CÂMARA. Sobram ingredientes explosivos, para a retomada do trabalho dos edis. Confira três deles

O recesso parlamentar de inverno, mesmo curto, permitia supor (o otimismo não custa nada) que houvesse uma distensão política, depois de um conturbado primeiro semestre na Câmara de Vereadores.

Não é, porém, o que aconteceu. De maneira que, na quinta-feira, quando é retomado o trabalho para a segunda parte do ano, um conjunto de ingredientes com elevado potencial explosive está à espera dos vereadores santa-marienses. Confira três deles, não necessariamente por ordem de importância:

1) O presidente Marcelo Bisogno terá que, em nome do acordo que firmou com os ocupantes do Legislativo, no final de junho, exonerar o Procurador Robson Zinn e nomear o substituto. Detalhe: Bisogno não teria concordado com o nome sugerido pelo PMDB, a advogada Juliana Vedovotto, e estaria disposto a bancar outro profissional, por ele próprio escolhido. Em isso acontecendo, explode de vez o acordo que garantiu o pedetista na presidência e ele fica isolado diante de seus companheiros de Mesa Diretora.

Palpite claudemiriano: o vereador e principal nome do PDT quer saber se o partido continuará no governo municipal. Em caso negativo, parece óbvio que o advogado (e atual secretário de Mobilidade Urbana) Miguel Passini vira procurador do Legislativo.

2) Se instala a subcomissão de ética composta de dois membros da oposição (Werner Rempel e Coronel Vargas) e um do governo (Manoel Badke), e que vai avaliar a conduta de duas edis governistas que fizeram parte da CPI da Kiss. É grande a possibilidade de, ao cabo de cinco sessões, ser proposta uma moção de censura às edis Maria de Lourdes Castro e Sandra Rebelato.

O procedimento, seja qual for, deverá ser apreciado no plenário do parlamento. Sempre com a vigilância dos familiares das vítimas da tragédia – que estarão atentos ao comportamento dos 21 vereadores.

3) Na Comissão de Finanças, se avaliam as contas do ex-prefeito, e hoje deputado estadual, Valdeci Oliveira relativas a 2007. Não são desprezíveis as possibilidades de, embora absolutamente clara a honestidade do parlamentar e evidentes equívocos, e não má-fé, apontados pelo Tribunal de Contas, parte dos governistas, por vingança, resolva acatar os apontamentos e inviabilizar o futuro politico do petista.

Estaria, nesse caso, em que o fígado substitui o cérebro na hora de fazer política, se inaugurando uma fase negra para o poder público de Santa Maria. As consequências, a partir daí, serão totalmente imprevisíveis para o futuro de todos os agentes politicos, especialmente os prefeitos. Inclusive o atual, que longe está de ficar livre de apontamentos no TCE.

Há mais. Sim, há mais sinais de que a convivência não será exatamente pacífica no parlamento neste segundo semestre. O que, convenhamos, não recomenda para a boa política. E, como se sabe, sem ela não há solução. Exceto fora da democracia.