É ESPORTE. Dupla Rio-Nal e sua responsabilidade. E o Twitter do preconceito, vindo de um cronista famoso
Por RAMIRO GUIMARÃES
A responsabilidade de cada um
Duas derrotas e seis gols sofridos na rodada dupla de domingo com portões fechados no Estádio dos Eucaliptos levaram os dirigentes de Riograndense e Inter-SM à capital na tarde de segunda-feira. O plano: pedir, mais uma vez, ajuda ao presidente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF), Francisco Novelletto, para que os estádios de Santa Maria sejam liberados para receber o público na Divisão de Acesso deste ano.
A caminho de Porto Alegre, os cartolas santa-marienses até anunciaram (em tom de bravata, é claro) que o campeonato seria interrompido se as regras exigidas em Santa Maria não valessem para todas as outras cidades do Estado. Acreditar que a competição será suspensa a essa altura é tão ingênuo como apontar a Dupla Rio-Nal como favorita ao acesso (na verdade, é ao descenso).
A Divisão de Acesso não vai parar, mas Riograndense e Inter-SM voltaram de Porto Alegre com a promessa, ao melhor estilo Chico Novelletto, de que o Estádio dos Eucaliptos, talvez, possa ser liberado ao público ainda nesta semana. Como isso vai ocorrer não ficou bem claro. Bom, aí, já seria pedir demais…
O discurso de que estão querendo matar o futebol de Santa Maria é justo (cada um acredita no que quiser), mas não pode tirar o foco de todos os problemas relacionados ao péssimo rendimento dos times locais, os piores do Grupo A da Divisão de Acesso. Aliás, antes de falar disso especificamente, cabe lembrar que o Estádio Presidente Vargas, a casa do Inter-SM, não conseguiu sequer providenciar a documentação básica requerida pela Brigada Militar e pelo Corpo de Bombeiros, e é por isso que não pode receber partidas nem mesmo com portões fechados. E, no que diz respeito diretamente ao futebol, a Dupla Rio-Nal também não fez o suficiente para que o resultado dentro de campo fosse muito diferente disso que está aí.
A desorganização não ficou restrita à tarefa de verificar e providenciar a emissão dos alvarás. O Alvirrubro, por exemplo, passou os trabalhos a um técnico desconhecido que nem foi capaz de iniciar a competição. O auxiliar Feliciano Corrêa assumiu e já foi demitido para que o ex-zagueiro Thiago Costa virasse o treinador interino.
E, no lado do Periquito, Lucas Fossatti faz o possível para sanar todas as carências técnicas e físicas do elenco que lhe foi entregue. Com tantos erros, será mesmo que Riograndense e Inter-SM estariam em uma posição melhor na tabela se estivessem com os seus estádios regularizados? Sinceramente? É bem pouco provável. Mas, se essa desculpa serve a alguém, tudo bem. Pode fazer uso dela. E boa sorte.
Quem vem aí…
Esta era bem fácil de acertar: Rodrigo Bandeira logo estaria empregado na Divisão de Acesso após cair com o Glória. E a profecia feita na coluna se cumpriu. O técnico foi anunciado na tarde de segunda-feira como o novo comandante do Santa Cruz. Betinho Ijuí, ex-Inter-SM, colocou o cargo à disposição após o empate com o Guarani, de Venâncio Aires, e a diretoria do Alvinegro aceitou.
Agora, vem a melhor parte da história: Bandeira fará sua estreia na quinta-feira, em Santa Maria, contra o Riograndense, o clube que o contratou para a Divisão de Acesso, mas não teve dinheiro para pagar… Se o jogo no Estádio dos Eucaliptos for realizado (enfim!) com portões abertos, será curioso verificar a reação do torcedor esmeraldino ao ver na casamata do time adversário o seu ex-quase-técnico. E vice-versa, claro. Afinal, Rodrigo Bandeira foi vítima da falta de planejamento da diretoria do Riograndense. Deve estar bem motivado para “fazer o crime” neste seu breve retorno a Santa Maria…
Com gosto de taça
É claro que ser goleado por 3 a 0 pelo Inter não era o resultado dos sonhos do São Paulo, de Rio Grande. Isso é óbvio, né!? Porém, o apito final do jogo de domingo, no Estádio Beira-Rio, quase foi comemorado pelo representante da Zona Sul do Estado. Ele marcou o fechamento de uma campanha heroica no Gauchão.
Pelo que fez na primeira fase do Estadual, o São Paulo garantiu participação na Série D do Brasileirão, que começa no final de maio. O clube não jogava uma competição nacional há mais de trinta anos: desde 1982. E a caminhada no Estadual só aumenta a importância do feito alcançado pelos comandados do técnico Hélio Vieira e do gerente Renan Mobarack, ex-Riograndense.
O São Paulo tinha uma folha de pagamento mensal que girava entre R$ 100 mil e R$ 110 mil. Para ter uma ideia, tem clube na Divisão de Acesso gastando mais do que isso… E, para honrar dívidas de gestões anteriores, a atual administração são-paulina não chegou a botar a mão na bolada de quase um milhão de reais que a FGF repassa a cada participante da Série A. Ou seja, em comparação aos seus adversários diretos, jogou tanto (ou até mais) e com menos grana. Para fins de regulamento, o Campeão do Interior no Gauchão deve ser mesmo São José, de Porto Alegre. Mas, pelo que fez, o Leão do Parque pode, sim, ser considerado o Campeão “moral” do Interior.
Totalmente desnecessário
Um comentário preconceituoso (ou infeliz, para dizer o mínimo) feito pelo cronista esportivo Wianey Carlet no Programa Sala de Redação, da Rádio Gaúcha, recebeu o Troféu Polêmica do final de semana. Na sexta-feira, o comentarista disse, com todas as letras, que não gosta de ir à Arena, estádio do Grêmio, porque “fica num lugar ruim de chegar”. E conseguiu piorar explicando que não tem “nada contra pobre, mas ao lado tem uma favela”.
A diretoria tricolor reagiu às críticas ao Bairro Humaitá e emitiu uma nota oficial em seu site, assinada pelo Departamento de Responsabilidade Social. Segundo o texto, “a tentativa de relacionar um episódio de violência ao perfil sócio-econômico da vizinhança da Arena decorre de uma visão higienista e preconceituosa de classe com a qual o Grêmio não compartilha”.
Depois disso, o perfil oficial da Rádio Gaúcha no Twitter chegou a pedir desculpa pela manifestação de Wianey Carlet, reforçando que aquela não era a visão da emissora. Faltou, apenas, combinar com o resto da equipe. O narrador Pedro Ernesto Denardin, também via Twitter, acusou o Grêmio de estar sendo demagógico e mandou o Departamento de Responsabilidade Social ficar quieto. A mensagem foi apagada logo em seguida. Mas não evitou que fosse colocada mais lenha na fogueira…
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