fora do comum”. Ela disse que tinha um namorado e gostaria de  fazer uma escritura pública de união estável com ele, mas que o moço era casado. Perguntamos se ele era ainda legalmente casado mas separado de fato, ao que ela nos respondeu:

–   Não, não. Ele é casado, casado – dando ênfase ao segundo casado.

Explicamos que diante da situação não poderia ser feito o documento.

Ela saiu, meio inconformada com a negativa, e nós ficamos tentando juntar nossos queixos, porque não é todo dia que recebemos uma cliente querendo formalizar o fato de ser a outra.

Essa é a prova de que nem sempre as pessoas se separam, porque algumas têm amor “pra mais de metro”.