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VIDA REAL. Era hobby, virou trabalho: o paisagismo. E João Carlos Maciel não quer saber mais da política

Maciel começou a trabalhar com paisagismo assim que foi demitido da Medianeira. O que, segundo ele, sempre foi um hobby, hoje é trabalho
Maciel começou a trabalhar com paisagismo assim que foi demitido da Medianeira. O que, segundo ele, sempre foi um hobby, hoje é trabalho

Por MAURICIO ARAÚJO (texto) e GABRIEL HAESBAERT (foto), no jornal A Razão

Desde a última segunda-feira, o ex-vereador pelo PMDB João Carlos Maciel, 66 anos, cumpre pena no regime semiaberto no Instituto Penal de Santa Maria. Na quinta-feira, o também ex-radialista recebeu A Razão e falou sobre sua atual situação. Maciel foi condenado a seis anos e oito meses de prisão por exigir salários de assessores, conforme a Justiça, enquanto presidia a Câmara de Vereadores de Santa Maria.

Maciel relutou em falar sobre essas questões. Não queria dar entrevistas. Acha que já foi exposto demais devido sua prisão. Quando cedeu, o ex-vereador desabafou, em parte, sobre os temas que o envolvem.

Maciel se diz arrependido de ter presidido o Legislativo Municipal em 2009. Emocionou-se quando falou sobre a relação com sua família. Chorou ao lembrar da infância simples e dos projetos sociais que não poderá dar continuidade a partir deste ano. Creditou seu declínio a pessoas influentes do meio político local e também não escondeu sua mágoa com o PMDB, partido pelo qual, por três vezes, elegeu-se vereador – sendo duas vezes o mais votado do município.

Apesar dos ressentimentos e desgostos, João Carlos Maciel afirma que quer ressurgir. Mas não na política e nem na rádio, onde foi um dos comunicadores mais populares de Santa Maria. Ele afirma que, agora, quer a simplicidade da vida, dedicar seu tempo à família e, enfim, reconstruir-se, inclusive na identificação pessoal. “Agora não quero ser nem Carlos, nem Maciel. Só João”, enfatiza o ex-vereador do município.

maciel 2Mágoas e ressentimentos do partido e da política

Em 2015, João Carlos Maciel, que é natural de São Luiz Gonzaga, foi preso em flagrante pela Polícia Federal por posse de medicamento de uso restrito, que estavam guardados na sede do seu programa de rádio. Em dezembro do mesmo ano, 16 dos 20 vereadores aprovaram a cassação do seu mandato parlamentar pelo mesmo motivo pelo qual cumpre pena.

No último fevereiro foi demitido da Rádio Medianeira por justa causa. Ele também mantinha programas sociais, como o Natal do Amor Maior, ação que distribuía presentes para crianças das periferias.

O declínio, conforme ele, começou quando assumiu a presidência da Câmara de Vereadores, em 2009. “Tentei fazer uma gestão séria. Cortei diárias, contive gastos. As pessoas não gostaram. Critiquei a Prefeitura. Começaram a me ver diferente, a me excluir. Acredito que tem gente grande por trás de tudo isso, mas não sei quem. Se eu pudesse voltar no tempo nunca teria assumido a presidência”, conta Maciel.

Quanto ao PMDB, o ex-vereador guarda mágoas. Ele afirma que vai se desfiliar em breve do partido. Segundo Maciel, alguns nomes da sigla o procuraram após a condenação, mas nada que suprisse o ressentimento. “Ajudei muita gente no partido. Mas, na primeira oportunidade, tanto do PMDB, quanto vereadores de outros partidos que também ajudei, votaram a favor da minha cassação”.

Uma nova rotina nada agradável

“O homem alegria do rádio” (jargão que popularizou Maciel na cidade), hoje trabalha como paisagista em uma empresa da área. Trocou a camisa e casaco por roupas mais simples. Se diz grato em realizar a atividade. Trabalhar permite a saída do Instituto Penal durante o dia.

Se antes dividia seu tempo entre Legislativo, rádio e ações sociais, hoje precisa se adaptar à nova rotina. Às 20h ele já está na casa prisional, onde dorme e só desperta às 5h30. Meia hora depois pega o carro no estacionamento e se descola até o local de trabalho. Maciel prefere não falar sobre sua permanência na casa prisional. Estes serão seu primeiro sábado e domingo no Instituto Penal, já que aos finais de semana ele não poderá sair do local.

Sobre a ida diária para o Instituto, o ex-vereador, emocionado, limitou-se a responder que “tem que ter muita força para continuar”.

Em seu novo trabalho, vai à casa dos clientes em uma Kombi branca. Nos locais monta jardins com plantas, pedras, árvores, entre outros. “Trabalhar me dá ânimo para continuar. Sempre trabalhei nisto por hobby, mas agora é meu ganho”, destaca.

Entre um trabalho e outro recebe diversas ligações. Na quinta-feira, durante a entrevista, pelo menos cinco pessoas ligaram para saber como ele estava e desejar-lhe sorte no processo. Um dos contatos foi de seu advogado, Mário Cipriani. Por alguns minutos eles trocaram informações sobre o caso.

O apoio da família e o fim dos programas sociais

João Carlos Maciel chorou ao falar da infância e de sua família. Filho adotivo de um casal de pastores, ele é casado e tem duas filhas. “Minha família dizia isso, para eu ficar em casa, não me meter tanto. Mas eu acredito que ajudar as pessoas era uma missão de vida. Elas me dão apoio, força, sabem do homem honesto que sou. Mas, infelizmente, o efeito político partidário é devastador. Destruíram um cidadão”, emociona-se.

Outro ponto destacado por Maciel são os programas sociais. Por 42 anos ele realizou essas atividades. “Todos os anos eu ajudava mais de 7 mil crianças com o Natal do Amor Maior. Este ano vai ser muito difícil”.

O Futuro e as consequências

Maciel recorreu da decisão do Tribunal de Justiça ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele foi condenado por peculato por ter exigido parte dos salários de três assessores enquanto era presidente do Parlamento Municipal. Enquanto aguarda o resultado da terceira instância, ele terá que ficar recolhido no Instituto Penal, onde tem 130 apenados dos regimes aberto e semiaberto.

O ex-vereador prefere não falar sobre as decisões que podem vir do STJ. Afirma que só quer paz, levar uma vida simples com a família, sem holofotes e principalmente distante da política.

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Um Comentário

  1. Bem ,se ele falou que tem gente grande por trás da sua derrocada-então aquele baixinho careca do palácio rosa está tranquilo. O João não está falando dele. Sabe nada-Inocente….

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