LULA. Manifestantes pró e contra o ex-Presidente impedem os discursos de edis e sessão é cancelada
Por MAIQUEL ROSAURO (texto e fotos), da Equipe do Site
A Câmara de Vereadores de Santa Maria transformou-se em um circo nessa quinta-feira (15). A discussão de projetos deu lugar a xingamentos, gritaria, ofensas pessoais e até empurra-empurra. Por pouco, manifestantes a favor e contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não chegaram às vias de fato dentro do Plenário, sendo contidos duas vezes pelos seguranças do Legislativo e agentes da Guarda Municipal.
A sessão dessa quinta estava agendada para ocorrer na Escola Estadual de Ensino Médio Santa Marta, no bairro homônimo, onde a instituição seria homenageada pelos seus 17 anos. O autor da iniciativa era o vereador Vanderlei Ochulaki – Alemão do Gás (PSB), que também planejava uma Tribuna Livre e Expediente Nobre no local.
Todavia, ainda pela manhã a diretora da escola, Gleide Fagundes Vargas, entrou em contato com a Mesa Diretora da Câmara para cancelar o evento. Gleide temia pela segurança da comunidade escolar, já que durante a sessão ordinária o vereador Admar Pozzobom (PSDB) defenderia uma moção de repúdio contra a visita de Lula a Santa Maria, prevista para a próxima terça (20). Nas redes sociais, militantes petistas planejavam um protesto na escola.
Por consequência, a sessão foi transferida para a sede do Legislativo e o temor da diretora da Escola Santa Marta logo se confirmou. Militantes petistas formados, sobretudo, por sindicalistas, integrantes de movimentos sociais e membros do partido posicionaram-se de um lado das galerias com bandeiras da sigla. Eles eram liderados pela presidente municipal do PT, Helen Cabral.
Do outro lado da galeria, em menor número, estavam aqueles que são contrários a Lula. Em sua maioria, eram formados por cargos de confiança (CCs) do Legislativo e do Executivo. Eles exibiam Pixulecos (bonecos infláveis de Lula em roupa de presidiário), uma bandeira nacional e, mais tarde, uma imagem impressa em folha A4 indicando que o petista seria preso.
A sessão ainda nem havia começado e ambos os lados já trocavam provocações. Os insultos se intensificaram após a abertura dos trabalhos, fazendo com que a sessão fosse interrompida no momento em que Admar faria a defesa da moção na tribuna.
Os petistas gritavam em coro “fura fila” para Admar, em referência ao episódio em que o tucano supostamente teria se beneficiado de seu cargo político, à época era presidente do Legislativo, para furar a fila de espera do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) para uma cirurgia de apendicite para um de seus filhos, em 9 de fevereiro de 2017. O HUSM abriu uma sindicância para apurar o caso e ainda não encerrou a investigação interna.
De outro lado, os manifestantes bradavam “Lula, ladrão, vai para a prisão” e “pão com mortadela”, em referência ao alimento geralmente servido em grandes mobilizações do PT.
Contudo, a resposta era rápida, aos gritos de “coxinha”, “eu sou mulher e não uso pozzobonder” e “olê, olê, olá, Lula, Lula”.
E foi assim, por cerca de uma hora, com nova tentativa frustrada de retomada de trabalhos e com ânimos exaltados, que se decorreu a sessão. O momento de maior tensão ocorreu quando Admar voltou à tribuna pela segunda vez e chamou para ficarem ao seu lado todos os vereadores que também assinaram a moção de repúdio (AQUI). Nesse momento, os petistas levantaram-se de suas cadeiras nas galerias e gritavam em coro “fura fila, fura fila”, “Lula guerreiro do povo brasileiro” e “olê, olê, olá…”. O que Admar disse no microfone foi impossível ouvir nas galerias, sendo que ele acabou abstendo-se de fazer sua defesa.
O presidente da Casa, Alexandre Vargas (PRB), abriu então o espaço de discussão, momento em que o líder da oposição Valdir Oliveira (PT) até tentou falar, mas logo foi interrompido. Desta vez, a gritaria veio do grupo contrário a Lula.
Por consequência, Vargas suspendeu a sessão pela terceira vez e, dez minutos depois, encerrou os trabalhos do dia. Ele usou como base o artigo 106 do Regimento Interno, o qual estabelece que a sessão poderá ser suspensa por prazo determinado, a juízo do presidente, ou nos casos de “tumulto grave ou conveniência da manutenção da ordem”.
“Segui o Regimento. Suspendi (a sessão) três vezes. Como simplesmente não teve ordem, tivemos que optar pelo cancelamento”, explicou Vargas.
