Mídia privada. Programa da Rádio Santamariense abre frestra no jornalismo opinionista de SM
Não existe jornalismo sem reportagem. Assim como não existe reportagem sem repórter. É um lugar comum, mas rigorosamente certo. Lamentavelmente, nos últimos tempos (diria de três ou quatro anos para cá, pelo menos), com muitíssimo poucas exceções, o rádio santa-mariense tem feito muito pouco jornalismo – por que não tem reportagem.
Ok, ok, ok. Não quero, não pretendo, nem vou (se depender só de mim) brigar com ninguém. Mas o fato objetivo é que, salvo Renato Oliveira (na Guarathan e na Guaíba, como correspondente) e outra exceção que desconheço, é muito difícil encontrar alguém ou alguma emissora com repórteres na rua por vontade própria – só chamado pelo cidadão. Não vale a participação do ouvinte, transformado em repórter. Nem contato comercial, na mesma condição. Especialmente aqueles têm espaço, inclusive com risco para as emissoras, nesse período pré-eleitoral.
O que temos, então, no rádio santa-mariense? Opinião, opinião, opinião. E opinião. Notícia? Só a que a internet dá, muito melhor, e os jornais cumprem com bastante qualidade, inclusive os nossos. E são reproduzidas nas emissoras. E, mais grave ainda, os opinionistas locais (listo como exceções Vicente Bisogno, Fernando Adão Schimidt, Valmir Lima, André Campos e eventualmente Jony Clay) sequer têm conhecimento do que lêem nos jornais ou na internet. Ok, ok, ok. Todos são bem intencionados. Mas isso é insuficiente para o consumidor de notícias. Pelo menos para o minimamente exigente.
Atenção: não estou (pelo menos não é a idéia) ofendendo ninguém. Apenas mostrando um pensamento reinante entre muitos que adoram rádio-jornalismo. Elitistas? Não, apenas querendo se informar melhor. E não encontram esse produto hoje em Santa Maria. Que saudade da Sandra de Deus, puxa vida.
Isso sem falar em programas que gastam metade do tempo em propaganda disfarçada de jornalismo. Tem uma senhora, respeitável, aliás, que nesta semana deu duas ou três entrevistas de pelo menos 10 minutos. Exatamente com o mesmo conteúdo. Jornalismo? Não, propaganda pura. E igual, nas duas ou três vez que ouvi. Rigorosamente igual.
Sim, temos que faturar. Mas isso satura ao ponto de as pessoas ficarem a buscar alternativas. E não é que, de repente, pode estar surgindo uma? Pode. Talvez seja o caso de esperar um pouco, mas o início é altamente promissor.
É onde entra a fresta de que falei no título. Falo do programa Bom dia Cidade, ancorado por Airton Leal, na Rádio Santamariense. Além da experiência do profissional, que é a ponderação em pessoa (ao contrário, talvez, do editor deste sítio), conta, para o sucesso, algo óbvio: repórteres. Não sei quem são. Não os conheço. Suponho que novatos. O fato é que buscam notícia. Notíííciaaaaa!. E fazem reportagem. E não são buscados por ela. Que vai para o ar, em vez de comentaristas. Espero, apenas, que essa fresta se alastre. E contamine também as demais emissoras.
Não me digam que não há gente boa nas outras. Há, e não são poucas. Mas a orientação parece ser tudo, menos notícia. Caro? Não sei. Barato é botar um balaio de boa gente falando sobre qualquer coisa. E ponto.
Desculpa, mas sei do que falo. Porque escuto.
EM TEMPO: este jornalista não é funcionário da Rádio Santamariense e tem imensa admiração por tooooodos os que fazem rádio em Santa Maria. E tenho orgulho imenso do meio. Afinal, foi o veículo onde comecei, em 1982, sob o comando direto de Vicente Bisogno e, à distância, de Quintino Oliveira, na Rádio Imembuí. Aliás, trabalho na Rádio Antena 1, que hoje também só tem opinião, e não reportagem. E está igualmente incluída nessa análise geral – com uma diferença fundamental: nela não tem reportagem paga.
EM TEMPO (2): este jornalista respeita muito, mas muito mesmo, o trabalho de todos os colegas. No entanto, isso não significa concordância com tudo. E talvez esse texto tenha sido apenas coisa de um (já) velho e saudosista profissional que viveu outros tempos, beeeem diferentes. Se bem que, creia, não é opinião de um homem só. Ah, não é.
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