EM PRIMEIRA MÃO. Confira aqui depoimento de pai de vítima da Kiss, processado pelo Ministério Público
Flávio José da Silva, um dos pais de vítimas da Kiss processado pelo Ministério Público, acusado de calúnia e difamação, fez um depoimento especial ao documentarista Luiz Alberto Cassol. Cassol é diretor (em parceria com Paulo Nascimento) do filme Janeiro 27 – que retrata a história dos pais, familiares e sobreviventes da tragédia da boate Kiss, ocorrida em 27 de janeiro de 2013, em Santa Maria, que matou 242 jovens e deixou mais de 600 sobreviventes.
“Acho uma completa inversão de valores um pai, além de todo o sofrimento que vive pela perda da filha nessa tragédia, ser processado. Parece-me algo inconcebível e desumano. Penso que uma de minhas funções como cineasta é buscar o questionamento sobre situações indescritíveis. Por isso, resolvi fazer essa entrevista”, diz Cassol .
O cineasta diz, também: “quando, juntamente com Paulo Nascimento, dirigi o documentário “Janeiro 27”, com a primeira versão lançada em 2014, sempre foi muito difícil, uma linha tênue ao impossível de compreender o que ocorreu. Tomamos também como nossa a causa dos pais, familiares, sobreviventes e muitas outras pessoas, que é a busca por respostas. Depois, voltamos a realizar entrevistas com novos depoimentos, sempre almejando ajudar os pais e fazer com que outras pessoas reflitam sobre o fato, para que não caia no esquecimento, para que nunca mais aconteça. Então, fizemos a versão final do documentário que, em 2016, está sendo lançada. É impossível colocar-se no lugar dos pais ou de quem viveu aquela madrugada. Mas o filme é a nossa forma de colaborar com essa causa.”
O depoimento de Flávio Silva – pai de Andriele, menina que morreu na tragédia – não faz parte do documentário. Ele foi gravado na segunda-feira, com a parceria do produtor Leonardo Peixoto, responsável pela operação de camera e áudio. “É preciso dar voz aos pais, sua dor e seus questionamentos. É preciso respeita-los e abraça-los. Reitero que processar um pai nessa condição é algo incompreensível.”, diz Cassol.
CONFIRA, ABAIXO, O VÍDEO COM O DEPOIMENTO DE FLÁVIO JOSÉ DA SILVA:
Em meio à perdas, tristeza e revolta, mais uma contribuição cidadã do Cassol, um cara que não conheço pessoalmente, mas admiro. Isso me basta. Já o sr. Flávio, um guerreiro permanente, mais forte do que sua dor pessoal, não pode ser julgado e nem condenado por buscar JUSTIÇA. Por não compactuar com a névoa de interesses que capeia essa triste situação.