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Autoridade e autoritarismo – por Jorge Luiz da Cunha

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Ainda que pareça temerário tratar de dois conceitos tão complexos em um tão curto espaço, me atrevo a fazê-lo, mesmo que de forma introdutória. E o faço por considerar que a confusão entre estes dois conceitos e sua expressão prática nas relações sociais está na base da maior parte de nossos problemas individuais ou coletivos.

A autoridade emana do reconhecimento público construído pela relação produtiva entre conhecimento e ação no mundo, como já diziam os gregos.

Há cerca de dois milênios e meio antes do presente, os gregos lançaram as bases de nossa civilização ocidental no reconhecimento de que somos o que projetamos e o que construímos, como sujeitos e como sociedades. Não somos resultado de nenhuma determinação divina. Somente somos humanos enquanto nos construímos como humanos.

Contudo, como seres vivos biologicamente determinados, não nascemos humanos. Nascemos animais, mamíferos superiores (como preferem alguns!). Nos tornamos humanos por nascer em comunidades humanas e viver entre humanos que se comportam como humanos.

É aqui precisamente que entra o papel da autoridade dos adultos, que têm consciência de sua humanidade, e que por causa disso agem no mundo para conservar e desenvolver sua própria condição humana e a daqueles com os quais convivem, especialmente as crianças e os jovens.

A autoridade é legitimada pela experiência significada da trajetória de vida de cada um, pela formação, pelo reconhecimento social que nasce do exercício ético e da ação do sujeito como cidadão comprometido com a qualidade da vida na comunidade em que vive. Como se pode perceber, ninguém tem autoridade e exercita o papel de liderança, que dela decorre, quando age com autoritarismo. Não há autoridade que possa ser legítima num sujeito que age com autoritarismo.

O autoritário é um boçal que exercita sua prática social injusta e discriminatória fundamentando-se na concepção idiota que é superior, de que sabe mais, de que pode mais e de que é melhor.

O autoritário é um pobre imbecil que se acha superior por ser macho, ou fêmea, rico, ou pobre, branco, ou preto, hetero, homo, bi, ou pansexual, por saber mais ou ter mais títulos, etc., etc., e por isso discrimina o diferente. Pois, neste caso, a diferença do outro o afronta e o ameaça no exercício de seu autoritarismo.

Creio que o mundo em sua diversidade natural e nós seres humanos em nossa diversidade de comportamentos, culturas e sociedades devem ser apresentados em todos os seus aspectos para todos os seres humanos em diferentes estágios de sua formação. Isso inclui também as crianças e os adolescentes cujos pais e professores devem ter a capacidade, a responsabilidade, a inteligência, a cidadania e a humanidade de conversar a respeito, de estimular a crítica e a consciência de que o respeito a todas as formas de existir é o fundamento da vida em sociedade.

Como humanos somos o que somos no respeito as nossas diferentes e legítimas formas de existir e de nos apresentar.

Somente através do respeito à diversidade é que conseguimos entender como chegamos até os nossos dias desde o começo de nossa existência histórica como humanidade.

Não há humanidade sem respeito à diversidade! E não há autoridade sem combate ao autoritarismo.

OBSERVAÇÃO: a imagem que ilustra este artigo é uma reprodução de internet.

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2 Comentários

  1. Perfeito Sr. Brando!
    Nunca tão previsível! Muito menos tão cronometricamente calculável! Por humanos que somos, somos síntese construída entre nossos impulsos animais(portanto, determinações da natureza) e a condição de nos construirmos como humanos. Tudo sempre bem temperado com avanços e retrocessos.
    Abraços,
    Jorge

  2. O indivíduo que não usa o poder para tornar o mundo um lugar mais tolerante é autoritário e não autoridade.
    Eis que surgem divergências importantes.
    Alguém pode ser inconscientemente preconceituoso? Alguns estudos dizem que sim. A razão é um instrumento perfeito? Quase certeza que não. O homem conseguiu abolir o animal por viver em sociedade? Não creio.
    Trajetória de vida, reconhecimento social, ética, qualidade de vida e comunidade (principalmente) dependem do contexto. Mesmo no ocidente.
    A idéia que perpassa o escrito é que a humanidade caminha guiada pela razão rumo a uma civilização perfeita e este é o destino histórico. Um dos marcos do início da caminhada seria o respeito à diversidade.
    De fato, há controvérsias.

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