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KISS. Familiares das vítimas não escondem a revolta contra a decisão que devolve prédio para proprietária

Já no início desta semana, o prédio da Kiss estará sem proteção legal. Magistrado determinou a retirada dos policiais militares que ali ficam
Já no início desta semana, o prédio da Kiss estará sem proteção legal. Magistrado determinou a retirada dos policiais militares que ali ficam

Na versão online do jornal ZERO HORA, com foto de DEIVID DUTRA, do jornal A RAZÃO

Representantes das famílias de vítimas da tragédia da boate Kiss, em Santa Maria, estão revoltados com a ordem judicial que determinou a devolução do prédio onde funcionava a danceteria ao dono, a Eccon Empreendimentos de Turismo e Hotelaria, com sede em Porto Alegre.

Sérgio Silva, presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), considerou a decisão um desrespeito.

– Infelizmente, o interesse econômico está acima da dignidade humana. Em todos países descentes, o poder público desapropriou locais onde ocorreram tragédias semelhantes. Em Buenos Aires, a boate Cromañón que ocupava um quarteirão (onde morreram 194 pessoas em um incêndio) está fechada há 12 anos – afirma Silva, militar da reserva do Exército.

Ele ressalta que a associação deseja a desapropriação do prédio e que já fez a solicitação à prefeitura, mas foi negada.

– Mas vamos continuar lutando pela desapropriação, cobrando dos próximos prefeitos. Depois, estudaremos com a comunidade qual o destino mais adequado para o prédio –  assegura.

Silva lembrou que a entidade rejeitou a ideia de um memorial porque a proposta partiu da prefeitura de Santa Maria e do Ministério Público, segundo ele, um absurso, por vir do “acusado e do acusador ” da tragédia que matou 242 pessoas e deixou 636 feridas.

Flávio Silva, vice-presidente da AVTSM, também demonstra preocupação com a decisão do juiz Ulysses Fonseca Louzada, da 1ª Vara Criminal de Santa Maria, em liberar a retirada de pertences das vítimas, como roupas e sapatos, que ainda estão no interior da Kiss. No final de 2014, o prédio foi submetido a uma limpeza, e os objetos guardados em tambores lacrados.

– Antes da limpeza, pedimos autorização para buscas os pertences de nossos filhos, e gerou polêmica porque a justiça exigiu a apresentação de um plano de descontaminação por uma empresa credenciada à Fepam. Agora não tem mais perigo? – questiona o microempresário.

Ele ainda teme a depredação do local. A Brigada Militar vigiará o prédio até segunda-feira e depois o compromisso será da Eccon Empreendimentos.

– A preocupação é com saques e invasões por pessoas que não tem onde morar. Vamos organizar uma reunião para discutir isso — promete Flávio Silva.

Em 2015, a empresa dona do prédio informou que pretendia construir no local um hotel com salas comerciais no térreo. Zero Hora tentou contato neste sábado por telefone com o advogado da Eccon, Paulo Henrique Correa da Silva, e com o juiz Ulysses Fonseca Louzada, mas eles não atenderam aos chamados.

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6 Comentários

  1. A Eccon Empreendimentos sabia e estava acompanhando as várias reformas que os seus locatários (Kiko e etc.) estavam fazendo na Boate?
    Claro que sim. Pois inquilino nenhum faz tantas alterações num imóvel sem o consentimento do dono. E pelo que me consta, a proprietária também saiu livre deste processo, aliás, não só ela, mas a Prefeitura de Santa Maria também, que deveria ter avaliado os protocolos de segurança pós reformas e obras no interior do empreendimento. Este processo é um deboche escrachado e causa muita indignação. É vergonhosa e ultrajante a cara de pau de algumas pessoas tentando justificar o indefensável. Ah, alguém aí sabe quem são os donos da Eccon?

  2. A sociedade entende a tragédia, a tristeza, mas daí bancar a desapropriação e o memorial, bem como a manutenção, funcionários, etc, para sempre? Não tem sentido.

    Tragédias acontecem todos os dias. Caem aviões. Barragem de mineradora se implode e destrói uma cidade, matando pessoas, mas não se precisa ou se deve, como sociedade, arcarmos com mais um elefante branco, como bem disse “O Brando”.

    O que serve de alerta não é um memorial, mas sim, o que se precisa é:

    – mudança de lei, que por incrível que pareça ainda estão “batendo a cabeça” sobre ela.

    – esse dinheiro retornaria muito mais se investissem na estrutura, equipamentos e treinamentos do Corpo de Bombeiros. Quando o incêndio aconteceu, os bombeiros não tinham nem oxigênio em quantidade suficiente, fato que obrigou pessoas desesperadas, por livre e espontânea vontade, a ajudarem, mas estavam sem proteção. Alguns ficaram doentes e outros morreram por causa disso.

    Lei decente e investimento em equipamentos e estrutura dos bombeiros, então teremos (bons) resultados. Precisamos ser práticos. Eficientes. Realistas. Os recursos públicos estão cada vez mais escassos.

  3. É fácil opinar e dizer que isso pode ou não pode quando não se está envolvido. Que quem tem interesse que compre etc etc. Para mim é um lugar que deveria ter um memorial com o nome e foto de todas as vítimas. Para que país e familiares pudessem visitar, levar flores, orar. Também serviria de alerta para que isso nunca mais se repita.

  4. Primeiro é necessário saber se a comunidade concorda em tirar dinheiro da saúde e educação para colocar em fantasias e elefantes brancos. Se os interessados quiserem juntar dinheiro e tentar comprar dos donos, aí é outra história.
    A melhor coisa que pode acontecer é a empresa de emprendimentos demolir o prédio e transformar num estacionamento.

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