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Pasqualidades – por Pylla Kroth

Havia decidido não cair na obviedade de escrever sobre a data celebrada no primeiro dia desta semana, o domingo de Páscoa, mas percebi que o assunto merece algumas linhas, e aqui estamos.

Todo ano é a mesma coisa, simultaneamente à corrida comercial que envolve a celebração, tanto da Sexta-feira Santa quanto do próprio domingo de Páscoa, muitas pessoas procuram esclarecer ou ao menos relembrar uns aos outros, através de diferentes maneiras, do significado contido na data.

As emissoras de TV aberta aproveitam-se da ocasião para rechear suas programações com filmes, documentários, reportagens sobre a figura de Jesus Cristo e temática relacionada à Paixão; nas redes sociais brotam textos, comentários, pensamentos, compartilhamentos sobre o assunto; e nas igrejas naturalmente as celebrações desta semana em particular são as mais procuradas, na mesma proporção que ocorre na época de Natal.

E até mesmo as pessoas e grupos seguidores de religiões anteriores ao cristianismo, como no caso do judaísmo e do paganismo e suas respectivas correntes, para as quais a Páscoa tem outras leituras e heróis que não o Cristo, realizam suas devoções relacionadas à data. No caso dos judeus a Páscoa é a comemoração da libertação do povo israelita dos anos de escravidão no império egípcio, e para os paganistas em geral o correspondente à páscoa são os ritos de Ostara, que celebram a fertilidade e a chegada da primavera nos países do hemisfério norte, donde estas crenças são oriundas.

Mas seja o culto que for, cristão, judeu, pagão, de uma forma ou de outra a Páscoa está relacionada intimamente a uma atitude, sentimento ou ao menos desejo de renovação e esperança como o mais importante significado da data.

Penso que às vezes tanto mais autêntico é o significado pessoal que imprimimos às datas relevantes em que se comemoram eventos simbólicos relacionados à fé de maneira universal quanto menos falado e mais vivido ou realizado ele é.

Existe uma pureza inquestionável nas memórias de infância de muitos de nós, que somos jovens há mais tempo do que os mais jovens, lembranças das cozinhas das avós nos dias de Páscoa, sobre a mesa as cestinhas de palha repletas de casquinhas de ovos que foram cuidadosamente guardadas durante semanas, pintadas manualmente ou delicadamente forradas com papel de seda colorido, depois recheadas com amendoim doce, carapinha ou doce de leite.

E quem vai dizer que no laborioso ritual da criançada construindo ninhos, escondendo-os embaixo das camas para que “o coelhinho”, que todos sabíamos muito bem que era a mãe, a vó, ou a tia, mas fingíamos não saber pela magia da coisa, viesse ali depositar os presentes em forma de doces, não carregava a mais pura expressão de Esperança que nunca mais iremos conhecer tão intensa?

Acredito, assim, que o verdadeiro significado e espírito pascal, independente da crença ou da religião seguida à qual está relacionado seja justamente este, da pureza, da manutenção da Esperança. E esperança do verbo “esperançar”, diferente de esperar, onde implica em não apenas parar e ficar esperando algo cair do céu, como se Deus ou o destino devessem fazer tudo por nós, mas de trabalhar fazendo a nossa parte para alcançar algo que desejamos, esperando pela providência apenas no que não depende exclusivamente de nós. “Coelhinho da Páscoa o que trazes pra nós?”

OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a imagem que ilustra esta crônica é uma reprodução da internet.

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