Espetáculo. Que triste. É no que virou a revelação do teor da caixa preta do avião da TAM
É muito triste. Deprimente. E sofrido. E qualquer outro adjetivo que se queira dar para a brigalhada entre deputados que, no fundo (e no raso também) só queriam mesmo é o brilho das emissoras de TV. Foi no que se transformou a sessão da CPI do Apagão Aéreo, na Câmara dos Deputados, na manhã desta quarta-feira.
Com o Brasil correndo o risco de retaliação internacional – há tratados que, aparentemente, teriam sido descumpridos – os edis federais, mais que elucidar os fatos (o que é impossível apenas com as caixas pretas), montaram o espetáculo costumeiro já nas últimas CPIs. E, o que foi pior: mais que o próprio conteúdo, preocuparam-se em debater, publicamente, como a Folha de São Paulo havia obtido o que as ditas cujas continham, se elas estavam a sete chaves no cofre da sala da Comissão.
De que serviu o espetáculo (sim, não foi outra coisa), exceto para fortalecer uma ou outra tese particular (erro do piloto?), mas definitivamente nada para garantir que as causas do acidente se tornem conhecidas de forma efetiva. Palanque para governistas e oposicionistas, nada além disso. Lamentável.
Sobre isso, melhor que eu próprio, que alguém poderá imaginar tenha pré-opinião, convém a leitura do que escreveu a diretora da sucursal de Brasília do SBT, Helena Chagas:
Uma CPI, uma caixa preta e uma tesoura em tempo real
Ao vivo e em tempo real, as primeiras duas horas da sessão da CPI do Apagão na Câmara foram uma lição de como funcionam os políticos e sua relação com o público nesses tempos midiáticos. A maior preocupação era com o vazamento dos diálogos na Folha de hoje. Quem vazou, quem desmoralizou a comissão, não fomos nós, divulgamos oficialmente ou não…até se chegar ao básico: o que temos??? Ninguém sabia. De posse de um tesourão, o relator da CPI abriu o envelope na vista de todo o Brasil para achar lá um disco, e até descobrir, graças ao brigadeiro Jorge Kersul (se ele não estivesse lá, estavam procurando até agora), que para ouvir o áudio era preciso um software. Mas que tinha a transcrição em inglês. Lida também em tempo real, ao vivo e a cores para todo o Brasil se chocar junto com a CPI.
Acho a transparência louvável, bem como o empenho da CPI em resguardar o sigilo das informações até ser “bypassada” pela Folha. Juro, essa palavra foi usada. E o fato de perder o poder de deter essa informação em seu cofre traumatizou os deputados. A ponto de passarem a manhã discutindo o que faziam com a informação, com a imprensa…Os deputados só falavam quado tinham certeza de que estavam sendo focados pela câmera da TV Câmara.
Num dos raros momentos de lucidez da manhã, o deputado Dr. Ubiali (PSB-SP) bradou: “Não estamos aqui para produzir notícia…”, defendendo a idéia de que a CPI deveria pelo menos ler antes a transcrição para saber o que estava divulgando. Mas a maioria achou que não. E o que se viu foi isso: um espetáculo onde a preocupação dos atores era ficar bem diante das câmeras.
A análise das informações ali contidas, sua comparação com outros dados e sua interpretação – enfim, a investigação, que costuma ser a razão de ser de uma CPI, teve um papel absolutamente secundário nesse enredo.
SUGESTÕES DE LEITURA – clique aqui e leia, se desejar, outras notas publicadas pelo Blog dos Blogs, de onde extraí o texto acima.
Confira também a notícia CPI revela transcrições das conversas na cabine do Airbus da TAM, publicada pelo ClicRBS, com informações da TV Câmara (dos Deputados).
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