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MÍDIA. Após 40 anos de RBS, Verissimo considera que sua demissão foi tomada por decisão administrativa

Por Maiquel Rosauro

O jornal Extra Classe publicou nessa sexta-feira (15) uma interessante entrevista com Luis Fernando Verissimo. Na matéria assinada por Flavio Ilha, e ilustrada com fotos de Igor Sperotto, o escritor fala sobre sua demissão da RBS após quatro décadas de dedicação à empresa da família Sirotsky e comenta como tem se ocupado com o tempo livre.

Verissimo também fala sobre seu incrível acervo, censura, MBL e muito mais. Confira o trecho inicial e, mais abaixo, o link para a entrevista completa:

O brasileiro está mudando de caráter

Luis Fernando Verissimo concedeu a entrevista ao jornal Extra Classe. Foto Igor Sperotto / Jornal Extra Classe

O cidadão Luis Fernando Verissimo, 81 anos, nascido em Porto Alegre no dia 26 de setembro de 1936, está oficialmente livre desde 1º de setembro de 2017. Demitido da RBS depois de 40 anos de contribuição quase diária, o escritor, cronista, músico, desenhista e pensador tem agora um imenso desafio pela frente: manter atualizado o recente contrato de comodato que firmou com a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). O acervo de textos, rascunhos, traduções, cartuns e outras criações está sendo transferido para a biblioteca do novíssimo campus de Porto Alegre. Tarefa difícil, já que o acervo é composto por 382 livros, entre títulos do autor, antologias e edições estrangeiras, mais de mil títulos de periódicos, além de troféus, quadros, esculturas e outros objetos recebidos pelo escritor como forma de homenagem. Difícil porque Verissimo ainda está em pleno exercício produtivo. E também porque não pretende morrer tão cedo.

“Eu acho que o acervo devia ser apenas de obra acabada, o que evidentemente não é o caso. Então, digamos que seja um meio acervo de um autor meio vivo”, brinca Verissimo com sua ironia contumaz. Formalizado na última quarta-feira, 13, o acervo irá ocupar a partir de agora, segundo Verissimo, “um cantinho” da biblioteca da Unisinos e estará disponível para consulta por estudantes, pesquisadores e público em geral.

Com recorrentes problemas de saúde desde meados de 2013, que lhe renderam algumas semanas em UTIs e muitas horas em salas de cirurgia, o escritor continua sagaz e extremamente crítico, especialmente com os rumos do Brasil.

Elegante e discreto, diz que sua demissão da RBS – depois de uma ruidosa homenagem pelos seus 80 anos, comemorados em 2016 – foi uma decisão administrativa. Mas sabe que, na prática, foi o último laço profissional que o ligava ao Rio Grande do Sul – descoberto pela L&PM, há anos ele publica seus livros pelo selo Cia. das Letras. “Hoje, a única relação do pai com o Rio Grande do Sul é apenas morar em Porto Alegre”, lamenta a filha Fernanda, que junto com a esposa Lucia ajuda a cuidar do acervo do cronista.

A demissão da empresa que ajudou a revela-lo nacionalmente e se tornar um best-seller acabou determinando a interrupção de projetos que tomavam tempo demais do escritor, como as tiras semanais da Família Brasil e os textos semi-ficcionais publicados aos domingos no jornal O Estado de São Paulo. “Eu realmente estava trabalhando com coisa demais, então foi só para trabalhar menos. Como fui demitido da Zero Hora, não tinha mais sentido manter só para um jornal”, diz nesta entrevista para o ExtraClasse, realizada na sexta-feira, 15, no escritório intocado que foi do pai, o romancista Erico Verissimo.

Na conversa, Verissimo relatou um pouco sua relação com a escrita, as preocupações com a onda reacionária que toma conta do país e o arrependimento de não ter seguido a carreira de músico – o escritor é um saxofonista amador desde os 16 anos. “Eu lamento não ter me aprofundado na música porque hoje eu preferiria ser músico do que qualquer outra coisa”, confessou. Divertido, paciente, com sua conhecida parcimônia com a palavra falada, Verissimo chegou inclusive a revelar qual livro seu poderia ser queimado em praça pública pelo MBL – quando esse momento chegar. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Extra Classe – Por que essa ideia de ceder seu acervo a uma instituição universitária?
Luis Fernando Verissimo – A ideia do acervo é justamente essa: pesquisadores, estudantes e qualquer pessoa se informar sobre o autor, fazer pesquisa, essas coisas. Está ali para quem quiser ver. Então, o acervo vai ser um cantinho ali da biblioteca da Unisinos (no campus de Porto Alegre). Ficou simpático. Por enquanto reunimos material físico, mas é uma discussão que temos de ter. De vários anos para cá os textos são digitais, não há mais originais impressos. E muito material está só no formato digital, nunca foi para uma publicação física.

EC – Começa em 1969?
Verissimo – Sim, com as primeiras publicações na Zero Hora. Algumas coisas de publicidade, também, muitos anúncios publicados, com autoria. Roteiros da TV Pirata, da Comédia da Vida Privada. E vai para lá também um exemplar de cada primeira edição, as traduções em russo, inglês, francês, italiano, coreano, sérvio. Tem troféus, presentes.

EC – Os horóscopos não?
Verissimo – Não, acho que não (risos). Tem muita ilustração, também. Campanhas da Ipiranga, da época da (agência) MPM. Coisas que a Lúcia guardou ao longo do tempo. Tem muito rascunho, muitos papéis avulsos. Frases. Muitos desenhos, geralmente de figuras humanas. Mas nada feito para usar em textos, é só passatempo mesmo. Enquanto se está pensando sobre que escrever, vou desenhando. Nesse caso, apelo muito para o jogo da paciência também. Mas isso não está indo para o acervo (risos). A tesoura da Lúcia é incrível.

CLIQUE AQUI e leia, na íntegra, a entrevista de Veríssimo ao jornal Extra Classe.

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3 Comentários

  1. Para obrando quem deve substituir , o LUIS deve ser o Michel,por isto foi assinar o contrato no centro da Direita. De onde menos espera-se dali que não sai nada mesmo. Tem certos e raros neuronios, que insistem em contra dizer Darwin.

  2. Há controvérsias. Este Veríssimo apareceu para o resto do Brasil com o “Analista de Bagé”, foi o livro mais vendido de uma feira do livro em POA. Logo quem projetou nacionalmente a figura foi a LP&M.
    Óbvio que tem mérito e é inteligente, mas quem fez a promoção a “gênio” foi a esquerda. Comparando com a obra de Érico não chega nem perto.

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