Uma clínica localizada provavelmente em São Paulo (o estabelecimento não é identificado) cobra R$ 3 mil. Convive, no mesmo prédio, dito “sério”, com outras profissões e escritórios. Recebe mulheres de classe média para cima, que podem pagar o valor estipulado. As pacientes são atendidas com todos os cuidados que a ciência e a tecnologia oferecem. Em segurança, portanto.
Na outra ponta, pardieiros de periferia, com gente que nunca chegou sequer perto de uma faculdade de medicina, realiza o mesmo procedimento. Com riscos óbvios. Isso sem falar nas tentativas solitárias de interrupção da gravidez, não raro com “medicamentos” falsos adquiridos no comércio informal.
De tudo isso e mais um pouco trata material publicado originalmente na versão online brasileira do jornal espanhol El País. Este editor reconhece a dificulda pessoal para tratar do tema. É contra o aborto, por suas convicções. Mas não interdita o debate e entende que a situação é de saúde, e não de política, menos ainda de religião – que, é fato, empaca a discussão e amedronta quem tem que tratar do assunto, no âmbito da política. Creia, vale a pena ler a reportagem assinada por Talita Bedinelli e Raquel Seco. A seguir:
“As feministas pedem que Dilma não ceda mais às pressões religiosas contra o aborto…
… Ele não é um ginecologista normal, pois a ginecologistas normais, para consultas normais, mulheres não costumam ir com seus parceiros. E a sala de espera está cheia deles. Namorados nervosos grudados às mãos de garotas jovens, homens tranquilos que fazem piadas para tentar descontrair, parceiros que usam o WhatsApp em silêncio. Da televisão, um programa de variedades grita em alto volume. As mulheres entram e saem em bom ritmo. Em um intervalo de cerca de uma hora, as que estão ali vão ter: entrado numa sala, passado por uma consulta de 300 reais, trocado suas roupas por um avental, deitado em uma maca, adormecido pela ação do anestésico propofol (o mesmo que usado em excesso pelo cantor Michael Jackson colaborou para sua morte em 2009), passado por uma aspiração ou uma curetagem para a retirada do feto, acordado e saído pela porta do consultório, sentindo apenas uma leve indisposição física –e, na maioria dos casos, alívio.
A clandestinidade se percebe nos detalhes: o circuito de câmeras que aponta para a porta do consultório, os namorados na sala de espera, o teto estragado do banheiro que tem pequenas manchas de sangue no chão, a grande quantidade de dinheiro em notas – a consulta é paga de maneira oficial, com cartão, mas a outra parte se cobra em efetivo, à vista, pouco antes da intervenção -, a falta de higiene. Uma europeia que passou por um aborto na Espanha e outro no Brasil recorda de seu choque quando deram a ela um avental usado com manchas de batom e quando o médico entrou na sala de operação falando em seu celular…”
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