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Tortura. Brilhante Ustra presta contas à Justiça, provocado por uma vítima. Será suficiente?

Ninguém imaginava que isso pudesse acontecer. Embora devesse. O coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, nome recorrente em qualquer documento, seja livro, artigo ou o qualquer outro pedaço de papel que retrate o horror nos porões do regime militar, agora tem que prestar contas à Justiça.

Não por conta do Estado, que este está impedido pela anistia de mão dupla que se aprovou no fim dos anos 70. Mas por uma vítima – ou a família dela – inconformada de ver por aí, lépido e faceiro, um dos mais terríveis torturadores que o País já produziu. É verdade que o coronel não compareceu à audiência marcada para São Paulo. Quer dizer, não fisicamente, de vez que sua presença pairava sobre todos quantos acreditam na humanidade, no sentido mais amplo do termo.

É sobre a situação de Ustra, e sobretudo de sua maior vitima, o ser humano. E também sobre a necessidade de se conhecer tuuuudo o que aconteceu naquele tempo de horror da história recente do País, que escreve o veterano jornalista Paulo Moreira Leite, em sua página na internet. Creio valer a pena refletirmos com ele. A seguir:

”O coronel, a tortura e a História

Alguns episódios me fazem duvidar da humanidade. Um deles é a tortura. Não consigo pensar com naturalidade que existam pessoas capazes de se aproximar de outro ser humano para dar choque, bater com barra de ferro, pendurar no pau de arara, machucar, ferir, provocar sofrimento e até matar. Quando lembro que a tortura foi uma prática corrente sob a ditadura militar, onde tantas pessoas eram tratadas desse modo, com uma brutalidade que não se comete contra um cachorro, sinto que preciso fazer alguma coisa. Preciso me reconciliar com a humanidade, resgatar um mundo destruído, recuperar o fôlego.

Por essa razão lamento que o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra não tenha comparecido ao julgamento em que é acusado de mandar torturar Maria Amélia de Almeida Teles, presa política, ligada ao Partido Comunista. Várias testemunhas confirmam.

Nem o coronel Ustra tem dúvida de que ocorriam torturas sistemáticas no DOI-CODI paulista, que ele comandou entre 1970 e 1974. Acho que o coronel deve desculpas públicas a todas as vítimas de violência contra presos políticos. Não acho que isso resolveria as dores e traumas da época mas seria uma demonstração de civilidade, de capacidade para o convívio democrático, o que só é possível com o respeito a verdade e à memória das pessoas.

Hoje execrado, Ustra foi um oficial elogiado por seus superiores e bajulado nos anos 70 por empresários que cortejavam o porão militar e ajudaram a financiá-lo. Quando saiu do DOI CODI paulista, passou a atuar nos serviços de informação em Brasilia, sempre em missões importantes para o regime. Identificado publicamente pela atriz Bete Mendes, desde então costuma ser tratado como…”


SE DESEJAR ler a íntegra do artigo, pode fazê-lo acessando a página do jornalista na internet, no endereço http://blog.estadao.com.br/blog/?blog=22.

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