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O Sistema 3As – Aviso, Alerta, Ação – por Michael Almeida Di Giacomo

O articulista e o novo sistema de monitoramento da Covid no Rio Grande

Após intensa pressão política por parte dos gestores públicos municipais, de lideranças empresarias, entre outros segmentos, para que no Rio Grande do Sul houvesse menos restrições nas atividades econômicas, o governador Eduardo Leite decretou o fim do Sistema de Distanciamento Controlado e implantou um novo modelo, o Sistema de Monitoramento.

Agora, a atuação deixou de ser centralizada no âmbito estadual para dar lugar ao que foi denominado “permanente cooperação entre os municípios”. Desse modo, os entes municipais, por meio das suas Associações Regionais, têm maior autonomia para determinar quais restrições devem ser adotadas.

O que realmente não mudou foi a atitude das pessoas, pois uma grande parcela pensa e age como se toda a população já estivesse vacinada e podemos voltar a ter uma vida normal. Por isso, quando o governo dispara o “A”, de Aviso, ou de “Alerta”, acredito, pouco efeito causa no imaginário das pessoas.

É possível notar a falta de consciência dos que continuam a promover aglomerações e festas em residências, a não se importar se o ambiente público ultrapassa o limite máximo de pessoas por m², em rodas de conversas a compartilhar chimarrão. Enfim, todo o tipo de irresponsabilidade.

Nas regiões em que o sinal de Alerta já foi acionado, as providências de alguns gestores ainda são brandas. Aliado ao lento processo de vacinação e o início dos dias mais frios, está formado o contexto para confirmar a previsão de agravamento da pandemia na região Sul, feita há poucos dias pela Fiocruz.

Um outro fator a colaborar com a difícil situação, que pode ser visto como um grande paradoxo, é que muitos empresários – que lutam com veemência contra a restrição de suas atividades – não respeitam os protocolos sanitários em seus estabelecimentos.

É bem comum, e eu já vivenciei esse tipo de situação, que nos ambientes estejam sendo atendidas mais pessoas do que o máximo estipulado pela vigilância sanitária. A higienização dos locais também é outra ação que está sendo deixada de lado. E, na estação do frio, a ventilação nos ambientes também não está sendo respeitada.

Um exemplo? Tenho mais de um.

Em Santa Maria, os Supermercados Carrefour e Beltrame têm funcionários, logo na entrada dos seus estabelecimentos, a medir a temperatura, a higienizar o carrinho ou a cesta de compras na frente do cliente e a dispor álcool gel direto na mão das pessoas.

Já nos Supermercados Copetti (Matriz), Hipo e Célio Supermercados, há somente a disposição um recipiente com álcool gel, sem o menor controle se as pessoas fazem uso ou não, bem como se o ambiente já atendeu a lotação máxima, se alguém com febre entrou na loja, com pouca atenção a higiene dos carrinhos ou cestas de compras.

Bem, é todo um conjunto de atitudes que acabam por afetar qualquer possível iniciativa eficaz – quando há – por parte dos governos. 

Parece que a preocupação com a crise sanitária só surge, infelizmente, quando alguém próximo é contaminado. É a partir da dor de um parente, um amigo, um conhecido, que muitos passam a ter noção da gravidade da situação.

Não deveria ser assim. Deveríamos ser mais responsáveis com o nosso bem-estar, nossa saúde e daqueles que convivemos em sociedade.

(*) Michael Almeida Di Giacomo é advogado, especialista em Direito Constitucional e Mestre em Direito na Fundação Escola Superior do Ministério Público. O autor também está no twitter: @giacomo15.

Observação do Editor: a imagem que ilustra este artigo é uma foto de João Alves, da Assessoria de Imprensa da Prefeitura Municipal e, no original, ela pode ser vista AQUI.

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Um Comentário

  1. Pressão politica faz parte do regime democrático.
    Letras do sistema, não sei do imaginário, não tem ‘força’. Grande maioria da população raciocina por analogias. Cores do semáforo, bandeiras na praia. Cores dizem mais. Porém não são para direcionadas para a população e sim para os prefeitos. É mais uma jogada Poncio Pilatos do que qualquer coisa.
    Falta de consciencia é expressão que particularmente não me agrada. Até porque o risco de pegar a doença para alguns é até um atrativo a mais.
    Demais observações não são ‘defeitos’, são caracteristicas. Coisas que fazem o Brasil o que é.
    Pelo que observei preocupação com a crise sanitária é, para os atingidos, temporária. Majoritariamente a esquerda é que não descansa do assunto. Passam a vida dizendo para os outros o que deveriam fazer, o que deveriam pensar. Têm o bichinho da ‘stasi’ la dentro. Acham que são moralmente superiores e palmatória do mundo. Quem não encaixa na visão preconizada é um ser ‘defeituoso’, ‘desumano’, ‘inconsciente’. Resumo, uma visão religiosa. Positivo, vermelhinhos terão muitas decepções (ao menos da boca para fora) e as idéias maravilhosas que vendem sempre darão com os burros n’água.
    Não deveria se assim mesmo. Eu deveria ter uns 100 bilhões no banco, lancha, iate, carros de luxo e um harém de angels da Victória’s Secret. Fazer o quê?

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