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A flor e a espada – por Bianca Zasso

biancaQuando se fala em filme de samurais, a maioria das pessoas, sejam elas admiradoras do gênero ou não, costumam lembrar das cenas de duelos ou batalhas, onde o herói (ou anti-herói) luta com vários inimigos com uma destreza impressionante. O embate na chuva de Os sete samurais, de Akira Kurosawa ou a sequência final de A espada da maldição, onde o ator Tatsuya Nakadai trucida uma dezena de homens com sua espada e seu olhar alucinado. Mas nunca um filme de samurai foi tão poético quanto em A lâmina diabólica.

Dirigido por Kenji Misumi, que foi responsável por vários clássicos japoneses, o filme mostra a transformação do sensível jardineiro Hanpei, interpretado brilhantemente por Raizo Ichikawa, num frio assassino a serviço de seu soberano. Com um passado simbólico de filho bastardo, Hanpei cresce sob os olhares enviesados dos cidadãos, mesmo que seu talento para transformar jardins e obras de arte seja admirado. Quando, além das flores, o rapaz passa a demonstrar habilidade para correr e lidar com a espada, seu destino muda.

Mais do que um filme de samurai, A lâmina diabólica é um aula de metáforas cinematográficas. Os planos inteligentes e belos criados por Misumi captam toda a ambiguidade de Hanpei. Os olhos infantis de Ichikawa colaboram para deixar linha ainda mais tênue entre o doce jardineiro e o feroz matador.

O campo de flores que o protagonista constrói ao lado da amiga apaixonada Osaki presenteia o público com uma combinação de cores única, bem ao estilo de Sonhos, do já citado Kurosawa. Mas, apesar dos cores vivas, a atmosfera é sombria. Nada exagerado, mas a dúvida de Hanpei está em cada plano: ser ou não ser um hábil samurai? Afinal, as mortes provocadas por sua lâmina diabólica ainda lhe causam espanto.

Se os samurais ainda não fazem parte da vida do prezado leitor, A lâmina diabólica pode ser uma porta de entrada. E, por educação e visando uma existência mais feliz, convide outros samurais para uma rodada de saquê e cinema.

A lâmina diabólica (Ken ki)

Direção: Kenji Misumi

Ano: 1963

Disponível no Box Cinema Samurai 2

Distribuidora: Versátil Home Vídeo

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