Claudemir Pereira

CORRUPÇÃO. Para Orlando Fonseca, a degradação moral do povo estabelece os limites de sua desgraça

“Quando se fala em termos de desgraça, não é fácil estabelecer os parâmetros. Parece que, quando se trata de felicidade, o ideal de paraíso é um emblema pronto, que permite a qualquer ser humano com capacidade média de entendimento ficar satisfeito. O contrário, ou seja, o baixo astral, a queda, o infortúnio, não tem um limite à altura. Até mesmo o inferno, que já teve seus dias, digamos, quentes, no temor generalizado da Idade Média, já não tem mais a força significativa que tinha. Aliás, os próprios representantes das potestades transcendentes – teólogos do Vaticano – já decidiram, academicamente, que o inferno, ao menos aquele que Dante descreveu, não existe. Não disseram, mas creio que devem dar razão a Sartre, de que “inferno são os outros”.

Mas o que eu queria dizer desde o início, pretensiosamente (para abordar coisas tão prosaicas de nossa conjuntura nacional), era que o fundo do poço no Brasil é algo relativo. Depois dos sete círculos dantescos, ainda há uma infinidade de puxadinhos abaixo do porão. Quando pensávamos que, em termos morais (nada a ver com o Poetinha) a classe política já havia experimentado de tudo, de imediato aparecem nos noticiários algo que nos deixa de queixo caído. Aliás, se isso pudesse ser tomado como referência, já teríamos uma geração inteira desqueixada…”

CLIQUE AQUI para ler a íntegra da crônica “De mala e cuia”, de Orlando Fonseca, e também para descobrir qual o livro o autor está lendo. Orlando é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura, PUC-RS, e Mestre em Literatura Brasileira, UFSM. Exerceu os cargos de Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e de Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados, foi cronista dos Jornais A Razão e Diário de Santa Maria. Tem vários prêmios literários, destaque para o Prêmio Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia, WS Editor; também finalista no Prêmio Açorianos, da Prefeitura de Porto Alegre, pelo mesmo livro, em 2002.

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10 Comentários

  1. Editor, agora está concluído e em ordem, peço para que exclua os dois primeiros meus que ficaram fora de ordem. Obrigado.

  2. 5. E nós, a minoria que “escapa” de seguir líderes, partidos, ideologias, que percebe essa moral relativa? Estamos atolados no tempo absoluto das coisas. Paramos no tempo. Nada funciona. Nada anda. Os partidos quadrilhas continuam aí. Vão se apresentar como “salvadores da nação” em 2018, como se nada tivesse acontecido. Os mesmos. Famintos por foro privilegiado. Somos a parte da sociedade sem esperança.

    Pena. Ajudaria muito a todos e a esse país que os seguidores dos partidos tivessem uma moral absoluta e coerente, assim já teriam fechado os próprios partidos. É bom fazer autorreflexão. Ao menos suavizaria a influência relativa moral dos vários blocos citados acima.

  3. 4. E não poderia deixar de citar o caso do comportamento relativo moral dos seguidores dos partidos ou ideologias. São como uma “faca afiada” para julgar a moral dos outros partidos e ideologias, mas “não mexam com a minha ideologia ou o meu partido”. Continuam votando e defendendo a gentalha dos corruptos dos partidos que são afins (mesmo que os seus líderes sejam corruptos julgados e condenados). Aliás, só os que delatam os próprios pecados são expulsos (não pode dedurar)… k k k … Uns seguidores batem no assunto do triplex, sítio, de um, mas não estão nem aí para as malas de dinheiro de outros. Também acontece o contrário. Uns falam da malas conhecidas, mas não do sítio, triplex do outro. Isso se chama ideologia, um mundo esquisito que relativiza tudo, até a moral.

  4. 3. Outro caso é deveras interessante. Qual é a moral existente numa outra parte da sociedade, que quando é perguntada sobre intenções de voto, em massa considerável, diz que vai votar num escrachado chefe de quadrilha? É até bizarro. A bolsa família “relativizou” a moral. A turma que votava no Maluf, o “rouba mas faz”, lembram dele?, não é a mesma turma que vota no Chapolin, mas a moral é a mesma. Relativa. O colunista foi de muita sorte nesse caso: ”a degradação moral do povo reflete a sua desgraça”. Imaginem essa parte da sociedade votando pela volta de um chefe de quadrilha e vencendo por uma minoria. Mereceríamos a desgraça que adviria daí com toda complicação jurídica com os nove processos correndo no STF e o Congresso votando mais um impeachment em paralelo? A moral relativa mandando na nossa desgraça.

  5. 2. Milhões foram às ruas para defenestrar do poder a dama de vermelho e os companheiros que viraram corruptos. Esses milhões fizeram bem. Era uma situação que doía na alma ver o poder tão corrompido e a grande piora econômica sem volta. Infelizmente a Constituição não obrigou que a chapa caísse (quando deveria), então ficou a outra metade das mesmas maracutaias. Mas os milhões que foram às ruas antes não mantiveram coerência, mesmo com a contínua exposição tão grave de crimes de corrupção dos atuais mandantes. Motivo? Moral relativa. A economia que melhora um pouco e o grande medo da possibilidade da volta do Chapolin para enterrar de vez o país fizeram com que “desaparecesse” a vontade de defenestrar do poder o atual mandante. Mas aposto que esses milhões não teriam se mexido se a dama de vermelho não fosse tão incompetente e quebrado o país.

  6. Então se perderam. Lá vai o 1º da sequência. Com certeza você, editor, pode editar a hora do post e poderá colocar na frente dos outros (se o portal é um gerenciador de conteúdo tradicional).

    1. A questão da moral da sociedade é tema recorrente nos meus pensamentos. O texto, mesmo “requentado” pelo colunista de uma anterior dele, tem razão no seu questionamento cerne: que moral tupiniquim é essa, tão relativa quanto o tempo é, para Einstein?

    Vejamos alguns casos.

  7. Cadê os três primeiros posts, editor? É uma sequência, só aparecem os dois finais.

    NOTA DO SITE: todos os comentários feitos foram publicados. Sem exceção.

  8. E nós, a minoria que “escapa” de seguir líderes, partidos, ideologias, que percebe essa moral relativa? Estamos atolados no tempo absoluto das coisas. Paramos no tempo. Nada funciona. Nada anda. Os partidos quadrilhas continuam aí. Vão se apresentar como “salvadores da nação” em 2018, como se nada tivesse acontecido. Os mesmos. Famintos por foro privilegiado. Somos a parte da sociedade sem esperança.

    Pena. Ajudaria muito a todos, a esse país, que os seguidores de partidos tivessem uma moral absoluta e coerente, assim já teriam fechado os próprios partidos.

  9. E não poderia deixar de citar o caso do comportamento relativo moral dos seguidores dos partidos ou ideologias. São como uma “faca afiada” para julgar a moral dos outros partidos e ideologias, mas “não mexam com a minha ideologia ou partido”. Continuam votando e defendendo a gentalha dos corruptos dos partidos que são afins (mesmo que os seus líderes sejam corruptos confessos). Aliás, os confessos são expulsos dos partidos… k k k … Uns seguidores batem no assunto do triplex, sítio, de um, mas não estão nem aí para as malas de dinheiro de outros. Também acontece o contrário. Uns falam da malas conhecidas, mas não do sítio, triplex do outro. Isso se chama ideologia, um mundo esquisito que relativiza tudo, até a moral.

  10. Sete círculos dantescos que na realidade são nove. Quem quiser falar na Divina Comédia é bom ler antes. Alás, depois do nono círculo sobem nas barbas do capeta e acabam em outro lugar.

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