SM MAIS (4). Na Unifra, Educação e Saúde juntas

Unifra aguarda homologação do MEC para oferecer o curso de Medicina a partir de 2015. Instituição pretende construir hospital-escola próprio com 360 leitos

Por JOYCE NORONHA e MARCOS FONSECA (também autor das fotos), Especial

Santa Maria é conhecida como Cidade Universitária, e não apenas por ter a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Como mostramos em outra reportagem desta série, a instituição federal de Ensino Superior está em expansão. Mas, na verdade, o setor educacional cresce como um todo no município. Prova disto é o parecer favorável que o Centro Universitário Franciscano (Unifra) recebeu do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (Inep) para a criação do curso de Medicina, bacharelado. Será a segunda instituição a formar médicos em Santa Maria.

De acordo com a Unifra, a comissão do Inep avaliou requisitos legais e normativos para averiguar se a instituição preenchia todos os tópicos necessários. Foram avaliadas as questões referentes à organização didática e pedagógica do futuro curso, à infraestrutura e ao corpo docente estrutural. A nota geral que a universidade recebeu da comissão de avaliadores foi 4, numa escala de zero a 5. A reitora do Centro Universitário, irmã Iraní Rupolo, mostra-se muito contente com a notícia.

Contudo, faltam alguns elementos para que o curso possa ser ofertado pela Unifra, apesar de já aprovado. Segundo a instituição, para que as 40 vagas da graduação em Medicina integrem o próximo vestibular de verão, para ingresso no ano letivo de 2015, é necessária a aprovação do Conselho Nacional de Medicina. Além de ser oficialmente homologado pelo Ministério da Educação (MEC).

O curso de Medicina da Unifra será o segundo na cidade, além do já disponibilizado pela UFSM. Conforme indicadores da UFSM, só no ano passado a instituição federal formou 98 médicos. Com os números previstos pela Unifra, de ofertar 80 vagas para o novo curso (40 vagas para o vestibular de verão e 40 vagas para o vestibular de inverno), mais o número de vagas já ofertadas pela UFSM (120 no total), a cidade poderá formar em torno de 200 médicos por ano.

Uma rede regional de educação

A reitora Iraní Rupolo comenta que o Centro Universitário Franciscano firmou convênio com hospitais da região para a atuação dos futuros médicos. Via Sistema Único de Saúde (SUS), serão disponibilizadas 408 vagas nesses hospitais para a atuação dos futuros estudantes do curso. Esse número de vagas refere-se à cota de 5% do SUS exigida pelo MEC.

Esse grande reforço de profissionais à saúde do Centro do Estado será disponibilizado, em Santa Maria, na Casa de Saúde, no São Francisco e na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA). Todas esses estabelecimentos já são administrados pela própria Unifra.

Na região, os médicos atuarão no hospital São Roque (de Faxinal do Soturno), de Júlio de Castilhos, de São Pedro do Sul, de Rosário do Sul e de São Sepé.

Segundo irmã Iraní, professores que já atuam na Unifra integrarão o corpo docente do curso de Medicina da instituição. Entretanto, está previsto um edital para a seleção de novos professores, porém este só poderá ocorrer após a homologação por parte do MEC.

A estrutura de um complexo de saúde

As aulas da graduação, de acordo com a Unifra, serão ministradas nos sete hospitais conveniados na cidade e em outros cinco municípios da região. Mas o plano da Unifra a longo prazo é investir R$ 140 milhões na construção de um hospital-escola próprio. O investimento foi anunciado em 2013, e conforme a reitora, o projeto está em andamento.

Trata-se do maior empreendimento hospitalar da região, nos últimos anos. O Hospital Regional de Santa Maria, outro importante investimento, tem custo estimado em R$ 45,4 milhões. O Regional terá 270 leitos e deve ser aberto, parcialmente, ainda em 2014.

Irmã Iraní aponta que com a construção pronta, o prédio acolherá 10 cursos da área da Saúde do centro universitário. Atualmente, a instituição de ensino conta com dois hospitais – Casa de Saúde e São Francisco – e a UPA para as aulas práticas dos cursos de saúde, como Enfermagem. Quem administra esses locais é uma entidade ligada ao centro universitário, a Associação Franciscana de Assistência à Saúde (Sefas).

A Casa de Saúde é municipal, mas é administrada pela Sefas, assim como a UPA e o Samu. Já o hospital São Francisco, no Bairro Nossa Senhora de Lourdes, foi comprado pela Sefas. É na área do São Francisco que a instituição pretende erguer seu hospital-escola, em um terreno com mais de 57 mil metros quadrados. O projeto prevê um edifício de oito andares e em torno de 360 leitos.

Para isso, a Unifra negocia com a Prefeitura e a Câmara de Vereadores uma alteração no Plano Diretor Municipal, já que o bairro é residencial e, em princípio, não comportaria um hospital de grande porte – atualmente, já funciona naquela região o Hospital São Francisco. Além disso, será preciso analisar com os órgãos ambientais do Estado a questão referente uma uma zona de preservação permanente no terreno. Haveria um córrego no local que, pela lei, não pode ser alterado. A presença da chamada Área de Preservação Permanente (APP) exigirá alguns cuidados, mas, segundo os órgãos ambientais, não impedirá a construção do hospital.