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Segredos que ardem – por Bianca Zasso

A obra de Tennessee Williams já foi adaptada para o cinema diversas vezes. Graças aos seus diálogos certeiros e tramas que expunham o lado mais obscuro de cada um de nós, histórias como Um bonde chamado desejo (infelizmente rebatizado no nosso país tropical como Uma rua chamada pecado), Esta mulher é proibida e A rosa tatuada caíram como uma luva na tela grande sendo em muitas ocasiões roteirizadas pelo próprio Williams.  Mas nenhuma adaptação teve o peso, o clima e as atuações de Gata em teto de zinco quente.

Os olhos violetas de Elizabeth Taylor já seriam motivo suficiente para levar alguém ao cinema. Mas a íris da eterna estrela é só um detalhe no caldeirão fervente que é Maggie, protagonista de Gata em teto de zinco quente, uma mulher atormentada pela total falta de atenção do marido, um ex-jogador de futebol americano vivido por um Paul Newman no auge da beleza.

O filme vai além do que simplesmente acompanhar um romance inicialmente fadado ao fracasso. Passada durante a festa de aniversário do patriarca da família, uma interpretação magistral de Burl Ives, Gata em teto de zinco quente nos apresenta uma família como muitas por aí, recheada de problemas, cunhadas que não se suportam nem fazem questão de demonstrar o contrário, crianças bagunceiras, filhos problemáticos. Mas a cereja do bolo, nesse caso, está escondida embaixo da cobertura.

Há segredos em todos os cantos, dos mais variados tipos, prontos para explodirem e mudarem o rumo de muitas vidas. Enfim, os podres estão na boca do bueiro e não vão pedir licença para entrar na sala. E é essa tensão que faz de Gata em teto de zinco quente um filme único: não é suspense, mas deixa a gente com o coração na mão; não é drama, mas provoca lágrimas; não é comédia, mas tira sarro das máscaras que usamos para levar a vida adiante.

E no meio desse furacão todo, um par de olhos violetas faísca, clamando por atenção e amor. Uma gata de pelo eriçado, pronta para expor a verdade que incomoda. Só por essa visão, já vale a ida até a locadora.

Gata em teto de zinco quente (Cat on a Hot Tin Roof)

Direção de Richard Brooks

Ano: 1958

Disponível em DVD

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