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Isis, Psiquê, Eros, Prometeu e Isadora – por Luiz Carlos Nascimento da Rosa

Como havia prometido para minha amiguinha Isadora que lhe escreveria um texto ou um poema fui bater nas portas de meus livros de Mitologia.

Algo me dizia que o nome da Isadora tinha alguma ligação com as divindades pagãs. Gostei tanto que resolvi passar o final de semana saboreando o conteúdo destes meus livros.

Ao ler um conjunto de divindades fui obrigado a trazer seus ensinamentos para o contexto de nossa realidade atual. Uma bela desculpa para quem gosta de escrever e pensa sobre as questões que dizem respeito às condições do ser humano com seu mundo material e social.

Como eu previa o nome de minha amiguinha Isadora possui relação com a deusa Egípcia Isis. Isis é a deusa da fertilidade e maternidade. Deusa protetora da natureza e da magia.

Deusa da simplicidade e das crianças. Alem de representar a ideia de mãe ideal, Isis era considerada amiga dos escravos, pescadores, artesãos e dos oprimidos. Para quem tem um pensamento social que maravilhosa deusa.

Isadora, derivativamente, é considerada como a dádiva de Isis. E o nome de minha amiguinha carreia em seu conteúdo os grandes valores humanos tais como: generosidade, cortesia, influência e companheirismo. Saltou-me aos olhos e fiquei feliz que Isadora tenha a ver com companheirismo e generosidade, valores humanos que andam escassos em nossa vida social contemporânea.

Os processos de individuação que a ideologia capitalista tem imposto para as pessoas estão gerando seres humano, assim como Narciso, presos a vaidades e tornando rarefeita a presença da generosidade da minha lindinha Isadora.

Estes valores apreendidos em Isis e Isadora e o oposto, em Narciso, catalisaram minha busca das figuras mitológicas de Eros, Psiquê e Prometeu. Eros, na mitologia grega, é o deus do amor. As lindas e alvas asas de Eros têm sobrevoado pouco pelo nosso mundo e, sua flecha do amor tem atingido pouca gente.

Na verdade estamos sentindo certa vergonha de amar. Parece-me que, hoje em dia, é démodé e piegas colocar oferendas no oráculo de Eros e ser um adepto do ato de amar. Psiquê na mitologia grega representa a alma humana, a juventude e a alegria. Este é outro grande problema desta vida egoísta que levamos.

Nossa Psiquê, isto é, nossa alma anda meio avessa à alegria e esvaziada de conteúdo amoroso. Eros rompeu com todos os desígnios dos deuses para desenvolver seu amor e ficar com sua amada Psiquê. Vênus, mãe de Eros, por inveja da beleza de Psiquê, uma mísera mortal, pede para seu filho impor seus desígnios e impõe um castigo para a linda Psiquê. A procura do seu eterno amor, Psiquê, pegou o Caronte, o barqueiro que lava os vivos para o mundo escuro da morte, mundo de Hades.

Transgredindo a ordem de sua mãe Vênus, o irrequieto, Eros se apaixona pela beldade. Depois de muito sofrimento e provas Psiquê e Eros possuem uma filha chamada Prazer. A fala de Eros para Psiquê é totalmente humana e sintomática: duvidas de meu amor? Tem algum desejo que não lhe foi atendido? Tudo que te peço é que me ames. Prefiro que me ames como um igual a me adorares como um deus” Eros em sua radicalidade amorosa vai mais longe e diz: Amor e desconfiança não podem conviver sob o mesmo teto.

Depois de minhas leituras sobre Isis, Narciso, Psiquê e Eros fui parar nos capítulos que descreviam o grande Titã Prometeu. O orgulhoso, Japeto, pai de Prometeu não cansava de dizer: este Prometeu promete!  Prometeu  era amante das artes. A escultura se vazia, desde criança, sua brincadeira preferida.

Ao saber disso Zeus ordenou que ele produzisse um ser com muitos atributos dos deuses. Como um primoroso artista gerou através de seu barro o homem. No olimpo sua obra é tão consagrada que tem status e uma nova forma de vida. Prometeu pagou por ter produzido uma obra prima! O Frio durante o escuro da noite se transformara em um martírio para o homem na terra. Preocupado com o sofrimento que vinha passando sua criação, Prometeu roubou o fogo sagrado de Apolo e trouxe para aquecer suas criaturas.

Zeus indignado com sua irreverência fez seu desígnio: acorrentou Prometeu no monte Parnaso e criou um enorme abutre para comer todo dia seu fígado. Prometeu não se rende as ordens de Zeus! Hércules mata o abutre e tira Prometeu de seu castigo. Prometeu diz para Hercules tirar um pedaço da pedra e das correntes que estava amarrado e assim fizesse um anel. Prometeu ficou preso aos desígnios de Zeus, mas sabotou sua verdade.

Neste contexto mitológico Prometeu se transformou no amigo da humanidade. Prometeu virou o significado da resistência humana. Dois grandes ensinamentos morais podem ser extraídos da figura mitológica de Prometeu: nunca devemos ceder diante de ameaças e indecorosas ofertas e que o ser humano nunca deve se curvar à prepotência de ninguém.

Entre a generosidade da Isadora e da deusa Isis e seu amor pelos  oprimidos, e a Elegância de Prometeu e seu sofrimento pela causa humana, eu fico com os dois. Viva a Isadora, viva a Deusa Isis, viva Eros, Psiquê e viva o amor e a generosidade.

Como diz Thomas Bulfinch: se considerarmos que os únicos ramos do conhecimento são aqueles que concorrem para o aumento de nosso patrimônio material ou nosso status social, então a mitologia não pode ser apresentada nessa categoria. Mas se há utilidade naquilo que nos faz melhores e felizes, então poderíamos reclamar essa classificação para o assunto dessa obra. Pois a mitologia é a camareira da Literatura; e a literatura é uma das melhores aliadas da virtude e da promoção da felicidade.

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