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Bolsonaro e desprezo pela vida – por Paulo Pimenta

“Que venha a vacina! E que ela seja distribuída de forma universal pelo SUS!”

Na data em que o Reino Unido inicia a vacinação em massa contra a Covid-19, e que o Brasil ultrapassa os 178 mil mortos, com ao menos 17 estados com anúncio de alta no número de casos, o governo Bolsonaro,  por meio de seu general-ministro da Saúde, prefere manter o tema da imunização contra a Covid -19 no campo da disputa política.

Isso não deveria nos surpreender, pois desde que teve início a pandemia, no embate que travamos entre o coronavírus e a saúde pública no Brasil, o presidente da República não vacilou em nenhum momento: sempre esteve a favor do vírus.

Irresponsabilidade de Bolsonaro – Na disputa que trava com o governador de São Paulo, em todas as frentes, o conflito da hora é a tentativa de impedir que o governo paulista inicie a imunização da população no próximo mês de janeiro. Para isso se utiliza da Anvisa, dificultando a aprovação da chamada vacina CoronaVac, de origem chinesa, mas que está sendo produzida nacionalmente, pelo renomado Instituto Butantan.

Os acordos bilaterais assinados por Bolsonaro, além de não preverem a quantidade suficiente para imunizar mais de 50% da população, ainda tratam com prioridade a vacina AstraZeneca, cuja eficácia ficou em torno de 60% de imunização, enquanto a da Pfizer, já aprovada pelo Reino Unido, possui uma eficácia na casa de 95% e a CoronaVac de 98%.

É oportuno lembrar que no dia 21 de outubro, o capitão-presidente havia desautorizado seu ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, que anunciara a decisão do governo de comprar a CoronaVac, desenvolvida por uma parceria entre a empresa chinesa Sinovac e o Instituto Butantan.

Declaração de Bolsonaro:

“Não há intenção de comprar vacinas chinesas”. “Já mandei cancelar. O presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade. Até porque estaria comprando uma vacina que ninguém está interessado nela, a não ser nós. Não sei se o que está envolvido nisso tudo é o preço vultoso que vai se pagar por essa vacina para a China”. Desmoralizado, o ministro resumiu a humilhação pública numa frase: “é simples assim: um manda, o outro obedece”.

A convocação de Lula – Como uma voz que parece vir de um tempo e de um Brasil em que o governo cumpria suas obrigações e compromissos com a saúde pública, o ex-presidente Lula se manifestou: “é urgente e inadiável uma ampla mobilização nacional de cientistas, médicos e demais profissionais de saúde. De governadores, prefeitos, agentes da vigilância sanitária, pesquisadores, de técnicos da Fundação Oswaldo Cruz e do Instituto Butantan. Do Congresso Nacional, da imprensa e da sociedade como um todo. Não podemos permitir que a vacinação se transforme em uma guerra, como deseja Bolsonaro. Uma guerra contra o povo brasileiro, que será, sem dúvida, sua principal vítima”.

O governador do Maranhão, Flavio Dino (PCdoB), anunciou nesta terça-feira, 8 de dezembro, que ingressou com ação no Supremo Tribunal Federal com o objetivo de autorizar os estados a adquirirem diretamente de outros países vacinas contra o coronavírus, independentemente do Governo Federal e da autorização da Anvisa, mas com autorização de agências sanitárias internacionais.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, também nesta terça, anunciou ter feito contato com o Instituto Butantan e com o governo de São Paulo para a aquisição de doses da vacina CoronaVac, com o objetivo de atender, em um primeiro momento, profissionais da saúde.

As Bancadas do PT na Câmara dos Deputados e no Senado Federal têm defendido a garantia de vacina contra a Covid -19 de forma universal para a população brasileira.

Importação liberada de vacinas – Intensifica-se no Congresso Nacional o debate sobre a necessidade de liberação das importações de vacinas contra a Covid-19, independentemente da autorização da Anvisa. Na Câmara dos Deputados tramita o Projeto de Lei n° 5413/2020 de autoria dos Deputados Arlindo Chinaglia e Nilto Tatto, ambos do PT/SP, que garante a liberação das importações, desde que as vacinas já tenham sido autorizadas por pelo menos uma autoridade sanitária dos Estados Unidos, Reino Unido, Japão, União Europeia e Canadá.

A segunda onda da pandemia de Covid-19 já é uma realidade na Europa, nos Estados Unidos e parece ter aportado nos últimos dias aqui abaixo da linha do Equador. Alguns hospitais brasileiros já estão vivendo uma nova onda de lotação das UTIs com novos casos da doença, fruto de um relaxamento das medidas preventivas. Como se a pandemia estivesse vencida.

Governo negacionista – São Paulo, em 8 de dezembro, está com a lotação das UTIS na casa dos 63%, e o Rio Grande do Sul, desde domingo, vem apontando percentuais bem elevados, sendo que Porto Alegre e região metropolitana estão com a ocupação em torno de 90%.

Infelizmente, não é recomendável contar com a sensibilidade de um governo que desde o início da pandemia escolheu uma postura negacionista, aliando-se ao vírus.

Mais do que nunca é preciso se autoproteger, além de somarmos esforços na pressão ao governo do capitão, para que garanta vacinas seguras e eficazes para todos.

Que venha a vacina! E que ela seja distribuída de forma universal pelo SUS – Sistema Único de Saúde!

(*) Paulo Pimenta é Jornalista e Deputado Federal, presidente estadual do PT/RS e escreve no site às quartas-feiras.

Observação do editor: a foto (sem autoria determinada) que ilustra este artigo, foi distribuída pela Agência Brasil.

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