OBSERVATÓRIO. O problema aumenta de tamanho quando o fígado ganha espaço e substitui o cérebro
Diz-se, e é verdade, que a política não pode ser feita com o sangue quente da vingança. Afinal, é disputa. E não guerra fraticida. Os protagonistas do espetáculo democrático podem e devem tratar-se com respeito. São adversários, não inimigos.
Bueno, isso é a teoria. Nos últimos 15 anos, no entanto, na Santa Maria da boca do monte, não foram poucas as vezes em que o que se viu, no parlamento, foi qualquer coisa, exceto política.
Nos dois mandatos de Valdeci Oliveira, por exemplo, se via, bem antes de qualquer debate, constantes rixas, provocadas pela oposição (agressiva) de então. Era a tentativa de aniquilação, não de disputa política.
No primeiro período de Cezar Schirmer, este “passou por cima” do parlamento. De um lado, maioria acachapante. De outro, oposição fraquíssima (para ser bondoso), tanto no argumento quanto na ação, com raríssimas exceções, adepta mais do fisiologismo do que qualquer outra coisa.
Agora, se anuncia uma oposição animada e aguerrida, embora minoritária. E a novidade: quem briga é o governismo, decidido a escantear um aliado. Sobretudo o PMDB (mas também PP e DEM), quer ver o PDT de Marcelo Bisogno pelas costas. É fato.
A causa: a ocupação do parlamento por ativistas e familiares das vítimas da Kiss. O desdobramento: desconforto da maior parte dos governistas com a decisão de negociar de Bisogno a aceitação, por este, da demissão do Procurador Robson Zinn. Que é o presidente do maior partido.
O que vai acontecer? Ninguém sabe. Mas de novo o fígado está tomando o lugar do cérebro. Quando isso ocorre, o resultado não é bom. Ah, não é.
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