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CIDADE. Congelamento de salários do serviço público estadual coloca a economia de Santa Maria em alerta

Domingo teve lojas abertas e atrações no Calçadão, como a apresentação da banda da Brigada
Domingo teve lojas abertas e atrações no Calçadão, como apresentação da banda da BM

Por MARCOS FONSECA (com fotos de Divulgação)

O congelamento dos salários dos servidores públicos estaduais fez acionar o sinal de alerta na economia de Santa Maria. A proposta do governo do Estado de reduzir ao máximo as despesas de pessoal em 2016 poderá refletir na redução do poder de compra de uma fatia importante de consumidores, como professores e policiais. Se essa retração no consumo ocorrer, quem deverá sentir o prejuízo são os setores do comércio e dos serviços do Coração do Estado, cujos números já mostram retração.

Até agora, o discurso que predomina no meio empresarial local é que, por ser o município dependente, em grande parte, do dinheiro dos salários do setor público, a crise econômica que afeta o país não chegou por aqui. Preocupação haveria, apenas, se houvesse um achatamento dos salários dos servidores públicos federais, estaduais e municipais.

A Proposta de Lei Orçamentária (LOA) de 2016, aprovada na terça-feira, 14, na Assembleia Legislativa, atinge exatamente um desses três pilares da economia local, o funcionalismo estadual. A LOA prevê que os gastos com pessoal do quadro do Executivo gaúcho não poderão crescer mais do que 3% em relação a 2015. Em outras palavras, os servidores estaduais poderão ficar sem nem mesmo a reposição da inflação em seus vencimentos no ano que vem.

O professor de Economia Mateus Sangoi Frozza, do Centro Universitário Franciscano (Unifra), afirma que o sinal de alerta está ligado. Se a crise ainda não tinha respingado em Santa Maria, o quadro poderá mudar. “Agora, os efeitos podem chegar”, diz. Além dos professores e dos policiais civis e militares, o município também concentra um grande número de servidores do Judiciário estadual e de outros serviços prestados pelo Estado. “Se Santa Maria não sentiu tanto os efeitos da crise em 2015, em 2016 poderá sentir”, adianta o professor.

Segundo a entidade do comércio, centro da cidade teve, no último domingo, um terço das lojas abertas
Segundo a entidade do comércio, centro da cidade teve, no último domingo, um terço das lojas abertas

Frozza acrescenta que o desemprego dá fortes sinais de que a economia está retraída. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, revelam que o comércio de Santa Maria se ressente da retração nos negócios. De janeiro a maio deste ano, houve fechamento de 202 postos de trabalho formais no comércio santa-mariense, isto é, houve mais demissões do que admissões no período. Segundo o Caged, o comércio contratou 4.187 pessoas com carteira assinada e demitiu 4.389. Desde 2007, é a primeira vez que o balanço do Ministro do Trabalho fecha com saldo negativo nos primeiros cinco meses do ano.

No setor de serviços, o saldo entre janeiro e maio é positivo. Foram criados 130 postos de trabalho. O resultado, no entanto, é tímido se comparado com o mesmo período de 2014, quando o balanço dos cinco primeiros do ano fechou com a criação de 711 empregos formais na cidade.

Pior seria o parcelamento dos salários, diz presidente da CDL

Com salários congelados, a tendência dos servidores estaduais será frear o consumo, já que o salário tende a perder poder de compra. O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Santa Maria, Ewerton Falk, admite que o alerta está dado. Contudo, é otimista. Ele acredita que o quadro de servidores federais, incluindo UFSM e Forças Armadas, pesa mais no volume de negócios do comércio. E esses servidores não tiveram e não deverão sofrer achatamento dos salários.

Mesmo o congelamento dos vencimentos dos servidores estaduais não chega a ser uma preocupação tão grande. O dirigente da CDL afirma que pior para o comércio seria se o Estado realmente colocasse em prática a ameaça de parcelar os salários. Falk diz que as lojas precisam, neste momento, fazer um reposicionamento de preços para equilibrar seus faturamentos.

Outra medida do setor varejista contra os efeitos de uma retração nos negócios já foi colocada em prática com o início, este mês, do projeto de abertura das lojas um domingo por mês no município. O primeiro foi no domingo passado, dia 12. Um terço das lojas do Centro aderiu à proposta, mas a CDL e o Sindicato dos Lojistas (Sindilojas) acreditam que a adesão dos lojistas irá crescer a partir de agosto. “A população queria e as lojas ficaram satisfeitas”, comemora Falk.

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3 Comentários

  1. Preconceito e intolerância estão na moda.
    "Otoridades" produziram um orçamento que não vale o papel gasto na tramitação. Crescimento irreal, inflação irreal… Alguns até se aposentaram ano passado. Vidas de muitas "lutas" e pouquíssimas realizações.
    Basta tentar lembrar, sem procurar na internet, 5 medidas aprovadas na legislatura passada da AL que melhoraram a vida da população.
    "Autoridade", a palavra, não é para ser gasta à toa. Deve ser usada com gente séria. Caso contrário, acaba virando um termo pejorativo.

  2. Vida na inciativa privada não é fácil. Principalmente em tempos de crise. Desemprego. Inflação comendo o salário.
    Funcionalismo público fez uma negociação 171 ano passado e ganhou aumento parcelado. Maioria é estável, crise para eles dificilmente ameaça a vaga. Desvantagem é que a maioria não ganha muito.
    Orçamento de 2015 previa um aumento de receita do estado de 12%. História da carochinha de Tarso, o intelectual e demais "otoridades" da AL.
    Óbvio que a chinelagem quer tirar proveito político da situação (negócio é ganhar eleição, o resto que se dane). Falam em greve geral. Meio desrespeitoso com a população que se lasca todo dia para pagar tributos.
    Há quem fale em intervenção federal. Não vai acontecer. Precisa passar pelo Congresso. Constituição não pode ser emendada. No máximo Força Nacional e militares nas ruas. Pode ser até que a segurança melhore.

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