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ARTIGO. Giuseppe Riesgo e a questão econômica e social que se coloca ao Estado, durante a pandemia

Para que serve o Estado na crise?

Por GIUSEPPE RIESGO (*)

O momento por qual o Brasil e o mundo passam é, certamente, histórico. Em algum tempo, as próximas gerações estudarão a atual crise e seu impacto no sistema de saúde e nas economias do mundo como um todo. Crises econômicas são bastante comuns. São cíclicas. Ocorrem de tempos em tempos, como resposta ao excesso de intervenções no sistema econômico por parte de governos que julgam poder coordenar a economia de cima para baixo, levando-a para lá ou cá. No entanto, não é o caso de agora.

A crise que nos deparamos inicia-se de um problema sanitário e do risco que isto causa na saúde humana. Obviamente, se reflete na economia, na produção e, consequentemente, nos nossos empregos. Em economias mais fechadas e menos produtivas (como a nossa), desligar as máquinas por algum tempo significa dar de cara, rapidamente, com a primeira Lei da Economia: a escassez. Ou seja, como as famílias não possuem uma poupança privada robusta e a maioria das nossas pequenas e micro empresas não possuem um fluxo de caixa consistente, empresas e famílias não conseguem parar por muito tempo sem falir ou dar de cara com as contas atrasando e o supermercado minguando. Em síntese, se os países ricos e desenvolvidos já sentem a recessão econômica, o Brasil se aproxima, sem exageros, de uma depressão econômica. Nestes casos, o que fazer?

Todo o liberal desconfia da ação do Estado. A intervenção estatal na economia é sempre vista com desconfiança e ceticismo por qualquer liberal que se preze. No entanto, se há alguma função social nestas ações, ela se dá em momentos como o atual: de completa calamidade em que a sociedade precisa, efetivamente, do Estado para lhe garantir os serviços mais básicos e o funcionamento do sistema econômico e financeiro do país. O Estado, para os liberais, deveria servir como um grande “seguro popular”. Ou seja, uma garantia oriunda do recolhimento dos nossos impostos que estaria lá, saudável, para quando a sociedade tivesse que parar um pouco para tratar pandemias ou demais ameaças vindouras de qualquer origem externa.

Já esse Estado atual; inchado, ineficiente e, acima de tudo, endividado; não serve a ninguém. Não serve em tempos de normalidade, afinal, arroga-se o dever de fazer tudo e acaba entregando, praticamente, nada; e não serve para tempos de calamidade, pois chamado a servir não consegue prover a devida segurança social por estar endividado pelo intervencionismo passado. O atual sistema de “bem estar social” é caro, ineficiente e ainda compromete o futuro e a segurança social desta e das próximas gerações.

E assim estamos. Tomando medidas descoordenadas entre os entes federativos e o governo federal. Confinados em casa e com pouca certeza sobre quando isto acabará e se, de fato, funcionará. A pandemia do novo coronavírus demanda mais coordenação e capacidade financeira do Estado do que podemos imaginar. Ao todo, o pacote financeiro proposto já ultrapassa o valor de R$ 1,5 bilhão. Se espalhará pelos bancos, pelos desassistidos, pelas famílias e as pequenas e microempresas. Não sabemos se será suficiente, mas tenho convicção que, sem coordenação do governo federal, apenas colocar dinheiro na economia e no sistema financeiro será o mesmo que enxugar gelo e, assim, a depressão econômica virá.

O economista e professor americano Thomas Sowell afirmava que a primeira lei da política era ignorar a primeira lei da economia (a escassez). Está na hora dos políticos descumprirem a sua primeira lei. A escassez existe e ela aparecerá se não coordenarmos as ações e as intervenções no sistema social e econômico do país.

(*) Giuseppe Riesgo é deputado estadual e cumpre seu primeiro mandato pelo partido Novo. Ele escreve no Site todas as quintas-feiras.

Observação do editora foto que ilustra este artigo é uma reprodução de Internet.

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3 Comentários

  1. “Crises econômicas são bastante comuns. São cíclicas. Ocorrem de tempos em tempos, como resposta ao excesso de intervenções no sistema econômico por parte de governos que julgam poder coordenar a economia de cima para baixo, levando-a para lá ou cá. ”
    2008 foi por intervenção de governo ou especulação privada?

  2. Como dizia o tio Deng: não importa a cor do gato, importa é que ele pegue o rato.
    Discutir ideologia (muitas vezes de cartilha, rasa) dos outros é pura perda de tempo. Exemplo? Vendem o Estado Roosevelt, o Estado-Gêgê. O que o ‘pôvú’ recebe? O Estado-Dilma, a humilde e capaz.
    Simplifica-se. O quê, quando, quem, com que dinheiro. O resto é mimimi.

  3. Mises é uma utopia condenada ao mundo. Tão efetivo quanto as religiões.

    Já Keynes é o verdadeiro “seguro” da humanidade: deu m…, o Estado bicho-papão resolve.

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