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ARTIGO. Michael Almeida Di Giacomo, Covid-19 e as óbvias dificuldades enfrentadas também pelo esporte

“Um museu de grandes novidades”

Por MICHAEL ALMEIDA DI GIACOMO (*)

Os efeitos nocivos causados pela atual crise sanitária estão presentes em praticamente todos os setores da economia mundial. É possível destacar, entre tantos, o de entretenimento esportivo.

Uma das medidas de impacto sentidas no meio esportivo foi a transferência dos “Jogos Olímpicos de 2020” para o ano vindouro. Lembro-me que o “Comitê Olímpico Internacional” e as autoridades japonesas resistiram muito até aceitar a impossibilidade da realização de um evento de tamanho porte, sem que isso colocasse em risco a saúde de milhares de pessoas.

Passado o período de negação, a realidade se impôs. A partir da pressão de autoridades internacionais e até de atletas, a necessidade de transferência da data foi deliberada. Para se ter uma ideia da gravidade sanitária que estava por vir, menos de duas semanas depois, a capital Tóquio, que irá sediar as Olímpiadas, teve declarado estado de emergência devido à aceleração de contágio pelo Covid-19.

Outros grandes eventos esportivos também foram suspensos ou cancelados, como as principais ligas de basquete – NBA e Euroliga -, ou ainda as etapas do campeonato de Fórmula 1. E, entre os esportes que tiveram restrições, o de maior expressão é, sem dúvida, o futebol. Uma paixão mundial.

Nesse segmento, tem-se a lista dos clubes mais lucrativos do mundo. É um universo bilionário, com referência a contratos de atletas, patrocinadores, veículos da imprensa, e tantas outras formas de auferir receita e em modalidades distintas.

Como resultado, o entretenimento possível nos dias atuais é assistir a programas televisivos e a jogos reprisados, jogos on-line, ou aos filmes nas plataformas de streaming. É o novo normal, “um museu de grandes novidades”.

Porém, no Brasil, com o encontro do terceiro mês seguido de suspensão das atividades futebolísticas, alguns setores da economia têm feito forte pressão para o recomeço dos campeonatos regionais. Mesmo sem apontar com certeza, ao menos, quais seriam as medidas necessárias para garantir os cuidados sanitários e a segura guarda da saúde dos profissionais que atuarão na realização do espetáculo.

É esse é um problema real, pois o debate acerca do retorno das atividades aos gramados futebolísticos tem sido uma pauta constante da imprensa esportiva. Primeiro, óbvio, por ser a matriz de toda o seu propósito de existência. Segundo, por ser compreensível que, a cada novo mês sem a cobertura futebolística, as empresas de comunicação começam a contabilizar prejuízos que refletem diretamente na sua saúde financeira.

Essas são preocupações compreensíveis, em qualquer área. No entanto, outras modalidades de esporte não recebem a mesma atenção. Curioso, né? A resposta, obviamente, está no retorno econômico. É do jogo.

E, assim, com a convicção da dificuldade na realização do Campeonato Brasileiro, da Copa do Brasil, e até mesmo da Libertadores da América, restou a tentativa de reiniciar o nosso “Gaúchão”.

A competição regional, o chamado “cafezinho”, passou a ter a dimensão de um verdadeiro “Mundial”. Isso porque talvez seja o único campeonato possível de ser realizado de forma satisfatória em 2020. Por enquanto não há como saber.

O problema que se impõe é que a pandemia que estamos a enfrentar, com a chegada do inverno, tende a se agravar. E esportes de contato, como o futebol, não apresentam as condições próprias para garantir o cuidado necessário aos jogadores e demais participantes, à imprensa, aos funcionários do clube, entre outros.

Esse foi um ponto que teve pouca relevância nos argumentos defendidos por especialistas e analistas da mídia esportiva. Mas não passou despercebido pelas autoridades governamentais, que entendem que esportes de contato ainda apresentam grandes riscos de disseminação do vírus.

Infelizmente, para os apreciadores do futebol, a possibilidade de assistir a grandes campeonatos ainda está distante. E para as empresas de comunicação, embora o debate promovido, muitas vezes com pouca responsabilidade por parte de alguns analistas, a criatividade, tão comum à área, terá que fazer frente a difícil realidade que vivemos neste início de século.

(*) Michael Almeida Di Giacomo é advogado, especialista em Direito Constitucional e Mestre em Direito na Fundação Escola Superior do Ministério Público. O autor também está no twitter: @giacomo15.

Observação do editor: a foto (sem autoria de terminada) que ilustra este artigo é uma reprodução da internet de uma obra da artista plástica Juliane Mercante. Para conferir o original, clique AQUI.

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2 Comentários

  1. Problema é o medo do passaralho nas equipes de jornalismo esportivo. Demite agora e no futuro recontrata-se com salario menor.
    Alas, na Argentina falam que algo como 60 times deixarão de existir.

  2. Hoje li que a FGF pensa em voltar com o Gauchão em julho, no auge do inverno… Acho difícil.

    Entreguem logo a taça ao Caxias.

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