ARTIGO. “O Brasil vive um regime cada vez mais abertamente fascista”, diz deputado Paulo Pimenta
Perseguição contra Glenn Greenwald é vingança da Lava Jato que ameaça a democracia
Paulo Pimenta*
Poucos dias após a demissão do secretário de Cultura por conta de seu discurso nazista, o bloco de poder da extrema-direita brasileira usa os mesmos métodos de Hitler para perseguir quem é considerado adversário ao projeto que une bolsonarismo e lavajatismo.
O jornalista Glenn Greenwald, vencedor do prêmio Pulitzer e retratado num documentário – “Citizenfour” – vencedor do Oscar e de quase duas dezenas de prêmios em alguns dos maiores festivais de cinema do mundo, foi denunciado pelo procurador Wellington Divino de Oliveira, do Ministério Público de Brasília, pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro.
A denúncia é uma clara vingança contra o trabalho do The Intercept na série de reportagens conhecida como “Vaza Jato”, que tem exposto, desde junho passado, os métodos corruptos e criminosos da Operação Lava Jato e do então juiz Sérgio Moro.
A perseguição contra Greenwald chocou a imprensa do mundo inteiro e todos os setores do Brasil que defendem a democracia e o Estado de Direito. “Indignação com o Brasil acusando Glenn Greenwald de crimes de hackers”, escreveu a Forbes. “Horrendo abuso de poder: Governo de Bolsonaro acusa jornalista Glenn Greenwald de crimes cibernéticos depois que ele publicou vazamentos embaraçosos”, diz a revista The Week, que circula no Reino Unido e nos Estados Unidos. “Procuradoria do Brasil denuncia o periodista Glenn Greenwald sem que ele tenha sido acusado”, publicou a agência Sputnik News, da Rússia.
Entidades brasileiras e internacionais que promovem e protegem a liberdade de imprensa também saíram em defesa de Greenwald, além de jornalistas de vários meios de comunicação ao redor do planeta.
Com esta perseguição, Jair Bolsonaro e Sergio Moro estão passando um recado ao Brasil e ao mundo: não toleram que seja exposta a corrupção do ex-juiz da Lava Jato e dos procuradores a ele subordinados. E não têm pudor de usar procuradores dispostos a cumprir o jogo sujo que requer essa perseguição.
O Brasil vive um regime cada vez mais abertamente fascista. A democracia é apenas aparente e as instituições estão perdendo a capacidade de frear os abusos de Bolsonaro e seus cúmplices. É o caso do Supremo Tribunal Federal (STF), que havia determinado, através de decisão do ministro Gilmar Mendes, que Glenn Greenwald não poderia ser objeto de investigação no episódio de vazamento de mensagens que gerou as reportagens da “Vaza Jato”. Com a denúncia do procurador do MPF de Brasília, o STF foi sumariamente desrespeitado.
A sociedade brasileira precisa se mobilizar e manifestar o seu grito de indignação, como fez diante do secretário que emulou um discurso de Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler. A Lava Jato e o bolsonarismo não podem seguir violando as liberdades e princípios fundamentais no Brasil!
*Paulo Pimenta é Jornalista e Deputado Federal, líder da Bancada do PT na Câmara dos Deputados, presidente estadual do PT e escreve no site às quartas-feiras.
Observação do editor: Na foto que ilustra este artigo está o fundador e colunista do site The Intercept Brasil, Glenn Greenwald, durante audiência pública no Congresso, em junho do ano passado. Crédito: Vinicius Loures / Câmara dos Deputados.
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