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POLÍTICA. O ano começa com a corrupção em plena ação de contra-atacar. E o Palácio do Planalto sai ileso

Protesto da ONG Rio de Paz contra a corrupção diante do Congresso. Mas as ruas em geral (e as panelas em particular) seguiram caladas

Da Deutsche Welle (Brasil), emissora internacional da Alemanha, com imagem de Reprodução

“Corrupção” foi a palavra que definiu o ano entre os brasileiros, segundo uma pesquisa elaborada pela consultoria Cause. O levantamento foi inspirado em uma iniciativa da Associação para a Língua Alemã, que desde 1971 seleciona um termo que melhor resume o espírito de uma época. Na Alemanha, a palavra de 2017 foi “Jamaika-Aus”, ou “fim da Jamaica”, em referência ao fracasso das negociações para a formação de um novo governo. Já entre os brasileiros “corrupção” foi a vencedora em uma consulta popular que também teve como finalistas “vergonha” e “crise”.

Corrupção, vergonha e crise parecem se encaixar bem em um ano conturbado, que começou com a expectativa de que a chamada “delação do fim do mundo” – o acordo dos executivos da poderosa empreiteira Odebrecht com a Justiça – seria o início de uma limpeza no sistema político e que agora chega ao fim com um presidente pessoalmente acusado de corrupção seguindo firme no cargo.

A classe política, que iniciou janeiro acuada, reagiu, dando forma ao plano de “estancar a sangria” com uma série de iniciativas para enfraquecer a operação Lava Jato e salvar seus membros. O presidente Temer escapou de três episódios que poderiam ter lhe custado o cargo: a votação pela Câmara de duas denúncias criminais e um julgamento na Justiça Eleitoral. No final, a habilidade política do presidente se mostrou mais forte que o peso das acusações e a persistente rejeição dos brasileiros ao seu governo.

Em maio, quando o conteúdo delação da JBS foi relevado – ofuscando as revelações da Odebrecht –, a dúvida parecia apenas quando o presidente seria afastado. Um dos assessores do presidente havia sido flagrado recebendo uma mala de dinheiro, e o próprio Temer nada fez quando o empresário Joesley Batista lhe confidenciou que estava subornando juízes.

Aos poucos, no entanto, as controvérsias sobre o generoso acordo de delação entre a JBS e a Procuradoria-Geral da República passaram a ser exploradas pelo governo e por políticos que temiam ser os próximos alvos. Temer ainda tratou de conter o esfacelamento da sua base com o velho expediente de distribuição de emendas e cargos na máquina federal. No final, o ex-procurador-geral Rodrigo Janot deixou o cargo de maneira melancólica.

Também contou a favor de Temer a falta de reação das ruas. Apesar da ampla rejeição a Temer e o contínuo apoio à Lava Jato, lideranças de movimentos não se esforçaram ou evitaram convocar manifestações populares contra o governo, como havia ocorrido no final do governo de Dilma Rousseff.

A recém-adquirida confiança de Temer nos episódios levou o governo a trocar o comando da Polícia Federal por uma figura que agradou a seu partido, o PMDB, e a nomear para a chefia da PGR a procuradora Raquel Dodge, uma adversária interna de Janot. Após assumir o cargo, o novo chefe da PF, Fernando Segóvia, chegou a minimizar o episódio envolvendo o assessor de Temer flagrado com a mala de dinheiro, nomeou como número dois um ex-candidato a deputado pelo PMDB e ainda trocou o delegado responsável por uma investigação que envolve o presidente e suspeitas de corrupção no Porto de Santos.

No Congresso, deputados e senadores que começaram o ano sob o temor da Lava Jato viram sua influência se expandir. Bancadas conservadoras arrancaram do governo generosos perdões fiscais e medidas para conter o combate ao trabalho escravo e a expansão de reservas indígenas.

Os membros do Congresso também aprovaram mecanismos para garantir sua própria sobrevivência a partir de 2018, como um superfundo bilionário de financiamento de campanhas, uma forma de contornar as restrições às doações empresariais, e que, segundo analistas deve afastar ainda mais os políticos da população. “O dinheiro vai vir fácil, incentivando uma desresponsabilização. O fundo também dificulta a renovação”, afirma cientista político Kai Michael Kenkel, professor do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio e pesquisador associado do Instituto Alemão de Estudos Globais e Regionais (Giga)

Também avançaram no Senado projetos contra a Lava Jato, como aquele que afirma pretender conter o “abuso de autoridade”, e que é acusado por promotores e juízes de querer limitar a ação da Justiça e do Ministério Público…”

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