Grêmio Racista (?) – por Vitor Hugo do Amaral Ferreira (com Lenio Streck)
Não é prática transcrever na íntegra textos de outros autores neste espaço. Como o editor me dá liberdade para conduzir os escritos, e certamente eu não escreveria tão bem sobre o tema, como exposto pelo professor e procurador de justiça Lenio Streck (brilhante jurista, que se faça a ressalva, natural da nossa vizinha Agudo), tomo a liberdade de dividir com os leitores parte das importantes considerações pautadas pelo autor original. Tema? O Grêmio é racista?
“Vejamos! Pela lógica, o STJD é racista? Afinal, o Grêmio não foi condenado por esse motivo?
Vi o resultado do julgamento do STJD. O que mais me preocupou foi o discurso moralista. Bom, já descobrimos que um auditor fez postagens racistas! O causídico se chama Ricardo Graiche. Uau! É racista mas não se assume… É como os senadores machões americanos que são pegos fresteando meninos em banheiros! Combatem o homossexualismo, mas espiam a rapazeada…
Viva Pindorama, onde nossas elites e classes médias se indignam no varejo e se omitem no atacado. No mundo do futebol, então… Os clubes sonegam INSS; os árbitros mudam os resultados dos jogos escandalosamente; bandeirinhas dão impedimentos…porque sim!; jogadores simulam faltas a rodo (estelionatários); a violência campeia solto; pobres não entram nos estádios por causa dos preços; jogos são realizados em horários insalubres… Nada disso indigna as nossas classes médio-esportivas ou elite-esportivas.
O futebol está em decadência. Jogadores cobram escanteios no primeiro pau… O único cobrador de faltas do Brasil é um…goleiro…de 41 anos. Não treinamos fundamentos. Os técnicos são chamados de professores…! Nos escanteios há guerra de todos contra todos. E ninguém faz nada. Omissão! Falta, pois, uma epistemologia do e no futebol…
Quando ocorre um episódio como a injúria racial (e não prática de racismo, como os néscios dizem) contra o goleiro Aranha, entra em campo o politicamente correto. Mas, por que os demais sócios e torcedores do clube devem ser punidos por algo que não deram causa? Falar em “torcida” é algo metafísico. Quer dizer que se alguns vileiros vendem crack toda a vila deve ser punida? Hein? Que feio. O país do futebol (?) tem uma justiça desportiva que não sabe o que é a Constituição.
Mais: Todos esqueceram que qualquer crime exige dolo. E que não há responsabilidade objetiva no direito penal. Quem deve provar isso é o Estado. E a legislação não poderia, no campo administrativo, impor sanções sob o pálio da responsabilidade objetiva. Atenção: Pratica de ato discriminatório (a lei desportiva copiou o art. 243, G, do Código Penal) não é igual a ma-ni-fes-ta-ção verbal; óbvio! Analogia é proibida em direito penal. Mais: é impossível ao clube impedir que alguém grite no estádio. Até um néscio (tolo) sabe disso. Um torcedor de outro clube pode entrar no estádio do adversário para prejudicá-lo. Mais: injuria racial não é igual à pratica de racismo (que é da Lei 7716). Que burros! E tudo mundo está falando em…racismo!
Ninguém quer saber o contexto dos fatos? Pois vou dá-lo: o árbitro “operou” o Grêmio e o goleiro fez muiiita cera. Torcida enlouquecida. Alguém sabe o que é “torcer”? Ora, ora. Quem não sabe, não vai a Estádio. Sei, sei. Dois erros não dão um acerto. Mas dizer que a palavra “macaco” é, em si, criminosa (no sentido de “racismo”), é esquecer que a palavra FDP pode ser tão criminosa quanto. E veado, pode? Chamar alguém de corrupto, não tem problema… Mas de macaco, ah, aí a coisa pega (aliás, o auditor Graiche gosta da palavra!). Como se as palavras tivessem um sentido em si. Um sentido coisificado. Fetichizado. Chamar alguém de macaco pode ser, sim, injúria racial, provado o dolo. Mas crime de racismo, segundo a Lei, não.
Outra coisa: Nem de longe a moça tinha consciência da ilicitude. Estádio de futebol: onde a lesão não é crime; a injúria não é punida… Bom, era assim. Hoje, o politicamente correto ingressa nos Estádio. Lá fora, o mundo está caindo… Os pacientes tomam soro em pé. Mas dentro dos Estádios, ah, aqui reinará a harmonia e a paz total. Punir o clube é como punir a Rossi por ter fabricado a arma que matou alguém. De novo: a moça cometeu, se ficar provado o dolo, injúria racial. Não houve racismo no sentido técnico. Parem de falar errado. Aliás, o STJD deveria estudar direito o direito…!
[…] Pela lógica, se o Grêmio foi condenado por ter alguns torcedores racistas, então o STJD, por ter um auditor que postou “coisas” racistas no feicibuqui, também deve ser punido. Fechado! Um por todos, todos por um! Bingo! Toma! Pega essa!
Vitor Hugo do Amaral Ferreira
Facebook/vitorhugoaf
REFERÊNCIA: Texto original de autoria do Professor Dr. Lenio Streck.
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