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Amor à queima-roupa – por Bianca Zasso

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Adrenalina e amor andam de mãos dadas desde o início dos tempos. Alguns acreditam que é apenas na calmaria que é possível viver um sentimento verdadeiro. Mas e quem disse que um simples e longo abraço não acelera o coração? Resumindo, mesmo em silêncio, amar é um verbo sempre acompanhado de frio na barriga.

Um dos casais mais empolgantes da história do cinema foi interpretado por Warren Beatty e Faye Dunaway, no clássico Bonnie e Clyde, dirigido por Arthur Penn em 1967. O filme deu início à chamada Nova Hollywood, uma geração de diretores, roteiristas e produtores que trouxe mais liberdade e autoria para o cinema americano. Só que 17 anos antes, um outro casal aprontou das suas e marcou a Sétima Arte à bala.

Mortalmente perigosa, do diretor Joseph H. Lewis e do roteirista Dalton Trumbo, tem os mesmos ingredientes de Bonnie e Clyde; o que muda é o modo de preparo. O talento de Lewis para resolver as situações do roteiro com criatividade, fugindo do comum, já mostra que estamos diante de um filme noir único, que não abandona o chão do clássico, mas também não se contém na hora de romper algumas fronteiras. Annie Starr, a “mocinha” (um termo que a personagem odiaria, diga-se de passagem) trabalha em um parque de diversões exibindo suas habilidades com a pistola. O único desafiante que consegue superá-la é Bart, um obcecado por armas e bom de mira desde a infância.

Bang! Nasce uma paixão. Sem esquecer das divisões dos personagens, Bart é o nosso mocinho, sem precisar de aspas. Apesar de orgulhoso de sua pontaria, matar não está nos seus planos. Seu prazer está em atirar, estourar garrafas e acender fósforos. Só que sua amada não tem problema nenhum em atravessar corpos com sua munição. Os opostos se atraem, já ouviu falar nisso?

Um exemplar fantástico do cinema policial, Mortalmente perigosa também poderia figurar na prateleira de romances. Nos anos 50, poucos foram os amores mostrados de maneira tão quente. Não bastasse o símbolo fálico da pistola, Annie insiste no papo de que quer mais ação junto com Bart. Acho que todos entenderam do que ela está falando. Isso porque o filme foi lançado ainda sob a mão puritana do Código Hays, uma série de regras criadas pelos estúdios para que os filmes não ferissem o que eles consideravam a moral e os bons costumes.

Entre os muitos absurdos do código, estava mostrar um casal juntos na mesma cama. Lewis entendeu direitinho. Annie e Bart não precisaram de cama para deixar fluir uma das mais fortes tensões sexuais de Hollywood. Mais que ousadias, Mortalmente perigosa tem momentos poéticos e ótimas atuações. Garante na plateia divertimento para a garota romântica e o garoto apaixonado por cenas de ação. Ou vice-versa.

Mortalmente Perigosa faz parte da seleção do segundo volume do box Filme Noir, da Versátil Home Vídeo. É o primeiro de seis filmes do pacote e garante uma entrada triunfal para quem quiser marcar uma maratona policial com os amigos e prestigiar a caixa inteira no final de semana. Outra opção bacana é fazer uma sessão dupla de Mortalmente Perigosa e Bonnie e Clyde. Dois exemplares que provam que o amor é uma rajada de balas.

Mortalmente perigosa (Gun Crazy)

Direção: Joseph H. Lewis

Ano: 1950

Disponível no box Filme Noir Vol. 2

Distribuição: Versátil Home Video

 

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