POLÍTICA. Militarização do governo alcança agora também para cargos de segundo e terceiro escalões
Do Correio do Povo, com informações d’O Estado de São Paulo e foto de JOSÉ CRUZ (Agência Brasil)
O governo de Jair Bolsonaro vai ampliar a militarização na máquina pública federal, com a entrega para a Marinha de postos de comando nas superintendências de portos, no Ibama e no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio). Após a nomeação para ministérios importantes, os militares agora são chamados a ocupar também cargos no segundo e terceiro escalões.
Trata-se de uma nova fase do movimento crescente de escolha de oficiais da reserva das Forças Armadas para posições estratégicas e setores historicamente envolvidos em denúncias de corrupção. Levantamento feito pelo Estado contabiliza pelo menos 103 militares na lista dos cargos comissionados de ministérios, bancos federais, autarquias, institutos e estatais, entre elas a Petrobrás.
Segundo analistas, fatores como o desgaste da classe política e uma estrutura partidária ainda frágil do presidente Jair Bolsonaro permitem o avanço dos militares na burocracia federal.
Na última semana, foram escolhidos os almirantes da reserva da Marinha Francisco Antônio Laranjeiras e Elis Triedler Öberg para comandarem os portos do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Norte, respectivamente. Para o cargo de diretor-presidente da Companhia Docas de São Paulo, que controla o Porto de Santos, o governo nomeou o engenheiro naval civil Casemiro Tércio Carvalho. Ele, no entanto, terá a seu lado um militar da Marinha para “sanear” o órgão e acabar com “entraves” burocráticos.
Em defesa desse movimento do governo, um oficial do Alto Comando das Forças Armadas disse que a escolha de militares para cargos de confiança tem por objetivo conferir credibilidade aos postos com base em “um modo eficiente de administrar”, com “zelo pelo dinheiro público”. Deputados que procuram o governo para pedir cargos nos Estados relatam que recebem de ministros um pedido: “Você tem um militar para indicar?”
‘Verde-oliva’
Estudioso da relação entre as Forças Armadas e a sociedade brasileira, o cientista político Eliézer Rizzo de Oliveira afirmou que a participação de dezenas de militares em um governo eleito democraticamente é uma situação inédita no Brasil. E é resultado, segundo ele, da combinação entre a descrença que abateu a classe política e a inexperiência administrativa do novo presidente.
“É natural que ele queira se apoiar em pessoas da área dele e que respondam a essa espécie de ‘regime civil com governo verde-oliva’ que se instaurou no poder e tomou conta da máquina pública”, afirmou…”
PARA LER A ÍNTEGRA, CLIQUE AQUI.
Falta de experiência administrativa do presidente, ela existe, tem pouco a ver com o objeto da matéria. Tem mais a ver com a influencia da ala militar do governo.
De alguma forma a doutrina da Escola Superior de Guerra aparece, objetivos nacionais permanentes (segurança e desenvolvimento com seus desdobramentos; parte deles até comunga com setores da esquerda), a necessidade de burocracia estatal capacitada (privada também), etc. Artigo até cita a dificuldade de atrair quadros capacitados da iniciativa privada.
Surge dois problemas, poucos civis familiarizados com a tal doutrina e até mesmo com detalhes históricos do desenvolvimento da mesma. Golbery, por exemplo, defendia alinhamento com os EUA, não só por motivos ideológicos, mas para acabar com o atraso tecnológico brasileiro. O que pode ser ligado nisto? Alinhamento com Israel e o cultivo de alimentos com água salobra, dessanilização, etc.?
Clemenceau dizia que a guerra é um assunto sério demais para ser confiado somente aos generais. Administração pública ficou tanto tempo na mão de amadores e incompetentes que a saída acabou sendo entregar assuntos de paz para os militares.
Tarcísio Gomes de Freitas, por exemplo, citado como capitão do exercito. Em 2011 Dilma, a humilde e capaz, colocou um general no comando do Dnit. O general ‘puxou’ para o órgão o atual ministro (que é engenheiro civil). Objetivo era fazer uma limpeza no órgão. Por pressão do PR a cabeça do general rolou. Há mais casos de gente que abandonou a farda tempos atrás e agora assumiu cargos.
É um festival. Por isto que não dá mais para confiar no trabalho dos ‘jornalistas’.
Qual era o padrão anterior? Loteamento de cargos seguindo critério político, escolhidos geralmente sem formação na área ou até com pouca ou nenhuma formação em alguma área. Padrão de justificativa é citar as exceções, Serra economista no ministério da saúde, por exemplo.
Critério atual, aparentemente, militares e ex-militares. Algum tipo de experiência administrativa (burocracia militar), alguma competência técnica, maior foco na execução e menor no estabelecimento das políticas, não existe (a priori) vínculos de lealdade com terceiros, menor volume de vazamento de informações.