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ARTIGO. Paulo Pimenta, as mensagens vazadas e as suas consequências, inclusive para o sistema judiciário

A nudez do juiz

Por PAULO PIMENTA (*)

“A verdade adoece, mas nunca morre.”- Lula

Na tarde do dia 9 de junho, um domingo, o País foi colhido por um surpreendente furo de reportagem do site The Intercept Brasil, que revelou manipulações de processo e práticas ilegais de integrantes da tão prestigiada “Operação Lava-Jato”, saudada por setores da mídia como se fosse a panaceia dos males brasileiros, a despeito de um sem número de denúncias sobre seus procedimentos à margem da lei.

O site trouxe diálogos entre o ex-juiz Sérgio Moro e o coordenador da operação, o procurador federal Deltan Dallagnol, que expõem o conluio criminoso entre o Ministério Público no Paraná e o juiz de 1ª Instância então titular da 13ª Vara de Curitiba, com o objetivo de condenar o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e impedi-lo de concorrer às eleições de 2018.

Colhidos pela surpresa de quem, até aqui, se imaginava fora do alcance de qualquer controle democrático, atônitos, em nenhum momento negaram a veracidade dos diálogos publicados. Tentaram ensaiar de forma amadora uma manobra para desqualificar a informação sobre o crime que não haviam negado: atribuir a um hacker – a uma origem criminosa, portanto – a fonte da informação que pusera a nu os métodos da Operação Lava-Jato, há muito denunciados por um conjunto de juristas e pela defesa do ex-Presidente Lula.

Com a ajuda do seu mais vistoso aliado –  a Rede Globo de Televisão -, tentaram ocupar o espaço midiático com o foco na fonte e não no conteúdo da informação divulgada por The Intercept Brasil. A sequência das revelações, porém, pela gravidade, pela contundência e pelo envolvimento de novos personagens tem posto por terra a tentativa diversionista da dupla Moro/Dallagnol.

Os desdobramentos em curso apontam para uma crise prolongada com potencial para se desdobrar ao colocar em xeque a credibilidade da Lava Jato e do sistema de justiça no país.  Os diálogos divulgados até agora demonstram a parcialidade do juiz que atuou como mentor e coordenador da acusação, além de julgador durante a tramitação do processo, proferindo a sentença que condenou o réu. Ao assumir o Ministério da Justiça do governo Bolsonaro, o qual ajudou a eleger, Moro escancarou que sua atuação era eminentemente política.

A divulgação dos diálogos entre Sérgio Moro e Dallagnol expõe a montagem de uma farsa judicial, a qual fragilizou a democracia, atacou nossa soberania e destruiu a economia, gerando milhões de desempregados.

Investido dos poderes de superministro ao ser empossado pelo capitão-presidente, como uma vistosa joia da corte que assumia os destinos do país, seis meses depois, Moro, despido da toga – irremediavelmente nu – está vulnerável, prestes a ser julgado pelos seus pares e pela opinião pública nacional.

Os defensores da democracia e da justiça seguem nas lutas, nas redes e nas ruas!

(*) Paulo Pimenta é Deputado Federal, líder da Bancada do PT na Câmara dos Deputados

OBSERVAÇÃO DO EDITOR: a imagem que ilustra este artigo, uma montagem com fotos do procurador federal Deltan Dallagnol e do ministro (e ex-juiz federal) Sérgio Moro, é uma reprodução disponível na internet.

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