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Lipoaspiração dos juros bancários – por Vitor Hugo do Amaral Ferreira

Aplaudida, após ter sido anunciada aos quatro cantos, a redução de juros, em meu entendimento é mais um alerta do que um avanço aos consumidores. Não quero fazer discurso pessimista, tampouco atirar-me na área complexa dos números, fórmulas e índices, pertinente aos economistas. Apenas, reforço o eco de que assumimos um comportamento consumista, subordinado a uma vida a crédito.

Neste contexto, compra-se felicidade, financiam-se desejos, parcelam-se sentimentos. Não raramente,os anúncios publicitários propagam: “financiamos os seus sonhos”.

Leonardo Boff materializou a ressalva de que já nos meados do século XIX Karl Marx escreveu profeticamente que a tendência do capital ia na direção de destruir as duas fontes de sua riqueza e reprodução: a natureza e o trabalho. É o que está ocorrendo. A capacidade de o capitalismo adaptar-se a qualquer circunstância chegou ao fim.

Como um ato de benevolência os juros bancários no Brasil sofreram redução por força meramente política em que o Banco Central determinou a redução de 9,75% para 9% (o menor patamar em dois anos – comemorarmos?!).

O Governo Federal, em habilidosa manobra, usou do convencimento dos bancos públicos para atingir os privados. Ainda que possamos ganhar impulso econômico com a queda dos juros; ainda que se compartilhem vitórias e multiplique a alvorada de novos tempos;somos a sexta economia do mundo não por qualidade, mas sim pelo tamanho, extensão. O cortejo norte-americano não é a toa, estamos entre os maiores consumidores dos EUA.

Hilary Clinton comemorou, em discurso, “os brasileiros são bem vindos, gastam U$7 bilhões ao ano no turismo americano”. E ela aqui no Brasil, vendendo as maravilhas americanas. E nós?

Historicamente são eles os vendedores e nós os compradores de gato por lebre. Brasileiros gastando bilhões de dólares ao ano lá, financiado no Brasil e depositando nos EUA. Assim vamos ajudar a economia mundial a ser o que ela sempre foi: eles mandam e nós obedecemos; pois quando os financiamentos nacionais quebrarem eles vão estar bem com a grana que deixamos por lá.

A redução de juros de bancos até pode simbolizar um aumento do ânimo na economia, mas que não seja difundida como sinônimo de oportunidades e novas compras. Por certo, aumenta-se a competição entre os bancos, mas longe de melhores condições aos consumidores.

Em metáfora possível vale saber que lipoaspiração é um procedimento médico, na maioria das vezes, para fins estéticos, em que se remove gordura. Apego-me à analogia de que a lipoaspiração dos juros bancários só é possível por que os Bancos têm muita gordura a queimar. A saber, ainda creio que seja só para fins estéticos (coisa pra gringo ver), ou seja, política boa para a própria política; na prática talvez não seja nem boa, tampouco política.

Vitor Hugo do Amaral Ferreira

[email protected]

@vitorhugoaf

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