Para tentar dispersar o público, aos poucos as luzes do Plenário eram desligadas. Porém, ao invés de deixar a Casa, alguns manifestantes entraram para o local onde os vereadores circulam, o que acabou gerando um empurra-empurra entre os mais exaltados de ambos os lados. Porém, as forças de segurança impediram que algo grave ocorresse.
Admar, em entrevista ao site, relatou que já esperava pelo protesto nas galerias. Entretanto apontou “falta de pulso” ao presidente da Casa para colocar ordem no Plenário e também disse ter ficado surpreso com as atitudes de Helen Cabral.
“Vamos pedir as filmagens (da TV Câmara) e decidir o que será feito. Uma coisa são as pessoas comuns, os militantes. Agora, a presidente do Partido dos Trabalhadores não deixar um parlamentar falar é inadmissível. A organizadora do tumulto se chama professora Helen Cabral, professora do Estado do Rio Grande do Sul”, comentou o tucano.
Helen, por outro lado, argumenta que esteve na Câmara com militantes do partido para defender a democracia. Segundo ela, não é atribuição do poder Legislativo apontar quem é grato ou não de entrar na cidade.
“Enquanto irmão do prefeito ele (Admar) acha que tem poder de xerife, do tempo do coronelismo, onde ‘a cidade é minha e faço o que quiser’. Isso é perigoso e pode estar criando na cidade um sentimento anarquista. Discordamos de Bolsonaro e Aécio politicamente, mas jamais agiríamos dessa forma contra eles”, compara a petista.
Como a sessão dessa quinta foi cancelada, a Ordem do Dia voltará a se repetir na próxima terça, dia em que Lula estará na cidade. Ou seja, Admar terá mais uma chance para tentar defender sua moção. De acordo com Helen, petistas de todo o país estarão em Santa Maria e irão até a Câmara para defender o ex-presidente.
Quisera fosse só na quinta-feira. Os petistas têm direito de se reunir na Santa Marta, atendidos os requisitos legais. A Câmara de Vereadores tem o direito de votar a moção, gostem ou não, faz parte do processo legislativo apesar da utilidade duvidosa.
Não me agrada a noção de “provocação”. Serve muito bem para desqualificar um argumento e mudar de assunto, tumultuar a discussão. Marcar uma sessão da Câmara de Vereadores na Santa Marta para debater moção contra um político estimado naquela região foi provocação. Marcar a sessão dentro de uma escola e colocar em risco a comunidade escolar foi irresponsabilidade.
Tudo isto aí é do jogo, mas existe um problema sério nesta chinelagem. Ocupa espaço do debate sobre previdência, segurança, SUS, educação, etc. É de pensar se o objetivo é exatamente este.
Localmente, não chega ao ponto de ser usado propositalmente para tergiversar em relação às questões públicas nacionais, mas é que essa gente não tem nada o que fazer de mais importante na prática da gestão, mesmo. É muito tempo livre e muitos vereadores.
Mas pior que tudo isso é ver como a escola virou uma zorra, voltando o ensino religioso confessional dos tempos das cavernas e a politicagem partidária (de todas as cores) tendo a liberdade de fazer lavagem cerebral nas mentes ainda pueris.
Escola é solução para tudo, só que leva uns 30 anos para surtir efeito. Ou seja, as coisas podem degringolar antes de surtir efeito. Ao invés de melhorar a qualidade e depois ampliar o acesso (é mais barato e mais fácil) resolveram fazer o contrário porque estatisticamente dá mais voto e atende melhor a ideologia. Ainda por cima existem as soluções mágicas, “vamos construir mil CIEP’s”. Não sabem o efeito que os primeiros tiveram, o que foi feito dos alunos, se viraram marginais ou não. Pode aumentar a evasão, alguns não vão gostar de ficar o dia inteiro na escola (principalmente os adolescentes), existem “dimenores” que matam aula para cometer atos infracionais e tem CIEP por aí que só jogam meia dúzia de bolas em quadras e fica só na “educação física”. No mundo maravilhoso dos teóricos nunca falta dinheiro, tudo dá certo e todo problema é fácil de resolver.
Como política desqualifica tudo.
Ainda uns pensando nas ridículas moções que não valem nada, e outros defendendo criminosos. Que baixaria.
Toda essa gente não tem coisa mais importante e séria para fazer?
Tem partido que não serve mortadela, serve merenda roubada de criança. “Fura-fila”, gostei, vou adotar.
Minha sugestão é que o Admar e seus amigos peguem a tal moção e entreguem em mãos ao Lula no dia em que ele estiver em Santa Maria, lá na Nova Santa Marta, na hora do comício. Vamos ver se eles são tauras meeeeeeeeeesmo…
Que varzea!