POLÍTICA. Delação de Delcídio atinge ‘meia República’
Parte havia vazado. Agora, não mais. O próprio Supremo Tribunal Federal tornou pública, inclusiveporque a acolheu, a delação premiada do senador Delcídio Amaral. Mesmo que nada seja provado (e, com certeza, muito poderá ser), há estragos contabilizados no governo e na oposição, atingindo em cheio pelo menos um ministro, Aloízio Mercadante, e o presidente do principal partido anti-Dilma, Aécio Neves.
Evitando a mídia nacional, de resto contaminada pelo ambiente, vamos combinar, o material a seguir é da versão brasileira online do jornal espanhol El País. A reportagem é de Afonso Borges e Afonso Benites. Lá embaixo você tem acesso à INTEGRA da delação. Acompanhe:
“Delação de Delcídio do Amaral é homologada pelo Supremo e se torna pública
Se já vinha fazendo estrago enquanto hipótese, a delação do senador Delcídio do Amaral (PT) deve aumentar mais alguns graus na crise política do país após sua homologação pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Teori Zavascki liberou o conteúdo das revelações feitas pelo ex-líder do Governo Dilma Rousseff à Procuradoria-Geral da República ainda nesta terça-feira. A delação confirma tudo o que já vazou do acordo de colaboração premiada, e piora muito a situação para a presidenta Dilma, e a oposição ao Palácio do Planalto também pode acabar em maus lençóis.
As primeiras informações sobre o conteúdo da delação davam conta de que o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, teria tratado com um assessor de Delcídio, após a prisão do senador por tentar interferir no andamento da Operação Lava Jato, para negociar seu silêncio — no Palácio do Planalto, o receio é de que Mercadante possa ser preso nos próximos dias. A se confirmar, a tentativa de interferência do ministro nas investigações leva a Lava Jato para o centro do Governo, já que Mercadante é o ministro mais próximo da presidenta Dilma — em entrevista coletiva, Mercadante se defendeu, dizendo que estava preocupado apenas com Delcídio. No depoimento, Delcídio ainda diz que tanto Dilma quanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sabiam da existência do esquema de corrupção na Petrobras.
Do outro lado do espectro político, o depoimento de Delcídio pode prejudicar o senador Aécio Neves (PSDB), um dos maiores expoentes da oposição. De acordo com a delação premiada do senador, Aécio teria atuado, ainda enquanto governador de Minas Gerais, para ocultar dados da quebra de sigilo do Banco Rural, que demoraram a ser enviados à CPI dos Correios, em 2005 — a comissão investigava o esquema do mensalão, cujo procedimento original remonta ao governo de outro tucano, Eduardo Azeredo, que foi condenado a 17 anos de prisão pelo esquema. A outra menção de Delcídio a Aécio em seu depoimento diz respeito a um esquema em Furnas…”
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Interessante notar que quando o assunto é política muitos usam argumentos jurídicos e quando o assunto é judiciário usam argumentos políticos. Tosco, mas funciona.
Presunção de inocência? Vide o caso Maluf, um inocente. Collor? Inocentado no Supremo por falta de provas. Anularam algumas, mas isto é detalhe técnico.
Democracia e ignorância nunca combinaram bem. Se na hora de votar esquecessem da 'presunção de inocência' (bonita no fórum) e utilizassem o 'por via das dúvidas', muita dor de cabeça seria evitada.