Coluna

Depois do Museu Nacional, vamos ficar de olho no Gama d’Eça – por Luiz Roese

Após saber do incêndio no Museu Nacional, no Rio, só consegui pensar no Museu Gama d’Eça, que também funciona em um prédio histórico e está sob a responsabilidade de uma universidade, no caso a UFSM. Em funcionamento desde 1985 na casa que já foi do intendente de Santa Maria e médico Astrogildo de Azevedo, fundador do Hospital de Caridade, na Rua do Acampamento, o prédio do Gama d’Eça, finalmente, foi repassado  à UFSM em 2013. Revelei o fato em reportagem do finado jornal A Razão em 2013.

Era uma luta de quase 30 anos. O Museu Educativo Gama d’Eça foi criado em 23 de julho de 1968, por José Mariano da Rocha Filho. Ele tinha como sede provisória a sala 5.106, no térreo do prédio do então Centro de Ciências Pedagógicas (atual Centro de Educação), no campus.

O Gama d’Eça nasceu planejado, junto com a UFSM. Na planta original da Cidade Universitária, encontra-se o espaço destinado aos Museus História e Arte (Educativo) e de Ciências, entre o prédio da Administração Central e o Planetário.

Em 1981, o Museu Victor Bersani, da SUCV (Sociedade União dos Caixeiros Viajantes), foi anexado ao Gama d’Eça. Foram mais de 3.500 peças doadas, a maioria da área de história. Como o Museu Educativo não tinha espaço físico para receber a doação, o Victor Bersani ficou ocupando as mesmas instalações onde já funcionava.

Com isso, os museus ficaram em locais separados, um no Campus e outro na sede da SUCV, até que o reitor Armando Vallandro conseguiu unir os dois no prédio da Rua do Acampamento, com inauguração em 7 de dezembro de 1985. E ali eles ficaram até hoje.

No Gama d’Eça, que tem um acervo com mais de 13 mil peças, são realizadas visitas mediadas, cursos, oficinas e palestras, e há o atendimento especial aos grupos escolares e as exposições itinerantes. Todas são atividades que revelam a preocupação do Museu em educar, o que já está claro no seu nome.

O Museu também desenvolve pesquisas. O símbolo do museu é o rincossauro, porque, por meio desse réptil – cuja ossada foi encontrada pela primeira vez em Santa Maria, em 1902 -, o paleontólogo inglês Arthur Smith Woodward determinou a idade da Formação Santa Maria como datada da Era Mesozóica, período Triássico Superior (aproximadamente 220 milhões de anos). A denominação Scaphonyx fischeri foi dada em homenagem ao santa-mariense Jango Fischer, que encontrou a ossada. O museu foi nomeado em homenagem a José Maria da Gama Lobo d’Eça, o Barão de Saicã.

Para estabelecer seu consultório médico e a residência, o médico Astrogildo de Azevedo contratou o arquiteto Theo Wiederspahn, para elaborar o projeto do imóvel. A edificação eclética é datada de 1913, ou seja, tem mais de 100 anos. De 1964 e 1984, a edificação sediou a prefeitura de Santa Maria.

O jardim, na parte de trás, é sensacional. Lá há duas piscinas, que foram as primeiras do centro de Santa Maria. Uma era para adultos, e a outra para crianças. Chamam a atenção também os jardins em formato de naipes de cartas. É um recanto em pleno Centro de Santa Maria, com direito a muito aprendizado e história.

Fico preocupado com a fiação elétrica do prédio e com o fato de o Plano de Prevenção e Combate a Incêndio (PPCI) estar com os bombeiros faz um tempo, apesar de medidas de prevenção serem tomadas, como constatei em 2013. Vamos lutar pela preservação de um local tão valioso. Não conhece ainda? Vai lá, vale a pena. Fica na Rua do Acampamento, 81, no centro de Santa Maria, e funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h.

 

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