Na esfera política não há lugar para o vazio
Por MICHAEL ALMEIDA DI GIACOMO (*)
No Brasil, desde o início das ações no combate à disseminação do Covid-19, é possível perceber o quanto a falta de concertação entre o dirigente máximo do país e sua equipe ministerial, o que tem nos levado ao encontro de uma narrativa social que beira a total perda de noção da realidade sob a qual vivemos. A incapacidade de Bolsonaro em desvincular-se de personagens arrivistas e messiânicos faz com que a nação, em meio a uma crise sanitária e econômica, esteja verdadeiramente acéfala.
Ao contradizer às orientações da Organização Mundial da Saúde e, também, dos técnicos do Ministério da Saúde, o presidente da República alimenta uma retórica negacionista que resta por colocar em risco a saúde física e mental das pessoas. Aliás, a parte messiânica da sociedade que está numa luta ferrenha contra a “implantação da ditadura comunista por trás de toda essa história de vírus”, ao que parece, já está com sua saúde mental afetada.
Numa escala entre os governantes dos demais países, é possível afirmar que o presidente do Brasil, ao tratar a pandemia como um “resfriadinho”, é de longe o mais irresponsável. Não bastasse isso, o ciúme em relação ao seu ministro da saúde, devido ao fato de o referido ter sido aplaudido e apoiado pela população em suas ações, acaba por cegar o “líder” da nação que vê Mandetta como um verdadeiro Cavalo de Troia.
Nessa esteira, Bolsonaro se perde e esquece que na esfera política não há lugar para o vazio. O vácuo político deixado por Jair, o Messias, acaba por ser preenchido por lideranças políticas de centro-direita e o barulho das panelas de teflon passa a ser ouvido a cada novo pronunciamento presidencial. É um aviso do que poderá vir a acontecer.
Em uma guerra, como a que estamos vivendo, não basta vencer. É preciso que o número de baixas seja o menor possível. Toda vida importa. Negar a ciência médica e os fatos ocorridos em outros países é o caminho mais curto para a derrocada.
Assim, fica a pergunta: a era das trevas e da escuridão irá sucumbir frente ao conhecimento e ao esforço coletivo no combate ao vírus? Espero que sim. Pelo bem dos milhares de jovens, adultos e idosos que não são levados em conta por aqueles que veem na atividade econômica, e não nas pessoas, o valor maior de um país.
(*) Michael Almeida Di Giacomo é advogado, especialista em Direito Constitucional e Mestre em Direito na Fundação Escola Superior do Ministério Público. O autor também está no twitter: @giacomo15.
Observação do editor: a imagem que ilustra este artigo é uma reprodução da internet, mais exatamente deste link: AQUI.
ATENÇÃO
1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.
2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.
3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.
4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.
5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.
OBSERVAÇÃO FINAL:
A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.