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POLÍTICA. Farret, indiretamente, se refere a Temer: “o vice não pode conspirar”, diz ele ao jornal A Razão

Há 10 dias, Farret assumiu pela terceira vez. Vai finalizar o mandato de Schirmer, que renunciou para virar secretário de Segurança
Há 10 dias, Farret assumiu pela terceira vez. Vai finalizar o mandato de Schirmer, que renunciou para virar secretário de Segurança

Por JOSÉ MAURO BATISTA e JOYCE NORONHA (texto) e GABRIEL HAESBAERT (foto), em A Razão

“O vice não pode conspirar”. A frase é do novo prefeito de Santa Maria, José Haidar Farret (sem partido), que assumiu o cargo no dia 8 de setembro com a renúncia de Cezar Schirmer (PMDB) para assumir a Secretaria Estadual de Segurança Pública. Mesmo que ele não tenha feito referência direta, a declaração remete ao vice Michel Temer (PMDB), que virou presidente da República com o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Também soa como um juramente de lealdade a Schirmer, de quem foi vice por quase oito anos.

Na tarde de quinta-feira, entre uma agenda e outra, Farret recebeu o Jornal A Razão para uma entrevista. O terceiro andar do edifício João Fontoura Borges (SUCV), sede do governo municipal, onde fica o Gabinete do Prefeito, passou a ser o novo espaço de Farret na Prefeitura. De cima, é possível visualizar toda a Avenida Rio Branco com seus prédios antigos misturados à arquitetura moderna. É lá que o médico formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) pretende encerrar a sua terceira passagem como chefe do Executivo Municipal.

Quando entregar o cargo a seu sucessor no dia 1º de janeiro do próximo ano, Farret terá completado 8.030 dias na Prefeitura. Nos seus quase 50 anos de vida pública, são 22 anos de administração municipal, sendo dois mandatos completos como prefeito, três como vice e os quatro meses restantes do mandato de Schirmer. Serão 3.770 dias como chefe do Executivo e 4.260 como vice-prefeito. Até hoje é quem mais tempo ficou na Prefeitura como gestor.

E de vice, Farret entende bem por ter desempenhado a função entre 1972 a 1976, na gestão do prefeito Arthur Marques Pfeifer. A relação entre os dois não foi lá não tão boa que virou uma lenda no meio político (A maldição dos vices). Farret nega que ele e Pfeifer tenham brigado. “O problema era com um secretário de governo. Só isso”, afirma, sem citar o nome do desafeto. Na gestão em que foi prefeito pela primeira vez, Farret nunca deixou o vice, Erony Paniz assumir. Ele também tem uma justificativa. “O Paniz não podia assumir porque era superintendente da Caixa”.

Farret não esconde a mágoa por estar impedido de concorrer por conta de uma condenação judicial envolvendo sua atividade na Medicina (um atestado de vida de uma pessoa morta). “Eu não posso ser votado, mas posso votar. A Dilma foi cassada e não perdeu os direitos políticos. Eu devo ter feito algo mais grave que ela”, ironiza. Confira a entrevista abaixo.

Em edição de 1992, Farret comemorou a vitória para segundo mandato como prefeito de Santa Maria (Reprodução/A Razão)
Em edição de 1992, Farret comemorou a vitória para segundo mandato como prefeito de Santa Maria (Reprodução/A Razão)

A vida pública e seus feitos

A Razão – Como o senhor começou a sua vida pública?

Farret – Iniciei minha vida publica em 1968. Um ano antes de me formar em Medicina, fui eleito vereador, pela Arena, por 1.828 votos. De 1972 a 1976, neste período eu fui eleito vice-prefeito do doutor Arthur Marques Pfeifer, agora falecido, que foi eleito prefeito. Concorremos contra duas chapas, mas aí não lembro quantos votos recebemos, teria que olhar no diploma, por que quando assumimos o cargo somos diplomados e ali tem a informação. Depois fui eleito prefeito de 1982 a 1988, naquele tempo eram mandatos de seis anos e daí já era o PDS. Essa eleição foi vinculada. Foi a primeira vez que usaram este modelo de pleito. Era vinculada para governador, deputado estadual, deputado federal e senador, tinha que ser com todos os partidos. Essa eu meu lembro, 37.500 votos para todo o partido. Depois de 1992 a 1996, quatro anos de prefeito também, pelo PP, a partir daqui tudo que me elegi foi pelo PP. Nesta eleição eu concorri sozinho contra todos os outros partidos e fizemos 85% dos votos, acho que foi uns 52 mil votos. De 1998 a 2002 fui deputado estadual, nesta eu fiz 37,5 mil, só em Santa Maria fiz 33,5 mil e já saia eleito para o cargo. De 2002 a 2006 fui reeleito deputado estadual, com 42 mil votos. Em 2008 entre na Prefeitura, como vice. E de 2008 a 2010 atuei como secretário de Saúde, mas ganhava só como vice, não recebia dois salários.

Mas antes disso tudo eu fui presidente do Grêmio estudantil da Escola Manoel Ribas (Gemar). E depois fui reeleito no Gemar para a função com 1.415 votos contra 32 do meu adversário. E na faculdade fui membro do Diretório Acadêmico da minha turma em 1969.

AR – Para o senhor qual foi uma obra, física ou simbólica, que marcou a sua gestão como prefeito?

Farret – Uma obra física, a ligação da Avenida Medianeira com a Avenida Presidente Vargas. Lá tinha uma sanga, não passava veículo. E a ligação entre Visconde de Pelotas… Aliás, ligação da Avenida Medianeira, via Rua Visconde de Pelotas, até o Bairro Salgado Filho. E ligação da Avenida Medianeira, via Rua Barão do Triunfo, até o Salgado Filho também. Outra, a construção de dois ginásios, o Centro Desportivo Municipal. Apesar do apelido (Farrezão), eu sempre chamo de Centro Desportivo Municipal. E o outro é o Oreco, na Tancredo Neves. Uma praça bonita, a Marechal Mallet, na frente do Regimento Mallet. E outra coisa, quando eu assumi, não tinha ruas calçadas em vilas. Iniciei os calçamentos em vilas mais humildes de Santa Maria, na periferia.

AR – Qual a função de um vice?

Farret – Uma dica que vou dar, a função do vice é substituir o prefeito, quando ele não está, ou assumir alguma função que o prefeito lhe dá para auxiliar. O vice não pode ser conspirador. O vice tem que acompanhar o prefeito nas alegrias e nas tristezas, este é o principal, daí não dá briga…”

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Um Comentário

  1. Farret, se você tivesse dado um “chega para lá” no Schirmer há alguns anos, convencendo-o que era melhor tirar umas “férias definitivas” e desaparecer dos olhos de Santa Maria, talvez essa cidade hoje estivesse um pouco melhor. O seu “convite” para ele sumir de vista não estaria no nível de uma conspiração, mas seria uma chance de continuarmos caminhando. Não é para você se sentir orgulhoso do que eu escrevi, pois leia bem… “talvez um pouco melhor”.

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