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Silenciamentos e inquietudes – por Luiz Carlos Nascimento da Rosa

Para o bem da humanidade e a felicidade do ser humano, somos portadores de uma alma aventureira e inquieta. Nossa finitude e nossas incompletudes nos mobilizam, tanto em pensamento quanto na ação. Infelizmente (ou felizmente?) nosso universo interno possui espaços de liberdade que não conseguimos desfrutar no ceio da vida prática. A vida em sociedade nos impõe limitações.

O contrato social e todo o conjunto de regramento que o circunscreve, muitas vezes, poda as aventuras, viagens e devaneios da razão. Em nome do “bem comum” e da coletividade castramos infinitos sonhos, anseios e desejos da alma. Desde nosso primeiro dar-se conta de estarmos no e com o mundo temos que conviver com esse grande paradoxo: somos livres em pensamento, mas prisioneiros das infinitas convenções sociais no momento da ação.

A grande batalha do ser humano é travada entre estas duas díades (reflexão e ação) na construção de novos espaços de possibilidade e instantes de liberdade. Hegel era categórico ao afirmar: o real é racional e o racional é real. Hegel tinha consciência que nem tudo aquilo que é capaz de existir em pensamento, existe na vida prática. Queria, a bem da verdade, afirmar que o ser humano é processo. Ele é provisório e através da práxis poderá se transformar.

Nossa sociedade, que privilegia as relações de troca e essencializa o consumo, por meio de sua elite econômica e da ideologia que lhe dá sustentação, vai impondo valores e necessidades que manipulam nossas vidas.

O capital e todas as suas abstrações volatilizam as relações sociais e constroem mecanismos para suas reproduções. O ufanismo desenvolvimentista, dos portadores do capital e dos intelectuais construtores e divulgadores da ideologia neoliberal, solapa todas as formas de exclusão que inunda o mundo circunscrito por relações sociais capitalista. A voracidade do capital e seus processos de espraiamento desmaterializam a miséria e o abandono, que vivem a grande maioria, através da falácia da condição de liberdade. Coletiviza-se a produção da riqueza e os processos de sua reprodução e, buscam-se causas nas individualidades para a proliferação dos grandes conflitos e problemas sociais.

Pobreza, marginalização e insegurança possuem sua gênese nas incompetências de indivíduos. O desenvolvimento econômico e distribuição de riqueza (sic.) se devem ao neoliberalismo econômico e sua regulação pelo deus mercado. Os criadores da opinião pública naturalizam o surgimento das contradições sociais e o abortamento de possíveis conflitos através do silenciamento.

Inquietudes continuam emergindo na alma daqueles que conseguem captar a ideologia que dá forma e conteúdo às teias do silêncio e do não dito da retórica economicista neoliberal. Mario Quintana, por meio da poesia, escreveu: “Se as coisas são inatingíveis… Ora! Não é motivo para não querê-las… Que tristes os caminhos, se não fora a presença distante das estrelas”. Descortinar e romper com as múltiplas formas de silenciamentos que nos podam a liberdade da alma são instrumentos importantes para a projeção de um possível e salutar futuro.

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