EM TEMPO: em material publicado agora há pouco, a própria FSP reconheceu o “PROBLEMA”. Mas o editor resolve manter o artigo original, porque ele dá as pistas do que aconteceu.
Por FLÁVIA BARREIRO, na versão brasileira online do jornal espanhol EL PAÍS
“O que seria melhor para o país?”, questionava um gráfico publicado pela Folha de S. Paulo de domingo referente à mais recente pesquisa Datafolha. Seguiam-se números: 50% Temer voltar, 32% Dilma voltar, 4% nenhum dos dois, 3% eleições e 11% Outros/Não sabe. Chamou especialmente atenção, como publicado sábado, a queda drástica de apoio à tese das novas eleições, que em diferentes pesquisas e com diferentes perguntas, inclusive do próprio instituto, rondavam, há três meses, acima de 50%. Ocorre que o Datafolha não perguntou diretamente sobre novas eleições, mas apenas, nesta pergunta, se preferiam que o presidente interino permaneça ou que a petista retorne ao Palácio do Planalto. A pergunta estava incompleta e o gráfico, no entanto, não explicitava que eram essas as únicas alternativas estimuladas no questionamento e podem ter levado a uma leitura equivocada da informação, de acordo com especialistas consultados pela reportagem. Além disso, ao contrário de abril, o instituto não fez pergunta isolada a respeito da possibilidade de eleição em caso de renúncia dupla de Temer e Dilma.
No polarizado ambiente da crise política brasileira e com a ausência, até recentemente, de pesquisas de opinião sobre o cenário, o tema abriu controvérsia desde domingo, que cresceu na noite de terça-feira quando o jornalista Glenn Greenwald, do portal Intercept, acusou a Folha de “fraudar” a apresentação da pesquisa para favorecer o Governo interino – a semanas da votação do Senado que decidirá o veredito final do impeachment e o destino da presidência brasileira. Questionados pelo EL PAÍS, na manhã e tarde desta quarta-feira, a Folha e o instituto informaram no final da tarde que, por causa da repercussão, não responderiam as perguntas da reportagem, que deveria aguardar uma texto que o jornal publicará em breve sobre o tema.
“Deveria estar claro no gráfico, com cores ou asteriscos, o que se tratava de resposta estimulada e o que se tratava de resposta espontânea”, opina a socióloga Fátima Pacheco Jordão, especialista em pesquisas de opinião. Quanto a ausência de uma pergunta específica sobre a possibilidade de eleição, Jordão acredita que o Datafolha poderia fazê-lo para informar o leitor de uma opção que, embora não esteja previsto legalmente, a não ser em caso de renúncia dupla neste ano, foi aventado publicamente pela presidenta afastada Dilma Rousseff como uma bandeira que ela abraçaria, caso retorne ao Planalto. “Essa pergunta sobre novas eleições poderia ser feita em outra pergunta, como uma proposta feita por Dilma, ainda que não esteja no jogo. O instituto deixa de informar sobre algo que pode ter desdobramento.”
Um outro especialista em pesquisa de opinião, que preferiu falar anonimamente, criticou tanto a apresentação dos dados pelo jornal como a ausência da pergunta sobre a possibilidade do novo pleito argumentando que, com o aceno de Dilma, o tema, em sua opinião, é agora mais relevante do que era em abril. Ainda de acordo com esse especialista do mercado de pesquisas, com a imprecisão, o Datafolha, de propriedade da Folha,abre um “enorme flanco” para questionamentos. Uma das últimas cartadas da presidenta afastada para conseguir os votos de senadores para se salvar do impeachment é se comprometer com um plebiscito para realizar uma nova eleição, daí a ansiedade pelo dado por parte dos apoiadores de Dilma, que esperavam contar com um índice popular da adesão à tese para tentar convencer os parlamentares, uma empreitada considerada extremamente difícil no momento. Em abril, o Datafolha apontou que 79% da população seria favorável a nova votação para presidente em caso de renúncia dupla, uma posição, então, defendida pela Folha em editorial. Pesquisa do Ibope pouco depois registrou apoio de 62% à possibilidade de eleições.
Há outras diferenças entre os questionários de abril, antes da votação do processo de impeachment pela Câmara dos Deputados, e o aplicado em 14 e 15 de julho, com dois pontos de margem de erro para mais ou para menos. Na pesquisa de três meses atrás, o Datafolha perguntou ainda se a população era a favor do impeachment de Temer (58%) e fez algumas perguntas sobre o alcance da Operação Lava Jato – se a investigação atingiria políticos da então oposição, agora situação. As duas perguntas, além das novas eleições não voltaram a ser feitas.
A controvérsia em torno dos questionários do Datafolha cresceram agora, mas as perguntas já haviam atraído críticas em abril. Na época, a formulação sobre um possível processo de destituição de Temer, congelado na Câmara e sem perspectiva real de andamento, desagradou apoiadores de Temer, como o jornalista e colunista da Folha Reinaldo Azevedo. “Não faz sentido, a meu ver, o Datafolha indagar se as pessoas são favoráveis ao impeachment de Michel Temer. Trata-se de um erro brutal cometido pelo instituto, ao qual a Folha dá enorme destaque porque, suponho, encomendou o levantamento”, escreveu ele em seu blog.
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Glenn Greenwald tem simpatias bem conhecidas.
Novas eleições estão fora do cardápio. Temer não vai renunciar, é algo que só ele pode decidir. Se Dilma voltar, não sai mais. Este negócio de reassumir o cargo e convocar novas eleições é mentira, como era o “tudo está bem” lá atrás. Tem que ser muito imbecil para achar que a presidente afastada vai fazer em dois anos e pouco o que não conseguiu fazer em cinco, que vai mudar seu modo de agir.
Dilma voltando provoca o derretimento da economia ou prolongamento da estagnação. Equipe econômica pede demissão no ato, não vai trabalhar para esta senhora conhecida pela inteligência, humildade e civilidade.
Mesmo que ela voltasse, Temer pedisse a conta e por milagre convocassem novas eleições gerais, as memas seriam pela regra atual. Renam seria reeleito, Cunha concorreria, toda a tigrada voltaria com novo mandato. A instabilidade prejudicaria mais ainda a economia. Mais mentiras e estionatos eleitorais.