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ARTIGO. Luciano do Monte Ribas, 15 de outubro e os professores e, sobretudo, que futuro se pode esperar

Eu tenho medo do futuro

Por LUCIANO DO MONTE RIBAS (*)

Eu tenho medo do futuro e, infelizmente, chego a desconfiar de quem não tem.

Nenhuma pessoa que esteja no pleno gozo das suas capacidades cognitivas (e que não seja mal intencionada) pode achar que caminhamos para dias melhores. Pior ainda, creio ser impossível que haja sinceridade em quem é capaz de dizer que há algo de positivo sendo feito, ao menos para a esmagadora maioria da população.

Podem haver pessoas desinformadas ou que, por alguma circunstância, não possuem as condições necessárias para compreender o nível de incapacidade e a disposição para beneficiar apenas o sistema financeiro que o governo do néscio tem. Fora dessas hipóteses, grassam a hipocrisia e o preconceito.

Não se trata de pessimismo, mas de lucidez. Ou alguém pode dizer que está em execução um projeto de nação, mesmo que conservador? Que esses dez meses de loucuras, confusões, desmontes e liquidações trouxeram uma única coisa benéfica para o país? Na verdade, não é preciso torcer contra para que esse conluio de fanáticos e espertalhões, oscilando entre trapalhadas e maldades, nos leve à bancarrota. Aliás, torcer e agir contra é única atitude verdadeiramente racional que podemos ter.

Mas eu tenho ainda mais medo do futuro devido a maneira como tratamos os nossos professores e as nossas professoras. Afinal, o processo de resgate da sua dignidade, iniciado com a promulgação da Lei do Piso Nacional e o fortalecimento do orçamento do MEC entre 2003 e 2015, foi interrompido, pondo o pouco (ou o muito?) que se conquistou em grave risco.

Como podemos pensar em consolidar um desenvolvimento social, humano e econômico para todas as pessoas desse país cortando recursos da educação, da cultura e da ciência? Tal pergunta assume contornos dramáticos quando lembramos que esses cortes acontecem no mesmo momento em que os bancos comemoram lucros astronômicos, obtidos sobretudo da dívida pública, uma chaga que nem mesmo os governos de esquerda enfrentaram como deveriam.

Que futuro pode haver quando os educadores do RS estão há quase cinco anos com os salários parcelados, um mal terrível, justificado por discursos ocos de quem passou todo um mandato culpando os antecessores e que, reencarnado numa versão gourmetizada, repete a mesma cantilena, sem nada resolver?

Não acredito em elogios e preocupações de quem não cerra o punho para lutar ao lado dos professores e das professoras. Flores e cartões são gestos simpáticos, mas não enchem a barriga e não aliviam a angústia de quem estudou tanto para, no exercício do mais nobre ofício que pode existir, formar todas as outras profissões e que, mais uma vez, se vê tão profundamente desrespeitado.

Torçamos para que toda essa tristeza se converta em esperança de que os 15 de outubro que virão sejam dias melhores, onde as coisas voltem a evoluir para o bem de todos. Porque até podemos ter medo do futuro, mas jamais de lutar para que ele seja melhor.

(*) Luciano do Monte Ribas é designer gráfico, graduado em Desenho Industrial / Programação Visual e mestre em Artes Visuais, ambos pela UFSM. É um dos coordenadores do Santa Maria Vídeo e Cinema e já exerceu diversas funções, tanto na iniciativa privada quanto na gestão pública. Para segui-lo nas redes sociais: facebook.com/domonteribas – instagram.com/monteribas

OBSERVAÇÕES DO AUTOR. Foto: vista externa do Memorial JK, em Brasília, DF.

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