COLUNA OBSERVATÓRIO. Schirmer teve um bom ano? Pode ser. Mas não o propalado pelo ufanismo oficial
Há o que contabilizar como positivo. E o Viaduto da Gare é bom exemplo. Mas sonegar problemas pode ser fatal
Na quarta-feira, a Coordenadoria de Comunicação Social da prefeitura produziu um texto, publicado no site oficial, de avaliação do Executivo em 2010. A linhas tantas, lê-se: “…A determinação do prefeito Cezar Schirmer em resolver questões pendentes, algumas tramitando há décadas, deram início a um novo momento na cidade rumo ao desenvolvimento e ao resgate da autoestima da população…”
Não é dado ao governante o direito de ser pessimista. Pelo contrário, o otimismo e a visão tão ampla quanto possível do futuro tem que ser regra pétrea do administrador. Especialmente se ele lidar com a coisa pública. Mais ainda quando está fisicamente próximo daqueles que o cobrarão, como é a situação específica de um prefeito.
No entanto, há sempre o risco do ufanismo. E este, sabe-se, não é exatamente bom conselheiro. Pode levar a tropeços apenas inexplicáveis na aparência. Quanto a Observatório, de um lado reconhece o esforço inaudito do prefeito para enfrentar problemas históricos da cidade. O que não é pouca coisa. E talvez até fosse suficiente.
Mais: acredita que o fato de ter concluído obras iniciadas em governos anteriores, afora obrigação institucional nem sempre cumprida por mandatários, é importante e deve ser enaltecido. Entre os feitos listados pelo texto oficial estão, para exemplificar, a conclusão do viaduto da Gare e a transferência dos trabalhadores informais para o Shopping Independência.
Mas, e isso não se pode exigir da Prefeitura, do jeito que a comunicação pública (em toooodos os níveis) se dá hoje, é a assunção transparente de problemas havidos na condução político-administrativa. E que talvez não permitissem o arroubo publicitário embutido no material publicado. Mas, para o contraponto, afinal, existe a imprensa independente.
Então, respeitosamente, a coluna cita dois casos de 2010 que, a juízo do repórter, simplesmente toldam qualquer tentativa de se acreditar que um ano bom (que pode ter sido) tenha sido perfeito (que, definitivamente, não foi).
1) Como se pode pensar em sucesso absoluto se até agora não há explicação alguma para o fato (sim, fato) de, por projetos “inconsistentes”, Santa Maria ter perdido R$ 65 milhões em recursos do PAC 2? E que levou, em última instância, a própria mudança na gestão do programa, pelo prefeito. Para se ter uma pálida idéia do que isso significa, o montante é metade do obtido, com projetos não-recusados, pelo ex-prefeito Valdeci Oliveira.
2) Se a autoestima do santa-mariense foi “resgatada”, como justificar (explicar sempre é possível) ao cidadão que Santiago, Júlio de Castilhos e São Sepé (que, somados, não chegam a um terço da população da boca do monte) já implantaram o SAMU – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. E que a boca do monte tem as ambulâncias e o equipamento há seis meses e, até aqui, nada feito?
Dito isto, louve-se o esforço do governante em sanar problemas e em buscar investimentos (a recuperadora de blindados alemã é um bom exemplo, e nem é o único, positivo). Mas não se tape o sol com a peneira. Há, sim, muito a ser feito. E o ufanismo pode se transformar em decepção para toda uma comunidade.
Talvez seja o caso de buscar a expressão cunhada pelo povo e dizer: – menos, prefeito, meeenos!
Acho que chegado o novo ano é hora de “virar o disco” e parar de falar nos tais 65 milhões. É falta de assunto? Certamente que sim. E ao Roberto, umas aulinhas de português não faz mal a ninguém. Há diferença entre mal e mau. Mau é ter que aturar comentários sem fundamento.
@roberto
Meu amigo quem está no comando é o Schirmer, se os projetos estavam bem elaborados ou não era ele quem tinha que fiscalizar, avaliar, corrigir, enfim ninguém elegeu ele para enfeite, então parem de buscar desculpas para incompetentes!
Ele é o culpado da cidade perder 65 milhões.
2011, ano de realizações? Todos esperamos com fé. Para iniciarmos o novo ano uma perguntinha básica: os técnicos da Prefeitura que elaboraram os projetos de 130 milhões de reais (está no 7º parágrafo do texto acima) buscados e conseguidos pela administração anterior são os mesmos técnicos que mau elaboraram e perderam 65 milhões? Pelo que consta, smj, são todos concursados, ou não? Alguém já havia pensado nisso? Até agora só falaram que a Prefeitura “deixou de” (o termo mais correto) amealhar 65 milhões de reais em repasse de recursos federais (falei bem?), mas ninguém falou quem elaborou mau, mas muito mau, os projetos. Um 2011 para lá de especial para todos nós.