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CRÔNICA. Gilvan Ribeiro e falta de respeito às faixas de segurança. Por que isso virou, afinal, a regra geral?

Faixa de segurança significa qualidade de vida 

Por GILVAN RIBEIRO (*)

No ano de 2011, uma empresa de comunicação aqui da cidade deu inicio a uma campanha para motivar a boa educação no trânsito. Intitulada ‘’Viva a Faixa’’ o movimento buscava conscientizar motoristas e pedestres sobre o respeito à faixa de segurança nas vias de Santa Maria.

Lembro que naquela mesma época, morando em São Paulo, eu fiquei cerca quatro meses sem vir pra cá. Foi numa das minhas visitas à cidade depois deste período longe, que me deparei com algo curioso. Diferente do que eu estava acostumado, ao caminhar no centro, percebi que muitos motoristas demostravam predisposição de parar na faixa de segurança. Só no segundo dia por aqui, que tomei conhecimento da campanha, então pude entender a motivação para esta perceptível mudança de hábito.

O tempo passou, a divulgação da campanha foi perdendo forças e com isso, também, aquele pequeno avanço na educação da população santa-mariense foi se diluindo. Pelo menos é assim que eu percebo enquanto motorista e pedestre que circula diariamente pelas ruas da cidade. Viemos uma guerra no trânsito de carros contra perdestes, de gente contra gente.

O que é mais curioso disso tudo é dar-se conta de que o mesmo motorista que não para na faixa com o seu veículo, logo será, ele mesmo, o pedestre que vai precisar da faixa para cruzar a via com segurança. Este é o cúmulo da ignorância.  É quando eu não percebo que o meu egoísmo trata de prejudicar a mim mesmo, além do coletivo, é claro.

Paralelo a isso existem as pessoas que se locomovem apenas com o transporte público, de bicicleta ou a pé.  Este é considerado o “pedestre nato”, pois nunca está na posição de motorista, ou seja, não precisa tomar a decisão de parar na faixa. Ele é o mais vulnerável, pois é também o que possivelmente percorre mais distâncias a pé e assim, fica mais tempo a mercê da cultura de violência no trânsito.

No fim das contas, salvo as pessoas que se locomovem apenas de avião, helicóptero ou teletransporte, não ocupam, em nenhum momento, a condição de pedestres. Acredito que os meios de transporte aqui citados estão reservados a uma minoria inexistente. Ou seja, todos nós somos pedestres da cidade, uns mais e outros menos, mas todos somos.

Agora a pergunta que não quer calar: por qual motivo racional nós não conseguimos, enquanto motoristas, respeitar a faixa? E por que nós, enquanto pedestres, não utilizamos a faixa para a nossa PRÓPRIA segurança?

Eu sei que parece ser algo tão pequeno para criar uma discussão que merece ser tema do meu artigo dessa semana. Mas não é pequeno e eu explico o porquê.

Você que já teve a oportunidade de ir para fora da cidade, não precisa ser longe, vou usar o exemplo de Gramado, na Serra Gaúcha. Lá, parece ser outro país, pois é comum ver pessoas buscando a faixa para atravessar e carros parando. O detalhe é que se trata de uma cidade turística e muitas pessoas de fora a visitam.  Pessoas estas que, possivelmente, se comportam de uma maneira diferente na sua cidade, mas se sentem bem em Gramado.

Trazendo a experiência de outros países como Canadá e Dinamarca, que pude vivenciar a cultura, é tão boa sensação de caminhar nas ruas sem a preocupação de que você pode ser atropelado na próxima esquina. Isso diz respeito a nossa qualidade de vida!

É nesse ponto que eu queria chegar, por fim. Discutir questões “tão pequenas” serve para desnudarmos pontos da nossa educação mais básica. São questões que certamente irão resultar em mais qualidade de vida para todos nós.

Como? É simples.

Se você consegue pegar o carro, sair de casa com atenção e se dispor a parar na faixa de segurança, significa que você está desenvolvendo empatia e respeito. Uma sociedade pautada nesses dois princípios certamente caminhará para uma convivência mais pacifica. Foi isso que percebi lá fora. Esta é uma soma matemática infalível.

Da mesma forma, quando você estiver caminhando na rua e decidir utilizar a faixa, mesmo que para isso seja preciso andar um pouco mais, estará colaborando para a própria segurança. Cuidar de si e respeitar a própria vida é também um principio básico para cuidar do outro.

Mas eu acho que não temos muito tempo para isso, né?

Tudo que temos para fazer, nossas tarefas, nossos prazos, nossa “correria” parece mais importante do que construir uma cidade com mais qualidade de vida.

Estamos dispostos a respeitar e utilizar a faixa de segurança ou iremos, apenas, seguir aplaudindo modelos que deram certo fora daqui?

(*)  GILVAN RIBEIRO, 29 anos, é atleta olímpico e apaixonado pelo jornalismo (cursa o 8º semestre, na UFN) e pela Psicologia (está no 1º semestre, na UFSM). Ele escreve no site sempre aos sábados.  

OBSERVAÇÃO DO EDITOR: A foto que ilustra esta crônica é uma reprodução da internet.

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2 Comentários

  1. Olá, acredito em dois pilares bem simples: educação e fiscalização. Embora pareça que não são tão simples assim, qualquer lugar onde o trânsito funciona direito tem eles como fundamento. Em Santa Maria, não há educação para a vida em sociedade e também não existe fiscalização. O resultado é aquele que vemos diariamente e que muitos consideram normal. Um pouco de boa vontade pode mudar isso.

  2. Solução para isto é o talão de multas. Motocicletas são campeãs em não respeitar faixa de segurança e semáforos. Noutro dia fechou a sinaleira na Acampamento esquina com a Tuiuti. Motoqueiro não se sofreu, furou o sinal e passou no meio das pessoas que estavam atravessando a rua. Ou seja, usou o ‘bom senso’ que tantos falam.
    Também existe o outro lado. Quando existe o semáforo, o pedestre tem que obedecer a sinalização. Muita gente acha que a faixa de segurança tem prioridade nestes casos, não é o que diz a regra.

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