Argentina e Chile mostram que a história não acabou
Por PAULO PIMENTA (*)
Em 1989, diante da queda do Muro de Berlim, o economista Francis Fukuyama proclamou o “fim da história” para celebrar a vitória – que ele considerava definitiva e irreversível – do capitalismo sobre o socialismo ou qualquer outro sistema econômico baseado na justiça social e na igualdade de oportunidades.
Naquele momento, a ditadura Pinochet comandava o Chile há dezessete anos e, apesar de não viver num regime democrático, o país era considerado um modelo de Estado eficiente, segundo os teóricos da Universidade de Chicago e o mercado financeiro internacional.
Três décadas depois do artigo do professor de Harvard, o modelo chileno, injusto e concentrador de riqueza nas mãos de poucos, foi implodido pelas revoltas que levaram milhões de pessoas às ruas para exigir aquilo que lhes foi roubado pela ditadura: direitos, inclusive os direitos econômicos e sociais.
Do outro lado da cordilheira, a população argentina rechaçou o ultraneoliberalismo de Maurício Macri e levou de volta ao comando do país o projeto nacional e popular do peronismo progressista, agora com Alberto Fernández à frente e Cristina Kirchner na condição de vice-presidenta.
O peronismo venceu a coalizão governista de Maurício Macri em 21 dos 24 distritos eleitorais da Argentina. Um recado nítido da população sobre os rumos que deseja seguir.
E coube a Cristina, no ato final da campanha da Frente de Todos, sintetizar a ideia que deverá se transformar em bússola para a América Latina: “Não estamos terminando uma campanha eleitoral. Estamos fechando um ciclo histórico. Que nunca mais a pátria volte a cair nas mãos do neoliberalismo!”.
No Equador, o povo mobilizado e revoltado impôs uma derrota contundente à agenda neoliberal do presidente Lenin Moreno. Este foi eleito, nunca é demais lembrar, para dar continuidade à Revolução Cidadã, porém traiu não apenas o seu grupo político, mas, sobretudo, o seu eleitorado.
Na Bolívia, Evo Morales ganhou no voto popular o direito de seguir governando o país que mais cresce na América Latina na última década, a década em que o Movimento ao Socialismo conduz os destinos do povo boliviano.
A postura de Macri no governo tem como marca a arrogância e o triunfalismo. O empresário achou que o seu grupo iria governar para sempre e enganar o povo por tempo indeterminado. Tal como Fukuyama, Macri estava errado. A história não acabou.
(*) Paulo Pimenta é Jornalista e Deputado Federal, líder da Bancada do PT na Câmara dos Deputados
OBSERVAÇÃO DO EDITOR: A foto que ilustra este artigo (com Alberto Fernández e Cristina Kirchner, respectivamente Presidente e Vice eleitos da Argentina) é uma reprodução da internet.
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