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KISS, 3 ANOS. Quase mil famílias traumatizadas, 242 mortos, muitos denunciados e raros punidos até agora

Boate, no centro de Santa Maria, palco de uma tragédia que é impossível esquecer. Aliás, nem que fosse, a lentidão (e as frustrações que ficam pelo caminho) na reparação judicial impede
Boate, no centro de Santa Maria, palco de uma tragédia que é impossível esquecer. Aliás, nem que fosse, a lentidão (e as frustrações que ficam pelo caminho) na reparação judicial impede

Dentro de três dias, mais ou menos a essa hora, fecham três anos da maior tragédia que se poderia esperar: 242 meninos e meninas mortos, pelo menos 600 feridos, em decorrência do incêndio da boate Kiss, na rua Andradas, perto da avenida Rio Branco, no centro de Santa Maria.

De lá para cá, indiciamentos vários, denúncias poucas do Ministério Público, punições apenas de bombeiros e uma inevitável sensação de frustração e até desespero, para as cerca de mil famílias diretamente envolvidas, com as dores incuráveis de suas perdas. Seja para os que morreram ou mesmo os feridos, não poucos com sequelas que podem se tornar permanentes.

O jornal Zero Hora (com publicação também no Diário de Santa Maria) traz extenso material neste final de semana, disponível nas versões online dos dois veículos. Tudo isso e mais um pouco está contado, na reportagem de Humberto Trezzi. Vale conferir. A foto (de arquivo) é de Deivid Dutra, do jornal A Razão. A seguir:

Kiss, três anos depois. 36 meses de espera e desconsolo

Amaior parte das quase 900 famílias traumatizadas pelo incêndio da boate Kiss amargou 1.095 noites mal dormidas e dias de sofrimento desde a tragédia, ocorrida em 27 de janeiro de 2013, em Santa Maria. Nesta semana completam-se três anos desde que o fogo consumiu a danceteria, matou 242 jovens, feriu ou intoxicou outras 623 pessoas e marcou como ferro incandescente a história do Rio Grande do Sul. Nesse longo período, apenas dois episódios parecem ter dado a sensação de consolo e esperança de justiça aos parentes das vítimas.

1) Dois meses depois do acidente, quando a Polícia Civil responsabilizou 35 pessoas por falhas que levaram ao incêndio – do total, 16 delas por crimes comuns (incluindo homicídio), 10 por crimes previstos no Código Militar e o restante por omissões, que caracterizam improbidade administrativa.

2) Nos quatro meses seguintes à tragédia, quatro réus do processo criminal – Elisandro Spohr, o Kiko, Mauro Hoffmann (donos da boate), Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Bonilha de Leão (integrantes da banda Gurizada Fandangueira) – estiveram presos.

kiss seloDesde então, familiares dos mortos e feridos acumulam decepções. Na denúncia dos promotores de Justiça, foram incriminados os donos da boate, os músicos e alguns bombeiros. Nenhum funcionário municipal foi denunciado, nem o promotor que vistoriou a danceteria. A surpresa foi grande, já que o inquérito policial tinha atribuído culpa a muita gente: fiscais municipais, bombeiros, donos da boate, músicos e até para o MP, por falta de fiscalização do estabelecimento.

O Ministério Público (MP) reduziu o número de responsabilizados de 35 para apenas oito (quatro por homicídio doloso qualificado, dois por fraude processual e dois por falso testemunho). E ainda há processos tramitando lentamente ou parados. A lentidão nas punições é um dos grandes desânimos para os parentes das vítimas.

– É sofrido. Faz três anos, e a coisa não anda. Pela proporção do desastre, a Justiça tinha de chegar muito mais rápido. Essa morosidade desanima – desabafa Sérgio da Silva, presidente da Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) e pai de Augusto Sérgio, morto na Kiss.

Mesmo com a agilidade da polícia em apontar responsabilidades de mais de três dezenas de pessoas dois meses após o incêndio, até agora apenas três – bombeiros – foram condenadas.

Sérgio da Silva ressalta a situação da Romênia, que virou exemplo mundial ao prender autoridades e donos da boate Colectiv, que incendiou em outubro passado, matando 47 pessoas. Os três donos da danceteria e um subprefeito de Bucareste foram presos, e o primeiro-ministro renunciou, após protestos e denúncias contra ele.

Na Coreia do Sul, em abril de 2014, a morte de 226 pessoas num naufrágio resultou na prisão da tripulação do barco e na renúncia do primeiro-ministro do país asiático. Embora a renúncia de um governante dependa de decisão política, a Justiça nesses países foi mais rápida do que no Brasil.

Na Argentina, acabam de ser condenadas 21 pessoas pelo acidente com trem que matou 51 e feriu mais de 700 em Buenos Aires, em fevereiro de 2012.

Enquanto isso, em Santa Maria, os quatro presos pela tragédia da Kiss ficaram apenas quatro meses atrás das grades, nenhuma autoridade foi denunciada e sequer houve um debate sobre a possibilidade de renúncia ou não do prefeito. Por quê?…”

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