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Efeito colateral – por Luiz Carlos Nascimento da Rosa

Nos manuais ou livros de Farmacologia vamos estudar que um fármaco é uma medicação que contém uma ou mais substâncias químicas que possuem o chamado “Princípio Ativo”. O Princípio Ativo é a substância que existe na composição do medicamento que poderá exercer o efeito farmacológico (terapêutico ou curativo).

Os fármacos, muitas vezes, podem produzir o chamado “Efeito Colateral”. Segundo a ANVISA, o “efeito colateral é qualquer resposta a um medicamento que seja prejudicial, não intencional, e que ocorra nas doses normalmente utilizadas em seres humanos para a profilaxia, diagnóstico e tratamento de doenças ou para a modificação fisiológica”.

Ou seja, este termo, na maioria das vezes, está relacionado ao campo da Medicina, da Farmácia e vêm com a pretensão curativa, de produzir qualidade de vida ou longevidade ao ser humano. Hannah Arendt (1906 – 1975), em “As origens do Totalitarismo” ao analisar o tempo histórico do Nazismo e do Stalinismo e as barbáries efetuadas com o ser humano em função da ânsia pelo poder político vai dizer que ocorreu a “Banalização do Terror”.

Por outros motivos, mas em nossa vida contemporânea na conjuntura política mundial, podemos dizer que estamos assistindo em tempo real, pelas diferentes redes sociais, uma verdadeira banalização da barbárie, pois os senhores detentores do poder político e econômico naturalizam a morte nas catastróficas guerras que patrocinam.

Voltando ao título do texto e à reprodução do mal através das guerras, somos obrigados a ouvir, dos senhores da guerra, certas metáforas altamente de mau gosto e indesejadas. No recente episódio que ocorreu num Hospital, no território de Kunduz (Afeganistão), pertencente aos Médicos Sem Fronteira, um desastroso ataque das forças armadas americanas, matou 19 seres humanos (12 funcionários do Hospital e 7 pacientes), feriu 37 pessoas e na hora do ataque estavam no local 105 pacientes e do trabalho sanitário e 80 funcionários (locais e internacionais).

De forma descarada e cínica o Porta-Voz da missão da OTAN no Afeganistão, Coronel Brian Tribus, disse para toda a humanidade que o episódio foi um “Efeito Colateral”. Para a indústria bélica e para os senhores da guerra as razões econômicas são capazes de justificar, estupidamente, a morte de seres humanos inocentes.

Não existe nada de coincidência, mas na prática política Americana todos seus mandatários são obrigados a passar pelo dinheiro e aval da indústria armamentista. As metáforas são lindas na poesia que querem uma vida de paz e amor, mas nunca neste contexto de banalização do terror.

Penso que para produzir a cultura da paz temos que aprender a amar aos outros desinteressadamente. Aprender a lição de Hegel, que dizia que só nos damos conta de nossa singularidade enquanto ser quando nos reconhecemos no ser do outro. Ou seja, devemos entender que o nosso processo de humanização sempre estará ligado a aprendizagem das interações sociais que efetuamos com os outros.

A vida egoísta é nefasta à sanidade mental e à produção de uma vida afetiva, digna e generosa com o ser do outro na existência, necessariamente, social e coletiva. Cada conflito bélico que ocorre na história é, literalmente, a morte de um pedaço da humanidade que existe dentro de nós.

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