O Centenário de Ulysses Guimarães – por Daniel Arruda Coronel
No dia seis de outubro faria cem anos Ulysses Guimarães, o qual teve um papel decisivo para a redemocratização do país, para a promulgação da Constituição de 1988 e para o processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor. Ulysses foi de uma safra rara de políticos que fazem falta ao país por algumas características, tais como espírito institucional, capacidade de ouvir e dialogar, ética, honestidade e defesa permanente da democracia.
Ulysses teve forte atuação na luta contra a ditadura militar, embora tivesse apoiado inicialmente o golpe que destituiu o governo constitucional e legítimo de João Goulart. Contudo, posteriormente, liderou com maestria a oposição ao estado de exceção do país, sendo o líder da campanha das Diretas Já, a qual mobilizou o país em busca de um interesse comum, ou seja, a possibilidade da população soberanamente escolher o seu presidente da república.
Derrotada a campanha das Diretas, não titubeou e apoiou a candidatura de Tancredo Neves no colégio indireto, por entender que esse era mais moderado e por isso capaz de organizar uma frente competitiva, o que acabou culminando com a vitória de Tancredo e Sarney sobre Maluf. Em 1985, com a doença e posteriormente a morte de Tancredo, mais uma vez deu uma prova de seu espírito republicano ao não patrocinar e nem incentivar nenhuma medida populista que viesse a não permitir a posse de José Sarney.
Na Constituição de 1988 teve voz firme e serena para conduzir tal processo, como ele mesmo disse: “A Constituição certamente não é perfeita. Ela própria o confessa ao admitir a reforma. Quanto a ela, discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca”. O seu discurso em outubro de 1988, na promulgação da Constituição, é cada vez mais atual e republicano, pois observa-se a defesa permanente da ética e da democracia, repilando qualquer tentativa golpista e populista, algo totalmente pertinente ao Brasil de hoje, pois como ele mesmo disse: “Traidor da Constituição é traidor da Pátria. Conhecemos o caminho maldito. Rasgar a Constituição, trancar as portas do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio e o cemitério. Quando após tantos anos de lutas e sacrifícios promulgamos o Estatuto do Homem da Liberdade e da Democracia bradamos por imposição de sua honra. Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo”.
Com certeza Ulysses não foi uma unanimidade nacional e nem um político perfeito. Contudo, a atuação do velho timoneiro do antigo MDB deve servir sim como um exemplo a ser seguido pelos que lutam e querem que a política seja a busca constante do bem comum, da diminuição das desigualdades econômicas e sociais, da liberdade e da democracia, sempre embasados na ética, na moralidade e na honestidade.
OBSERVAÇÃO: a foto que ilustra este artigo é uma reprodução de internet.
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