COMPORTAMENTO. Como curtir férias de verão, nesse momento em que o novo coronavírus recrudesce
Momento pandêmico tão conturbado e os planos possíveis para o descanso
Por Andriele Hoffmann da Cruz / Especial para o Site (*)
Com o Brasil ultrapassando a marca dos 172 mil vítimas da covid-19, enfrentando uma grave crise econômica e o crescente estresse que faz parte do dia-a-dia de muitas pessoas, as opiniões sobre o que fazer para descansar nas férias de verão se dividem: viajar ou curtir o momento de descanso em casa? Sair com medidas de segurança ou priorizar pelo isolamento social?
Independente da escolha, a psicóloga Ana Cláudia da Silva, de Santa Maria, alerta que o mais importante é descansar, reservar um tempo para relaxar a mente das preocupações diárias ligadas ao trabalho e/ou estudos. Trabalhar por longos períodos sem férias ou descanso é realidade de muitos brasileiros e, com a pandemia, este cenário acaba se tornando ainda mais grave devido ao fato de muitas pessoas estarem adiando as férias por saberem que não poderão viajar ou, pelo menos, que não é o recomendado pelos órgãos de saúde.
A profissional alerta que longos períodos de trabalho sem interrupção para descanso podem impactar na saúde mental, podendo ocasionar níveis elevados de estresse, desânimo e ansiedade. “Essas sintomatologias, se não tratadas, podem desencadear em casos graves de depressão”, afirma a psicóloga.
Bernardo Mayer Steckel, que trabalha no ramo de agronegócio juntamente com seu pai em Santa Maria – empresa que se manteve ativa na pandemia -, relata que apesar de ter saído apenas por necessidade nesses últimos nove meses, precisou trabalhar fora de casa e por isso não conseguiu seguir à risca o isolamento social.
Com a justificativa de que já estava se expondo ao vírus nos últimos meses, é que Bernardo optou por não abrir mão da tradicional viagem de férias que, desta vez, foi planejada para janeiro de 2021 com destino à Florianópolis. “Por mais que tenha Netflix e outros entretenimentos em casa, é preciso sair um pouco pelo bem da saúde mental”, conta Steckel.
Embora viajar nas férias seja hábito da família, desta vez não acontecerá como nos anos anteriores e o cuidado será constante: uso de máscaras de proteção, uso de álcool gel e distanciamento em locais públicos. Bernardo explica que, neste passeio, será prioridade apenas visitar locais sem aglomerações e restaurantes que respeitem o distanciamento entre as mesas e sigam um protocolo de segurança ao servir os clientes. “Segurança não temos, acho que segurança mesmo só com a vacina. Mas torcemos para que os nossos cuidados nos protejam”, salienta Steckel.
Nesse período de férias que está por vir, há quem escolha o descanso mais reservado, ou seja, com pouca exposição ao vírus. A jornalista e professora universitária de Santa Maria, Glaíse Palma, compreende a importância do descanso fora de casa para a saúde mental. “Isso ajuda a descansar a nossa mente, porque se a gente tira férias e fica só em casa, não é o mesmo descanso. Mudar o ambiente é muito importante”, afirma Glaíse.
Neste ano, em função da pandemia e do cenário instável, a professora optou por não planejar nenhuma viagem de turismo e, prezando também pela segurança, realizará nas férias passeios na cidade, como em um clube que é sócia – nos horários com pouca movimentação de pessoas, em ambientes na natureza ou até mesmo assistir filmes na companhia da família.
“Imagina numa praia, com muita gente, a gente não vai ficar confortável usando máscara. Como é que a gente vai conviver na areia, tomar um banho de mar, ir para um hotel? É difícil. É bastante exposição”, explica a professora. Glaíse afirma ainda que só fará viagens quando se sentir segura com relação à pandemia: quando diminuir o índice de contaminação e quando estiver imunizada pela vacina.
A Organização Mundial de Turismo (OMT) DIVULGOU em outubro deste ano uma queda de 70% nas viagens internacionais nos primeiros 8 meses de 2020 em comparação ao mesmo período do ano passado, devido a pandemia de covid-19. Entre janeiro e agosto, houve 700 milhões a menos de visitantes. A queda representa uma perda de US$ 730 bilhões ao setor.
(*) Andriele Hoffmann da Cruz é acadêmica de Jornalismo da Universidade Franciscana e faz seu “estágio supervisionado” no site
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