A louca do cachorro? – por Daiani Ferrari

Tenho um cachorro. Ele tem quase cinco anos. É a criança da casa.

(Pausa para os desacatos para a louca que inverte valores)

Algumas pessoas não entendem a relação que outras estabelecem com os animais, mas não é simplesmente não entender. Tem gente que hostiliza, ralha, manda se preocupar com coisa mais importante, ou simplesmente dá um chute no cachorro ou gato. Ninguém obriga a gostar de animal, mas o mínimo de respeito pelos que gostam é mais do que necessário.

Vou esclarecer algumas coisas, sobretudo em relação a cachorros, porque conheço a causa. As pessoas que têm animais em apartamentos não o fazem por puro egoísmo. Alfinetam dizendo que se realmente gostássemos dos animais proporcionaríamos uma casa grande, com pátio onde eles pudessem brincar e correr. Temos cachorro em apartamento porque moramos em apartamento e para algumas pessoas é difícil trocar de casa quando bem entender. E saibam, a maioria dos que têm animais em apartamento faz de tudo para que eles sintam-se bem e confortáveis.

Levamos os cachorros toda semana na pet porque eles ficam com cheiro de xixi. O meu cachorro passeia na rua sem guia, não tenho como controlar a quantidade de xixi que ele faz. Ele carimba todas as árvores na ida e na volta do passeio, por isso no final semana está com cheiro de xixi no pelo. Para eu não parecer uma alienada que se preocupa demais com a estética do cachorro tenho que deixá-lo fedendo? Os sofás e a cama agradecem o banho semanal.

Meu cachorro adora passear de carro, mas devido a algumas freadas bruscas ele ganhou um cinto de segurança. O cinto é preso numa guia e no engate do cinto do banco de trás. Se eu uso cinto, o marido usa cinto e a filha dele também, por que não posso garantir a segurança do meu cachorro?

E sobre a tradicional conversa com o cachorro, é óbvio que conversamos com o cachorro, com o gato, com o papagaio… Meu cunhado diz que cachorro não tem cérebro e deveria ser empalhado, mas cachorro entende, acredito muito nisso. Esses tempos li que eles escutam, mas não entendem a fala, então guiam-se pelas expressões que fazemos. Ou, seja, quando convido meu cusco para sair, pego a chave da casa, sorrio e falo mais alto e ele reconhece que essas são expressões que definem o passeio e já começa a abanar o rabo.

Outra coisa importante. Quando dizemos que o cachorro não pode comer isso ou aquilo, não é frescura. Cachorro tem o estômago mais sensível que o nosso. Algumas coisas tipo chocolate, carne com gordura, pimenta, fazem com que encontremos surpresas desagradáveis pela casa. Quando o cachorro está ruim da barriga, ele não espera a hora do passeio para fazer cocô.

A maioria dos que têm animais realmente cuida deles e quer dar-lhes uma boa vida. Isso não é coisa de gente insegura que vive num mundo de fantasias. E para os que acham que são cuidados demais enquanto existem crianças sem casa, pai, mãe e cuidado algum, uma coisa não exclui a outra. Quem é bom cuida e quer o bem de gente e de bicho.

(E que continuem os pensamentos sobre a louca dos cachorros, porque tem gente que simplesmente não entende)