OBSERVATÓRIO. O inferno astral de Cezar Schirmer

Por LUIZ ROESE

Em três meses a vida do prefeito Cezar Schirmer (PMDB) sofreu um baque. Em outubro, reeleito para seu segundo mandato, com amplo apoio do eleitorado, o peemedebista só tinha motivo para festas. Aliás, mesmo durante a campanha, sua  vitória era dada como certa, conforme indicavam os institutos de pesquisa. E havia um clima totalmente favorável à reeleição do chefe do Executivo, que conseguira angariar apoios com iniciativas importantes, entre elas a retirada do Camelódromo e a inauguração do Shopping Popular, a implantação da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), a reforma da Avenida Rio Branco e, é claro, o xodó da administração, o Natal do Coração com suas luzes coloridas e a praça cheia de gente.

A festa da posse, no dia 1º, lotou a Câmara de Vereadores. No dia, A Razão publicava uma longa entrevista com um Schirmer todo empolgado, visionário, que sonhava (sim, sonhava) em transformar Santa Maria em uma espécie de Bilbao, no País Basco.

A reforma administrativa era o grande assunto, pois a partir de mudanças estruturais é que a “nova cidade” seria gestada.

O que ninguém esperava era que, 27 dias após a posse festiva, Santa Maria amanheceria com 234 vítimas mortas no incêndio de uma das mais badaladas casas noturnas da cidade. Em duas semanas, o número de mortos subiu para 239, além das dezenas de feridos, mais de 30 ainda hospitalizados, alguns em estado grave. A tragédia na Boate Kiss, paradoxalmente, deu “um banho de água fria” no Executivo Municipal. O que se viu, a partir de então, foi um prefeito abalado, apavorado, abatido, perdido, quase sem reação.

Imediatamente, a reforma administrativa perdeu sentido, tanto que foi retirada, é claro que a pedido da Câmara. Mas a intenção sofreu um revés e não se sabe como será essa “nova reforma”, seu tamanho e mesmo se ela sairá do papel. Uma coisa é certa: não sairá como estava prevista. E Schirmer, que vive seu inferno astral, tenta, agora, retomar forças. A cidade vive dias  de luto. Mas a vida não para. E a administração municipal tem que reagir.